Crítica: The Silence
The Silence começa com uma missão hercúlea. Trata-se de um filme de terror no qual as pessoas precisam se manter quietas se não quiserem que o bicho papão apareça para devorá-las. É uma premissa, portanto, IDÊNTICA a do bom e muitíssimo bem-sucedido “Um Lugar Silencioso“, dando ao diretor John Leonetti uma tarefa ingrata de tentar trazer algo novo, uma voz própria, a esta obra que parece ser extremamente derivativa. E, infelizmente, ele fracassa.
Em The Silence, alguma expedição em algum sistema de cavernas não mapeado a quilômetros abaixo da superfície das Montanhas Apalaches acaba liberando sobre o mundo uma praga na forma de milhões de criaturas que parecem algo como um mini pterodáctilo cego. Aqui o leitor mais atento e menos afortunado na vida vai se lembrar que esta é a MESMÍSSIMA premissa de um dos melhores piores filmes já feito: “Piranha”, tanto a horrorosa versão original quanto seu tenebroso remake em 3D de uns 10 anos atrás. É uma desculpa para lançar um apocalipse na Terra bem difícil de engolir, além de ser desnecessária à trama, mas é também a justificativa perfeita para fazer com que essas criaturas sejam cegas e atraídas exclusivamente pelo som. O roteiro, contudo, não se aventura pela galhofa como de “Piranha”, o que talvez tenha sido um erro.
E é isso. O resto do filme você já sabe exatamente como vai ser, com aquela mesma historinha de sempre da família que vai ter que fazer de tudo para sobreviver a isso, inclusive enfrentar outros seres humanos e tal. O problema, contudo, não jaz na narrativa em si. Filmes de gênero como este costumam mesmo compartilhar elementos e, a rigor, não há nada de errado nisso, já que, conforme repete com muita propriedade meu amigo Rene Michel Vettori, todas as histórias já foram contadas. O problema aqui está na condução do filme, numa direção que tenta a todo momento imprimir tensão às cenas, mas fracassa miseravelmente em absolutamente todas as tentativas, sendo que é justamente a sensação de tensão que fez de “Um Lugar Silencioso” o sucesso de crítica e público que foi.
Ainda que o roteiro contribua para tanto ao criar personagens praticamente desprovidos de carisma, o problema principal aqui jaz na direção, que consegue tornar um elenco principal nada menos do que excelente – com os grandes Stanley Tucci e Miranda Otto, além da revelação Kiernan Shipka de O Mundo Sombrio de Sabrina – em meros bonecos sem vida, ainda que haja, sim, alguns momentos em que os atores conseguem brilhar. Isso, cumulado com a falta de timing da edição e da direção, resulta no espectador não se importar muito com os personagens, subtraindo ainda mais força da pretensa sensação de tensão que se intenciona apresentar no filme a todo tempo.
Ainda assim, há alguns momentos interessantes, em especial quando o roteiro brinca, ainda que muito superficialmente, com o conceito de homem lobo do homem. Mas para por aí. The Silence talvez funcione como um filme para se ver e passar o tempo, mas fracassa naquilo que se propõe, deixando de incutir qualquer tensão no espectador.
Leave a Comment