Especial Game of Thrones: Quem Vai Sentar no Trono de Ferro?
No longínquo final de agosto de 2017, a HBO lançava o último episódio da penúltima temporada de Game Of Thrones, intitulado, com muita propriedade, de The Dragon and the Wolf, embora pudesse também ter sido chamado de “oba, incesto”, já que o título original faz uma referência direta a uma bela duma torada que um sobrinho dá em sua tia. Nele, resenhado por mim mesmo com verve, raiva, vontade e demonstrando que à época eu tinha MUITO TEMPO de sobra (confira aqui), a gente fez um apanhado geral nos últimos parágrafos sobre uma temporada que havia sido um tanto quanto mais ou menos se comparada às anteriores, o que também foi reforçado no nosso especial dos 10 Melhores Momentos da 7ª Temporada de Game of Thrones.
Isto tudo ocorre porque o velho gordo mais amado e odiado da cultura pop atual, George R. R. Martin, está de putaria há anos para terminar de escrever os livros que finalizarão a saga das Crônicas de Gelo e Fogo, fazendo com que, justamente na temporada passada, a série de TV passasse os livros. Não por acaso, a qualidade dos diálogos e da própria narrativa caiu a olhos vistos, mas, puta que o pariu, a produção não só manteve sua excelência como a melhorou, com uma temporada irregular, mas que trouxe momentos visualmente espetaculares e de suma importância.

A grande verdade é que a temporada passada parece ter servido única e exclusivamente para montar todo o palco para as batalhas finais que provavelmente arregaçarão Westeros da mesma forma impiedosa que Jon arregaçou sua titia. E, se assim for, resta-nos tão somente esperar ansiosamente pelo próximo domingo, pois agora a HBO tem 6 episódios de duzentas horas de duração para amarrar as também duzentas tramas paralelas e, finalmente, responder a pergunta: quem vai sentar no trono de ferro?
Já nos antecipando a isso, viemos aqui responder esta questão tão relevante quanto o Bran é carismático, elaborando uma lista com 10 personagens que podem acabar sentando no trono de ferro ao final da série. Ou não.
Enquanto domingo, dia 14 de abril, não chega, fiquem com esse nosso especial que vai se prestar a responder esta desgraça, lembrando, é claro, que não temos aqui compromisso com porra nenhuma. Aproveitem e, se quiserem dar uma recapitulada no que rolou na temporada passada, confiram as resenhas bem detalhadas de todos os episódios da temporada passada listadas abaixo em ordem. Não deixem também de conferir o nosso fantástico especial dos 10 Melhores Momentos da 7ª Temporada de Game of Thrones.
Dragonstone (T07 E01)
Stormborn (T07 E02)
The Queen’s Justice (T07 E03)
The Spoils of War (T07 E04)
Eastwatch (T07 E05)
Beyond the Wall (T07 E06)
The Dragon and the Wolf (T07 E07)
10 Melhores Momentos da 7ª Temporada de Game of Thrones
– Daenerys Targaryen (Emilia Clarke)
Começando com a aposta mais óbvia. Ela era a underdog, iniciando a série sendo vendida como pedaço de carne por seu irmão Viserys e que lentamente galgou os degraus da ascensão social numa sociedade machista e patriarcal. Mas por que gostaríamos de vê-la no trono de ferro? Considerando a trajetória do herói, ela seria a escolha correta – embora seu sobrinho-amante também cumpra os pré-requisitos – trazendo para a série um final catártico, isso sem mencionar o fato dela ser uma governante carismática, que traria justiça social, que age diante o perigo, tanto de forma contingencial como preventiva, vide a sua postura diante do inverno que o Rei da Noite traz consigo, e que, talvez, faça reformas estruturais na máquina governamental que rege Westeros. Ela é a prova viva que a meritocracia funciona quando se tem 3 dragões… digo, 2 dragões. Mal ou bem, considerando a lógica da Rebelião de Robert, ela não teria tanto direito ao trono quanto ela acredita, já que sua família foi deposta com a união das casas mais importantes do continente eliminando do poder um rei tirânico e maluco. Sendo ela a 3ª filha de Aerys, exilada em Essos e tendo num exército de estrangeiros sua maior força não vejo muita legitimidade em sua posse. E considerando como a série se fez notória, não ficaria surpreso se a sua cabeça fosse a primeira a rolar dentre os citados aqui. Ela sentando no trono seria um final satisfatório e que todo mundo espera? Acredito que sim. Seria o final que melhor representa GOT? CERTAMENTE não.
