Crítica: Dragon Ball Super: Broly
Eu sou um apaixonado por Dragon Ball desde quando o Z passava no final dos anos 90 no Cartoon Network, acompanhando também o Dragon Ball clássico no SBT. Eram horas e horas procurando notícias em revistas (sim, sou velho), conversando com aquele seu amigo rico que tinha internet em casa que era capaz de carregar uma foto em apenas 2 minutos e que buscava informação sobre o anime para spoilar minha diversão, além, claro, de colecionar a porra toda que era lançada nas principais redes de brinquedos.
Após o final de Dragon Ball GT – que mesmo sendo ruim contava com uma abertura maravilhosa e teve um último episódio de destruir a cavidade torácica – caímos em um grande hiato até a sua sequência, Dragon Ball Super, a cujo universo este filme pertence. Vamos deixar logo claro aqui que eu não acho o DBS uma boa entrada na franquia, estando MUITO abaixo do DB clássico e do DBZ, embora ainda tenha conseguido entregar excelentes momentos. Tendo em seu arco final o Torneio do Poder (aliás, confira Dragon Ball Super: Ranking dos 10 Lutadores do 7o Universo), DBS deixou em aberto as possibilidades do que poderíamos receber como continuação considerando que Freeza estava revivido e estava revivendo seu império. Eis que pegando esse gancho, Dragon Ball Super: Broly busca introduzir esse icônico personagem em uma nova cronologia.
Temos um filme nitidamente dividido em 3 partes. A primeira focando na história que todos nós já conhecemos, mas com uma nova perspectiva, de Goku, Vegeta e Broly ainda nas incubadoras tendo seus destinos decididos por seus pais. A segunda parte é situada no presente, com Freeza remontando seu exército e encontrando Broly em um planeta inóspito junto ao seu pai, Paragas. E a terceira parte, óbvio, é só a pancadaria.
Essa não é uma animação para iniciantes na franquia, então se você acha que Kakaroto e Goku são personagens diferentes (e acredite, eu vi gente dentro do cinema que achava isso) passe muito longe dessa obra. Contudo, ele é um verdadeiro deleite em sua 1a parte para aqueles fãs de longa data. Personagens marcantes que há quase 20 anos não via deram as caras e tiraram lágrimas de quem vos escreve, mesmo que alguns deles nada tenham falado. Dodoria, Zarbon, as forças especiais Ginyu, Bardock, Nappa, Raditz, Gine, Rei Cold, dentre outros, fazem desse primeiro terço algo a ser eternizado nos anais da história de Dragon Ball.
Porém, em sua parte central, temos uma trama que já não é tão cativante ou que faz tanto sentido. Sem querer contar demais sobre como Broly acaba na Terra, posso dizer que o anime utiliza de mecanismos preguiçosos e desculpinhas por parte do Freeza que essencialmente eu poderia resumir com um simples “porque eu quis.” Infelizmente isso arruína os novos personagens apresentados – que são centrais para o filme se desenvolver – e torna o confronto contra Broly muito raso e superficial.
Já a luta foi do 8 ao 80. São essencialmente 5 combates diferentes envolvendo Goku, Vegeta, Broly, Freeza e Gogeta, cada um deles com seu ritmo e propostas diferentes. Sendo bem honesto, que merda que foi essa parte. Com a exceção do Freeza sendo sodomizado violentamente (como visto no trailer) e a luta do Vegeta, que foi uma das mais espetaculares de toda a franquia, parecia que eu estava vendo algo em looping. Broly levava uns cascudos, ficava puto, gritava pra caralho, crescia que nem o Hulk (inclusive ganhando tons de verde lentamente em seu ki), batia em seus adversários que voltavam a elevar o poder luta e davam mais porrada no Broly, recomeçando assim o ciclo. Foi muito cansativo e com pouco tempo de tela, já tinha dado no saco.
Associado a essa parte final, muitos fan service acabaram por dar uma leve atrapalhada no ritmo, como por exemplo fusões metamoru dando errado e Piccolo novamente pagando de instrutor de técnicas de combate (como na saga do Goku Black do Super). Isso sem aprofundar em outros pequenos fatores que foram desgastando a qualidade da película, como a animação 3D inexplicável que vários animes resolvem adotar no meio de um trabalho 2D. NUNCA fica bom e esse é mais um exemplo claro disso, mesmo reconhecendo que foi o efeito 3D melhor concebido até a data nesse formato de mídia.
Respire fundo caro otaku. O vespeiro criado por DBS com a incoerência dos poderes de luta também está presente no longa, mas até dá para ignorar caso você considere que o Broly é algo sobrenatural. Já aquele final não é tão ignorável assim, sendo um dos finais mais anti-climáticos nos filmes de Dragon Ball. Era óbvio que terminaria com os personagens que chegaram vivos até subirem os créditos? Sim. Mas aqui não há qualquer evolução palpável de nenhuma as partes e pareceu mesmo que o objetivo da Toei era vender brinquedo do Broly e deixá-lo disponível para uma nova entrada na franquia (Kale chora).
Como um todo, apresentando Broly a nova geração em um contexto pós Torneio do Poder, o novo filme de Dragon Ball Super consegue captar a essência da franquia. Temos uma história emotiva, um vilão consagrado e cenas de lutas de tirar o fôlego, mas também temos tropeços em sua execução e que transformaram algo que poderia ser excepcionalmente maravilhoso em algo apenas bom.
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