Crítica: Close
Noomi Rapace (essa sueca-latina) é uma das atrizes de quem mais gosto. Seus olhos guardam uma expressão misteriosa. Suas feições e corpo trazem força aos personagens. Sua atuação é sempre muito marcante. Foi o principal motivo que me levou a assistir Close, lançado hoje pela Netflix: sua presença como protagonista. Um filme de ação no qual ela interpreta uma guarda-costas com experiência contra-terrorismo. Parece-me muito nítido que o trabalho em “Millennium” foi o responsável por mostrar ao mundo que ela pode, com energia, ser uma mulher porradeira no melhor estilo Jason Statham. Mas será que essa nova obra buscaria inspiração também na construção profunda daquela personagem?
Após receberem como herança uma mineradora bilionária, a madrasta Rima Hassine (Indira Varma) e a filha Zoe (Sophie Nélisse) são obrigadas a conviver com suas diferenças enquanto a empresa fecha um contrato gigantesco. Devido aos perigos que famílias assim tão abastadas podem sofrer, pelo sem-número de ameaças que vemos diariamente, Sam (a maravilhosa Noomi Rapace) é contratada para garantir a segurança da menina por um par de dias, já que o guarda-costas anterior gostava de se divertir intimamente com a jovem rica. Mas na noite da véspera da conclusão do trabalho, a casa de Zoe, que mais se assemelha a uma poderosa fortaleza, fora invadida em uma tentativa de sequestro. Assim, começa a saga de fuga que as duas juntas irão passar, tendo que lutar contra todo o sistema, já que a própria polícia faz parte do esquema.

Muitas perguntas surgem e a busca por resposta e sobrevivência é o que motiva as personagens a seguirem viagem, tendo que lutar a todo instante contra inimigos que surgem sorrateiros. Tudo parece apontar para a madrasta – é claro! – e a ideia é reunir provas para que ela seja indiciada, quando voltarem ao país de origem. Sam é obrigada a utilizar, constantemente, sua experiência contra-terrorismo para conseguir se desvencilhar das várias armadilhas que se colocam no caminho das duas mulheres assustadas.
O ponto positivo da obra é ser um filme de ação cujas protagonistas são mulheres. As mesmas cenas de luta, perseguição e tentativas de fuga se repetem; a porradaria rola solta como nos títulos desse gênero. Para quem acha que mulheres não dão dentro, Noomi não deixa dúvidas de que aquelas sequências são definitivamente críveis. Porém, por outro lado, a falta de profundidade (comum a este estilo, eu sei) da personagem é o que deixa a desejar. Há uma relação familiar problemática que é jogada de tempos em tempos durante a trama, ligando as duas fugitivas. Mas por ser um mero esboço, não amarrando de fato os conflitos pessoais entre si, fica a impressão de que havia material para conseguir dialogar com essas duas propostas, apesar da opção ter sido a ação pela ação, tão somente.

Como filme deste gênero, funciona. Talvez até melhor do que muitos dos títulos genéricos que temos acompanhado há alguns anos. Mas, apesar disso, a possibilidade muito clara de uma produção um tanto mais firme na construção de seus protagonistas, que fora deixada de lado, faz de Close uma obra filler, só para preencher lista.
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