– Bran Stark (Isaac Hempstead Wright)
Picolé de chuchu, água de salsicha e chato pra caralho são apenas algumas das locuções que podemos usar para tranquilamente descrever o pau no cu que é Bran Stark. Esse pequeno arrombado, que na série hoje deveria ter uns 12 anos mas já está certamente pagando alguma pensão alimentícia por aí, é uma das coisas mais chatas da série e nunca isso ficou tão claro quanto na temporada passada, quando ele, agora como o corvo de três olhos, ficou de sacanagem guardando segredinho da ancestralidade do seu irmão, confirmando somente para Sam (John Bradley), outro pau no cu, aquilo que a internet toda já sabia, mas que faria uma diferença fodida para toda Westeros: Jon é, na verdade, um Targaryen legítimo, filho da irmã de Ned Stark e do irmão da Dany. Bran hoje não lembra mais em nada aquele molequinho fofinho que o atual mocinho Jaime Lannister tentou impiedosamente assassinar para ocultar seu caso incestuoso com a irmã. Sendo ele hoje um ser de magia e sabedor de tudo que é conveniente ao roteiro que ele saiba, se este bostinha sentar no trono enquanto essa máquina sem sentimentos ou vontades acredito que seria o melhor para toda a Westeros. Afinal de contas, sua total falta de carisma o impediria de ser mais um governante demagogo-populista e seu conhecimento de tudo, aliado a sua falta de sentimentos, faria dele um governante ideal.
– Jon Snow/Aegon Targaryen (Kit Harrington)
Dando continuidade a tradição incestuosa da realeza targaryana, Aegon, vulgo Jon Snow, é o queridinho da série, nosso Jesus Cristo literal que retornou dos mortos para nos salvar. Ele, inclusive, já foi Rei do Norte, mandando em quase metade do território dos 7 Reinos. Contudo, ele conheceu a sua titia Daenerys e caiu em desgraça, abrindo mão – mesmo que não saiba ainda – do seu direito de governar ao se submeter a sua autoridade em troca de ajuda para deter os Caminhantes Brancos. Realisticamente falando, mesmo ele descobrindo quem são seus pais, conhecendo seu caráter abnegado, ele só sentará no trono se sua titia Dany morrer. E por que gostaríamos dele no trono? Os prós e contras são essencialmente os mesmos de sua tia, com algumas poucas diferenças. Jon é um excelente companheiro e líder, mas não tão bom governante. Basta vê-lo batendo cabeça com Sansa em Winterfell e as suas tomadas de decisão calcadas muito mais na emoção do que na razão. Também não o vejo como um reformador e custo a acreditar que ele conseguiria terminar seu reinado sem colocar a integridade da coroa em risco para ajudar em algum problema, inclusive, além de suas fronteiras. Dentre os finais onde tudo termina (relativamente) bem, esse seria o mais justo – vide a sua origem como bastardo -, e que colocaria no trono um verdadeiro messias. Porém, mais uma vez, esse não é o final que GOT merece.
– Tormund Giantsbane (Kristofer Hivju)
Acho que falo por todos quando digo que o Tormund é um dos personagens favoritos do público. Ruivo, barbudo e galudo em um nível master por uma mulher que ele reconhece que seria facilmente capaz de trucidá-lo, Tormund é o que há de mais desconstruidão nesse mundo de Westeros. Não sabemos se ele sobreviveu à queda da Muralha, mas, se ele tiver sobrevivido, seria um prazer catártico inenarrável ver um selvagem superar toda aquela lenga-lenga do caralho de legitimidade ao trono e simplesmente se tornar o rei da porra toda. Seria algo parecido como se um negro tomasse a coroa britânica nos idos do século 18. Tormund ainda tem a vantagem de que ele faria de tudo para ter a gigante Brienne (Gwendoline Christie) como sua rainha e, puta que o pariu, este é o casal impossível que nós aqui do MetaFictions mais shippamos desde Tonho da Lua e Raquel. E é basicamente isso mesmo.
