Garimpo NETFLIX
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
O Garimpo MetaFictions dessa semana vai do 8 ao 80. Começamos com uma obra de grande tensão, apocalíptica e com atuações de atores que hoje estrelam séries como “Westworld” e “The Handmaid’s Tale”, passamos para uma comédia com um dos gênios da sátira nos dias atuais em um dos seus melhores longas e chegamos a outra comédia já quase clássica, estrelada por um ator que, se atualmente só faz desgraceira (à exceção de seu especial de stand-up da própria Netflix recentemente lançado), protagonizou algumas das mais antológicas comédias de besteirol do Cinema, tal como essa aqui.
Esperamos que curtam e comentem sobre o que acharam dos longas.
– No Escuro da Floresta (Into the Forest ), de 2015, dirigido por Patricia Rozema.
No Escuro da Floresta é um dos melhores filmes sobre apocalipse – que costuma ser um temática bem aceita pelo grande público – a passar completamente despercebido. Nele acompanhamos Nell (Ellen Page), Eva (Evan Rachel Wood) e Robert (Callum Keith Rennie), filhas e pai, num futuro não muito distante quando ocorre um apagão elétrico na costa oeste dos EUA, deixando 300 milhões sem luz. Vivendo em uma casa na floresta – como o nome já indica – eles gozam de relativa segurança, mas, conforme os dias passam e aumenta a percepção que isso não parece algo que vai se resolver rapidamente, começam a surgir problemas.
Em fevereiro desse ano, durante uma da chuvas mais destruidoras que presenciei, uma árvore caiu perto da minha casa, levando toda a fiação elétrica. Por todos os bairros vizinhos o cenário era igual. Foram 7 dias que eu fiquei sem energia, água, combustível e alimentos frescos. Nesses momentos a civilidade também começa a faltar, mostrando quão humanitários nós somos quando a corda aperta.
Esse é um cenário explorado pelo longa muito sutilmente e que lembra um tanto o ótimo “Ao Cair da Noite“, filme de qual o MetaFictions é uma putinha.
– O Ditador (The Dictator), de 2012, dirigido por Larry Charles.
Sacha Baron Cohen é um dos gênios atuais da comédia na minha humilde opinião (confira o vídeo abaixo). Muitos dos seus personagens são criados meticulosamente para tirar o máximo que uma sátira permite, coisa que ele faz com maestria. Esse é o caso de Aladeen, proeminente ditador de uma nação fictícia que lembra algum “quistão” da vida. Caso você esteja familiarizado com as ditaduras derrubadas durante a Primavera Árabe, com Saddam Hussein ou qualquer outro(a) que concentre um poder absoluto nas mãos de um indivíduo, você perceberá para onde o longa ruma.
Em uma visita aos EUA, Aladeen perde o seu status de chefe de Estado, passando a viver como um imigrante em Nova Iorque. Na sua tentativa de recuperar seu poder, ele vai adentrando o cotidiano num país democrático, com a sua misoginia, machismo e discurso autoritário servindo de plataforma para uma crítica aos valores morais e políticos ocidentais que, com certa frequência, vemos como superiores aos do oriente médio. Em uma das cenas finais, num discurso, o longa enche a nossa cara com um tapa tão violento quanto necessário, mostrando o poder de uma sátira.
– O Rei da Água (The Waterboy), de 1998, dirigido por Frank Coraci
Lá se vão 20 anos da época de ouro de Adam Sandler. Além de me sentir velho, já que assisti ao longa na HBO aos 15 anos no intervalo de atividades tenras e próprias da idade, vemos como a comédia evoluiu nessas 2 décadas. Mesmo sendo execrado pela crítica à época, temos aqui ótimos elementos que compõem uma obra que até hoje me escangalho de rir. Em 1o lugar, caso você curta futebol americano, sua experiência será muito mais enriquecedora. A grande jogada do longa foi colocar o personagem de Adam, um garoto que serve água aos atletas, numa posição muito específica no time, exercendo uma função vital dentro das partidas. Fazendo uma comparação meio tosca com o nosso futebol, ele seria aquele volante porradeiro que desarma o ataque adversário. O filme mostra também os meandros sociais do sudeste dos EUA, uma região pantanosa, quente, com fortes movimentos supremacistas, rednecks e uma população pobre e negra.
E é no meio desse contexto que Bobby Boucher (Adam Sandler), uma pessoa com alguma deficiência intelectual, sem muitas habilidades sociais e extremamente protegido por sua mãe, Mama Boucher (Kathy Bates), passa a compor o time da universidade local, obrigando-o a cursar uma carreira também (protagonizando excelentes cenas de choque entre a cultura do povão e a acadêmica). Não se deixe levar pelas recentes bombas desse ator que outrora foi referência na comédia. Confira Waterboy!
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