Crítica: Máquinas Mortais (Mortal Engines)

Máquinas Mortais muito provavelmente será a maior flopada de 2018 (lembrando que ele foi lançado nos EUA em 14/12), mal conseguindo recuperar 50% de todo orçamento de produção e marketing segundo os últimos levantamentos. Ao que se deve esse fracasso retumbante nas bilheterias de todo mundo, especialmente nos EUA? Como uma obra que custa muitos milhões de dólares pode errar tão grotescamente? Foi uma questão de direcionamento ou de má execução?

Embora alguns especialistas apontem para a época de lançamento, perto do Natal, concorrendo com longas condizentes com o feriado, há de se reconhecer que para um projeto faraônico como esse algumas precauções precisam ser tomadas. Um dos chamarizes para produzir um blockbusters – talvez um dos mais relevantes – é a contratação de uma estrela de peso, que arraste um público interessado pela sua filmografia, assim como aquele cidadão que tá a fim de ver algo e reconhece o rosto do dito cuja no poster. No elenco do longa, o nome de maior destaque é de Hugo Weaving, que interpreta o antagonista Thaddeus Valentine. Caso você esteja com dificuldade de ligar o nome a pessoa, ele é o agente Smith de “Matrix”, a voz de V em “V de Vingança” e Elrond em “O Senhor dos Anéis”. Mesmo sendo um bom ator, ele carece da grandeza hollywoodiana dos gigantes que arrastam multidões, como Tom Cruise e Jennifer Lawrence. Aliás, quando um dos atrativos do trailer é dizer que é dos mesmos criadores/produtores de “O Hobbit” – que já não é uma boa trilogia -, usando o nome de Peter Jackson mais do que o do próprio diretor do longa, é para acender uma luz amarela foda.

Errando em quase todos os departamentos, salvo o de efeitos visuais, temos um filme confuso, com personagens descartáveis, alguns diálogos constrangedores, um roteiro forçado ao extremo  e que apresenta eventos muito elaborados e específicos ocorrendo exatamente na ordem e hora correta – o que pra mim é um corta-tesão muito grande – e sem qualquer senso de urgência quanto à ameaça a ser resolvida.

Essencialmente acompanhamos Hester Shaw (Hera Hilmar), em sua vendeta contra Thaddeus Valentine, que muitos anos antes havia provocado a morte de sua mãe, o que a levou a ser criada por uma espécie de monstro de Franksentein chamado Shrike (Stephen Lang) no ano 3000 e uns quebrados. Após ter seu 1o encontro com Thaddeus na cidade ambulante de Londres, ela passa a conhecer melhor seu passado após ser resgatada de uma situação envolvendo Shrike, que é meio um antagonista também, por Anna Fang (Jihae). Desse ponto em diante é uma montanha-russa de casualidades e cenas de ação sem propósitos em uma película que se arrasta por 2h.

Um dos elementos mais interessantes da obra, que são as cidades ambulantes, não carrega qualquer explicação plausível, uma vez que também existem cidades estacionárias, como as que você vive. Inclusive a questão da falta de recursos – uma das justificativas para as cidades se locomoverem – joga tanto contra a premissa, considerando o que é necessário para fazer uma cidade se mover, que eu torcia ou para acabar logo esse sofrimento ou para cair do céu alguma revelação ou motivo escuso para as cidades motorizadas existirem, dando um mínimo de dignidade ao longa. Isso sem mencionar a rivalidade entre ocidente (motorizado) e oriente (estacionário), que culmina na disputa por uma única passagem para o leste europeu. Se em 1500 já dava pra circum-navegar o globo de barco feito a madeira, qual a dificuldade de fazer isso motorizado?

Infelizmente, juntando uma sucessão de equívocos, Máquinas Mortais é somente uma concepção visual sem qualquer substância. Não temos um protagonista para quem valha a pena torcer, o enredo é genérico e nada plausível, além de não apresentar sequer boas cenas de ação. Realmente… de fato é dos mesmo produtores de “O Hobbit”.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.