Garimpo Netflix: Sci Fi 3

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Seguindo na mesma toada dos Garimpos Netflix: Sci Fi anteriores, venho aqui hoje apresentar 3 obras bem diferentes entre si, oriundas de 3 escolas diferentes do audiovisual e que vai desde o hard sci fi até a ficção científica de monstro, passando ainda por um filme que tem por objetivo arregaçar a sua mente de tão maluco que é. Não por acaso, dois dos filmes indicados hoje aqui são de diretores cujas obras já foram apresentadas nos garimpos de ficção científica anteriores.

Fiquem com as indicações desta semana e não deixem de conferir os garimpos anteriores que trataram deste gênero: Garimpo Netflix: Sci Fi e Garimpo Netflix: Sci Fi 2. Divirtam-se!


– O Lagosta (The Lobster), de 2015, dirigido por Yorgos Lanthimos

Começamos nosso giro pelo mundo com este filme independente do Reino Unido, ainda que dirigido por um grego (Yorgos Lanthimos do excelente O Sacrifício do Cervo Sagrado, indicado em nosso Garimpo Amazon Prime) que, apesar do orçamento baixo, contou com nomes famosos como Rachel Weisz e Colin Farrell, ambos em estado de graça em seus papéis. No roteiro original do também diretor Yorgos Lanthimos, estamos em um futuro distópico não muito distante em que as pessoas solteiras são obrigadas a passar 45 dias no “Hotel”, onde deverão então encontrar um par ou ser transformadas em um animal de sua escolha e liberados na natureza. Não por acaso, o animal que o David de Colin Farrel escolhe é a lagosta do título.

Partindo dessa premissa absurda para fazer uma velada, porém ensurdecedora, crítica aos relacionamentos, satirizando-os quase que de forma a torná-los inexistentes, Lanthimos apresenta um filme propositalmente estéril e sem emoção, acertando em cheio no tom deste conto que lida com os extremos em uma sociedade atual em que as pessoas tanto se apegam ao polos.
– O Hospedeiro (Gwoemul), de 2006, dirigido por Bong Joon Ho

Como já dito em outro Garimpo Sci Fi, Joon-Ho Bong (ou Bong Joon Ho) é o segundo melhor diretor a sair da Coreia do Sul. Atrás apenas do já mitológico Park Chan-Wook em minha opinião, ele é responsável por filmes como o já indicado “O Expresso do Amanhã“, “Okja” e, principalmente, por este simplesmente espetacular O Hospedeiro. Trata-se de um filme tão maravilhoso que até mesmo entrou em nosso Top 10 – Filmes de Monstro, mesmo sem ter sido assistido por todos os votantes.

Fazendo um misto de suspense, terror e comédia de humor negro, O Hospedeiro conta a história de uma família esquisita, que sai em busca de seu membro mais jovem, a menina que foi levada pelo monstro criado a partir do mortal binômio engenhosidade – idiotice humana. Apresentando uma profundidade dramática sem igual em qualquer filme de monstro, a obra é tensa e cheia de camadas, conseguindo entreter com sua mais que competente camada de ação e aventura, ao mesmo tempo que faz pensar com todo o restante. É, em minha humilde opinião, um filme obrigatório e das melhores coisas disponíveis na plataforma
– Os Parecidos (Los Parecidos), de 2015, dirigido por Isaac Ezban

Eu queria antes de mais nada pedir a todos paciência e possivelmente perdão por indicar este filme. Trata-se de um filme mexicano, de baixíssimo orçamento, propositalmente filmado como que em baixa resolução, com atuações toscas, cenários que parecem realmente terem sido surrupiados do Chaves e alguns diálogos inacreditáveis. Agora respira fundo e confia em mim. Mesmo com todas essas limitações, praticamente todas causadas pela falta de verbas, temos aqui um filme de um roteiro que eu não consigo classificar como qualquer outra coisa que não genial, apesar de que certamente vá entender quem o classificar como uma besteira sem sentido. Assim como fizera em seu filme anterior, indicado aqui no último Garimpo Sci Fi, Ezban mais uma vez apresenta uma obra que vem para foder com a nossa cabeça.

Mesmo com todos os seus defeitos, Os Parecidos é prova viva de que para fazer cinema não se precisa de mais nada além de raça e criatividade. E, puta que o pariu, Ezban tem ambos de sobra. Nesta obra completamente despirocada, uma meia dúzia de estranhos se encontra em uma espécie de rodoviária mexicana deserta no ano de 1968 enquanto um dilúvio castiga todo o país. Eu simplesmente não posso falar mais nada, além de que o título Os Parecidos vai fazer total sentido e sua cabeça provavelmente vai ficar dando voltas e mais voltas tentando entender como que você achou foda uma coisa assim tão aparentemente merda.

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