Crítica: Loja de Unicórnios (Unicorn Store)

Brie Larson se aventura na direção do filme Loja de Unicórnios, seu primeiro longa, que também protagoniza como Kit, uma pessoa que, desde criança, nutre uma certa obsessão por unicórnios. Partindo dessa premissa, acompanhamos a vida dessa menina, agora já mulher, dando os primeiros passos na vida “adulta” após ter seu trabalho artístico rejeitado por um renomado professor da área.

Algo que captura a atenção do telespectador é a imprecisão em relação à idade de Kit. Não consegui definir se tratava-se de alguém no início da casa dos 20 ou já mais pro fim; acredito que, em certa parte, essa seja a intenção na auto-escolha para o papel – afinal, a personalidade da mulher é bastante infantil. Por outro lado, não pude deixar de achar incômodo a figura de uma atriz de uns trinta anos na pele de uma menina que ainda mora com os pais, no quarto em que passou a infância e adolescência e assiste desenho animado enquanto eles vão trabalhar.

A história gira em torno da incapacidade de Kit em crescer, basicamente. Após frequentar a escola de Artes e apresentar trabalhos em que explorava suas lembranças nostálgicas enquanto criança e ser rejeitada na seleção, Kit passa um tempo pra baixo e busca um emprego. Um dos motivadores para essa necessidade de subir na vida é a pressão que a mulher sente dos pais – mas que se mostra, na minha leitura, uma interpretação infantiloide já que seus pais são na verdade bastante compreensivos e respeitam a própria filha mesmo ela sendo meio estranha.

Dentro desse início de rotina em que Kit se coloca, onde ela trabalha numa empresa bem padrão em que todos usam roupa de escritório e sentam em suas respectivas baias, ela recebe o convite de visitar uma loja que promete “dar-lhe o que ela sempre quis”. Eis que aparece nada mais nada menos que Samuel L. Jackson no papel do vendedor dessa loja misteriosa e promete dar o que Kit sempre sonhou quando criança: um unicórnio. Sim. É em torno disso que o filme se desenvolve(!?).

O filme não deixa claro seu ponto, seja qual ele for. Não se pode afirmar se a mensagem tem intuito de usar o unicórnio como metáfora (se o faz, é falha); ou, ainda, se quer tão somente fazer parte do gênero da fantasia. Essa falta de lugar dentro do Cinema prejudica o engajamento na produção, que deixa o telespectador por vezes entediado e, por outras, apenas indiferente ao que se passa na tela. É difícil ter empatia por Kit tão somente por um sonho que a sociedade incompreende – o da Arte, o do abstrato, o do unicórnio – quando ela mesma é uma pessoa egoísta e imatura, por exemplo. Difícil também é entrar na fantasia inteiramente, pela pegada do filme não fazer muito uso desse universo salvo pela menção desse bicho mitológico semelhante a um cavalo.

Por fim, Loja de Unicórnios NÃO mostra pro que veio, e isso não necessariamente seria um problema se fossemos arrebatados por atuações espetaculares, diálogos profundos ou uma fotografia exuberante. Mas não é o caso – a experiência não pode ater-se ao sensorial e, quando voltada para o literal, é um tanto desastrosa pois fala-se o tempo todo de um unicórnio que não sei que raios está fazendo ali num filme que parece sério mas que também não sei se é. Confuso é um bom adjetivo pra definir a produção, que mostra que Brie Larson não é ainda uma diretora tão boa quanto atriz.

 

 

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