Crítica: A Morte Te Dá Parabéns 2 (Happy Death Day 2U)

O filme de “terror” da semana (sempre tem que ter um, repara só) é uma continuação de um título resenhado por mim mesmo, “A Morte Te Dá Parabéns“, no qual a protagonista revivia o dia do seu aniversário até descobrir quem tirava sua vida, tornando-se, dessa forma, uma pessoa melhor enquanto ficava presa nesse looping. Seguindo a mesma lógica, mas levando a caminhos diferentes, A Morte Te Dá Parabéns 2 traz aqueles personagens em situações semelhantes, mas com variações entre as sequências. Se o primeiro era um filme estilo terror adolescente, com flertes pela comédia, seu sucessor se apresentará um multigênero, tendendo mais para comédia do que para qualquer outro estilo.

Tree (pela bela e fofa Jessica Rothe) está feliz por ter superado o trauma de repetir o mesmo dia uma centena de vezes e, agora, namora o virjão Carter (Israel Broussard). Mas o colega de quarto dele, Phan (Phi Vu), parece ficar preso ao mesmo dia, tal qual ela no primeiro filme. Quando pensamos que, dessa vez, o conto será sobre ele e não ela, para nossa sorte (minha, pelo menos, porque a Jessica Rothe é adorável), um experimento científico fracassado realizado por Phan e seus amigos do campus coloca Tree de volta naquele fatídico dia. No entanto, a explicação agora é baseada na ciência e Tree parece viver em uma espécie de multiverso, onde continua a ser perseguida, mas com outras variáveis inesperadas.

Voltando ao looping.

O foco da narrativa dessa vez não poderia ser o mesmo e Tree não deve procurar ser uma pessoa melhor de forma que consiga superar essa espécie de maldição que, uma vez mais, recai sobre ela. Ela agora precisa buscar uma solução científica que a faça quebrar o looping e sair desse multiverso, onde a vida dela parece seguir por caminhos distintos e – de certa forma – até melhores. Durante sua trajetória dentro desse outro universo, ela deverá pesar o que de melhor tem em comparação à sua “vida real” e refletir sobre qual das vidas ela quer continuar a viver. E, nesse momento, o filme de terror que mergulhara propositalmente na comédia ganha contornos sólidos de drama.

Se o diretor Christopher Landon consegue a difícil tarefa de caminhar por tantos gêneros diferentes entre si, dando força para cada um deles nos momentos em que a narrativa pede por isso, sem pecar nas transições, Jessica Rothe se destaca de maneira surpreende com uma atuação que nos traz terror, habilmente se transformando em uma atriz de comédia e, de maneira admirável, fazendo brotar o drama vivido pela sua personagem, em cenas tão tocantes que fizeram alguns espectadores chorar. Ainda que o filme faça uma paródia de si mesmo, assumindo o caráter hilário definitivamente e não apenas flertando em sequências específicas, é inegável a suavidade com a qual ele passeia por esses estilos, em uma demonstração de controle da história.

Aqui estou eu de novo.

Apesar de um desenvolvimento já esperado pela grande maioria dos espectadores e do caráter levemente “pastelão” (mas que se dá de maneira assumida), os momentos de reflexão da personagem são o que de mais interessante a produção nos traz. Sustos, tensão, risada e reflexão serão as marcas da nova obra de Landon, sendo este o seu principal destaque: um filme que conseguiu ser, efetivamente, multigênero.

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