– Cersei Baratheon (Lena Headey)
Pegando o gancho do incesto que a gente colocou na introdução, a atual governante dos 7 Reinos, pelo menos oficialmente, é uma das nossas candidatas favoritas ao trono. Em 1o lugar está a habilidade dela em forjar alianças com os líderes mais inescrupulosos possíveis, o que é fundamental para conseguir governar um reino vasto e diverso. Em 2o, ela está montada no dinheiro de Braavos, permitindo a contratação da Companhia Dourada (não confundir com a prática feita famosa pelo ser que reina a Westeros Tupiniquim, a chuva dourada). E, o mais importante, em 3o lugar ela é uma tremenda de uma oportunista. Deu o golpe da barriga no Robert, tem um dedo no Casamento Vermelho, arrasou o Alto Pardal e a casa Tyrell numa tacada só, foi até Jardim de Cima nesse momento de fragilidade da família, aliado aos vassalos traidores dos Tyrell, para terminar o serviço e saquear suas terras, e, por fim, ainda tá planejando uma senhora pernada nos Targaryen numa falsa aliança com Jon e Daenerys. Ela prometeu ajuda, mas na verdade vai deixar o exército dos mortos colidir com os dos seus rivais e o que sobrar disso ela espera passar o rodo. Cersei simboliza o que é a série – peitinhos a mostra, incesto e filha-da-putagem sem limites – e seria uma coroação digna de tudo o que vimos até aqui.
– Varys (Conleth Hill)
Vamos lá, pessoal. Qual é a primeira coisa que vocês lembram quando pensam no Varys? É provável que a maioria tenha cagado pra minha pergunta, mas aqueles que se deram ao trabalho de respondê-la mentalmente certamente pensaram no fato de ele ser eunuco, muito embora sua lustrosa cabeça lembre justamente aquilo que ele não tem. Contudo, para além do fato de ter feito a operação de fimose mais agressiva de que sem notícia, o que Varys é é um manipulador nato, responsável pela vida e morte de praticamente todo mundo desta série em algum grau. No RPG ele seria um chaotic neutral daqueles de carteirinha, tendo sempre em mente o que ele entende ser o bem de Westeros, o que na maior parte das vezes parece realmente ser o melhor. Assim é que, apesar de ele provavelmente ser melhor nas suas maquinações, Varys seria um excelente rei de toda a Westeros, em especial porque, ao contrário de Robert Baratheon, ele não passaria a metade do seu tempo comendo puta imunda no Baixio das Pulgas, a Vila Mimosa de Porto Real.
– Gendry Baratheon (Joe Dempsie)
Pode parecer que estamos dando voltas aqui. Só falamos de bastardos e incesto, mas é o que série (felizmente) nos oferece. E despontando como um bastardo postulante legítimo e que tem o apoio da casa MetaFictions, Gendry é com certeza o personagem menos explorado que chegou vivo até a última temporada. E por que apoiamos ele? Particularmente ele só tá aqui porque Stannis Baratheon morreu e, embora eu não entenda muito de linhagem de sucessão ao trono, suponho que o irmão mais velho do rei tenha mais direito do que um filho ilegítimo, mas ainda com o sangue Baratheon, diferente do Joffrey e Tommen que assumiram o trono e que de Baratheon não tinham nada, sendo eles os mais puros-sangues Lannister. Além disso, a pendenga quanto a sucessão ao trono envolvendo os descendentes Baratheons foi o catalisador de toda a guerra civil que varreu os 7 Reinos e que deu início a sequência de mortes inesperadas, começando pela cabeça de Ned Stark que tinha aí suas intenções de colocar no trono Stannis e desbancar Cersei e família do poder. Embora ache que Gendry não possua preparo algum e que seu reinado seria pouco apoiado, seria uma conclusão até certo ponto poética, realizando, finalmente, o que Ned planejou, restabelecendo e honrando a Rebelião de Robert.
– Bronn (Jerome Flynn)
Hoje muito famoso pelo meme “I’d fuck her” (eu comia, em tradução muito livre), coisa que é falada há décadas e sabe-se lá porque a internet resolveu transformar em meme quando ele falou, Bronn é dos mais carismáticos personagens de toda a saga de GOT. Começando como um mero mercenário contratado a esmo por Tyrion e hoje se tornando personagem chave por trás de boa parte dos principais momentos da série envolvendo os Lannister e a corte de Porto Real, ele é hoje um lorde, tendo recebido seu título por puro oportunismo e habilidade. Seria necessário uma sequência de eventos inacreditável para que ele sentasse no trono, mas, com certeza, uma vez lá, não temos dúvidas de que Bronn ia mandar trocar aquela merda desconfortável por um trono tipo o do Dom João VI com um buraco pra cagar e tudo mais. Seu reinado também provavelmente seria o mais curto da história, pois ele ia passar metade do tempo todo arrumando alguém com quem meter e a outra metade matando os maridos dessas donzelas. Sinceramente eu não consigo pensar num final melhor.
