Garimpo Netflix #9: Anos 90!
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Ahhh, os anos 90. Recebendo com nojo todos os exageros, espalhafatos e bizarrices dos lamentáveis, ainda que amados, anos 80, a década de 90 veio para trazer mais seriedade para a produção artística mundial. Em nenhuma das sete artes isso ficou mais evidente do que na música, com a depressividade do grunge vindo para destruir a farofada dos anos 80. No Cinema, o mesmo aconteceu, com a brilhante ideia de que ter-se-ia um resultado técnica e artisticamente melhor usando como protagonista um bom ator do que aquelas coisas absurdas e estapafúrdias dos anos 80, com produtores fazendo seu casting em eventos de fisiculturismo. Já discorri acerca desse fenômeno no nosso Nostalgia: Comando para Matar.
Assim é que hoje apresentamos aqui 3 obras que são nostálgicas para mim, mas que para você, menino juvenil pela saco do Momoa e do The Rock (dois sacos que merecem ser pelados, diga-se), não dizem nada porque você sequer sabe quem é Sean Connery, acredita que o Nicholas Cage é um ator que só faz um monte de filme merda (o que vem sendo verdade) e que o Michael Bay só sabe fazer filme de Transformers. É pra você, criança nascida nos anos 90 e 2000, que hoje trazemos 3 excelentes filmes de ação dos anos 90 obrigatórios a qualquer apreciador do gênero.
– Perigo Real e Imediato (Clear and Present Danger), de 1994, dirigido por Phillip Noyce
https://www.youtube.com/watch?v=RYWfx8QmMUw
Harrison Ford é Han Solo e Indiana Jones. Nada menos que os dois maiores heróis de praticamente todas as gerações que o viram atuando. Mas, além disso, ele também foi Jack Ryan, o analista da CIA criado pelo lendário Tom Clancy e que já protagonizou filmes interpretados por gente como Ben Affleck e Chris Pine, além deste e de “Jogos Patrióticos” por Ford. Desta vez, com a sempre segura direção de Noyce, Ryan se vê metido num complô que envolve cartéis colombianos (que estavam na moda no início da década de 90), espionagem, politicagem e um roteiro conduzido de forma excelente.
Trata-se de um dos melhores thrillers de ação de que se tem notícia e do qual pouco se fala. Perigo Real e Imediato é uma das inúmeras provas de que Harrison Ford é muito mais do que Han Solo e Indiana Jones.
– A Rocha (The Rock), de 1996, dirigido por Michael Bay
https://youtu.be/f65mWhxgS8E
A estreia de Michael Bay como diretor se dara um ano antes, com o também excelente Bad Boys, o filme que também foi responsável por apresentar Will Smith ao mundo. No ano seguinte, ainda longe de começar a inundar as telas com explosões, tomadas panorâmicas e carros-robôs, Bay dirigiu este que é um dos melhores filmes de ação dos anos 90 e é estrelado por aquela que é uma das maiores estrelas da história do Cinema: o mitológico escocês Sean Connery.
Aqui Connery é um presidiário que, 30 anos antes, conseguira a proeza de escapar de Alcatraz. O FBI recruta a sua ajuda para que, com a ajuda de um agente meio cabaço e especialista em química interpretado por Nicolas Cage, ele consiga frustrar os planos de um ex-general do exército americano (interpretado pelo sempre excelente Ed Harris) que tomou a ilha de Alcatraz, fez 81 reféns e ameaça lançar uma bomba química em San Francisco caso suas exigências não sejam atendidas.
É um filme de tensão absoluta, com um roteiro extremamente bem feito e uma direção das melhores da carreira de Michael Bay, isso tudo além de contar com um elenco fodido que ainda inclui David Morse, John C. McGinley e William Forsythe.
– A Outra Face (Face/Off), de 1997, dirigido por John Woo
A premissa é totalmente anos 80: e se a gente pudesse trocar de face uns com os outros, incluindo voz, estrutura óssea do rosto e o caralho a quatro? Bom, essa maluquice nos brindou com um filme que está no meu top 5 de filmes de ação de todos os tempos e que viria para estabelecer tendências do gênero dali pra frente. E, mais que isso, foi aqui que Nicolas Cage começou a despirocar completamente e John Woo, o seminal diretor de filmes de porrada de Hong Kong, deu a ele todo o espaço para tanto, permitindo que dali pra frente ele viesse a se tornar esse meme ambulante que é hoje.
Aqui, Cage ainda tem a ajuda de outro canastra antológico, John Travolta, para contar a história de gato e rato do agente do FBI Sean Archer (Travolta) e do terrorista Castor Troy (Cage). Não quero dar spoilers, mas eles eventualmente trocam de identidade com a tal operação maluca e aí tudo vai pro caralho, com cenas de tiroteio e câmeras girando pra tudo quanto é canto, que depois o Michael Bay viria a copiar, e uma cena sublime de ação enquanto uma trilha sonora nada ortodoxa toca ao fundo.
É um filme de ação clássico, com um roteiro maluco e absurdo e que é só uma desculpa mesmo pra toda a ação, só que dessa vez ela é protagonizada por dois dos mais carismáticos atores dos últimos tempos e dirigida por uma verdadeira lenda do gênero.
Leave a Comment