– Rei da Noite (Vladimir ‘Furdo’ Furdik)
Não sei ao certo se posso classificá-lo como postulante ao trono, já que não sabemos suas intenções para Westeros. Quer ele ocupar o trono? “Quebrar a roda”? Estabelecer democracia parlamentarista? Anarquismo insurrecionário? São muitas as possibilidades. Mas se há algo certo é que Renight é quem tem as melhores condições nessa vindoura guerra. Ele tem um exército de mais de 100 mil componentes, incluindo gigantes, animais e um dragão, qualquer baixa que seu exército cause vira um soldado potencial para suas fileiras e seus combatentes só morrem sob circunstâncias muito restritas, além de não sentirem cansaço, medo ou dor. Se isso fosse um jogo de estratégia de videogame, ele seria banido por usar cheats. Não há possibilidade do exército dele perder esse embate e que bom que seja assim. A ameaça que ele representa desde os boatos na 1a temporada, passando pelo Massacre de Durolar, até cruzar a muralha na última temporada, cabe perfeitamente dentro de um contexto global em nosso mundo. Mesmo com os Starks, a Patrulha da Noite e os Selvagens perturbando nosso juízo que o inverno estava chegando, com sinais que apenas quem já viveu aquilo ou que está sempre atento a essa ameaça, absolutamente ninguém com poder se envolveu até ser tarde demais (como no aquecimento global, talvez?). E por essa mesquinharia dos governantes, que olham somente para seus interesses imediatos e não para o todo, é que o Rei da Noite é nosso candidato favorito.
– Sandor Clegane/Cão (Rory McCann)
Começando como o cão de guarda de um dos sujeitinhos mais odiosos de toda a história do audiovisual, o puto Joffrey, Sandor Clegane logo de cara matou um gordinho a mando do psicopatinha, mas hoje é, por incrível que pareça, um dos personagens de melhor coração e mais honrados de toda a série. Mas vamos lembrar aqui que um dos mocinhos da série atualmente é Jaime Lannister, um estuprador-incestuoso-assassino-de-crianças. Recusando o título de cavalheiro e deixando claro a todo momento que cospe na cara podre da burguesia, o Cão teve o mais bem trabalhado arco de redenção até aqui e ele sequer tem qualquer interesse em comandar os sete reinos. Ahh, mas se isso acontecesse, provavelmente ele promoveria uma reforma agrária usando o sangue e os corpos dos nobres de adubo, tudo enquanto come pé de porco, manda todo mundo se foder a todo momento e reclama que o trono tá espetando o rabo dele.
– George R. R. Martin
Esse senhor da foto aí de cima escreveu cinco livros de mil páginas e está hoje sentado no sexto e sétimo há 8 anos, tudo enquanto fica dando consultoria em seriezinha merda de ficção científica (Nightflyers), editando compilação cu de historinhas de ficção científica (na série de livros Wild Cards) e escrevendo um sem número de obras que não avançam as Crônicas de Gelo e Fogo, mas que tão somente expandem aquele universo. Por causa disso, hoje esse moço com um suspensório com foguinho é odiado pela internet. Confesso que dá uma certa raivinha realmente, até mesmo porque a série de TV passou os livros e a ausência deles como base foi muito sentida já na temporada anterior. Mas, quer saber, a internet que se foda. A mente doentia desse cara é responsável por um fenômeno da cultura pop mundial que, ao contrário de como costuma acontecer com vários outros exemplos bem ruins a la Crepúsculo, trouxe algo de qualidade, não só na sua escrita, mas também na adaptação para a TV. É por isso que eu digo: anda logo com essa caralha, Martin, seu filho da puta! Mas muito obrigado por tudo que você fez até aqui, seu lindo. Que ele sente no trono de ferro e termine logo esta desgraça.
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