Garimpo Netflix #16
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Hoje acordei me sentindo generoso e também tive um bom tempo durante uma crise bizarra de intoxicação alimentar para ficar futucando o catálogo da Netflix. Isto quer dizer que o sofrimento do encanamento de minha residência é a sua felicidade, leitor MetaFictions, e hoje temos aqui uma seleção de 3 obras que eu pessoalmente considero serem das 3 melhores que estão disponíveis no momento na plataforma de streaming e que ainda não foram indicadas em nenhum garimpo anterior.
Temos hoje um filme inspirador, um outro que vai provocar profundas reflexões sobre a condição humana e finalizamos com um filme infantil daqueles que nós adultos costumamos gostar muito mais do que a molecada. Aproveitem!
– A Luta Pela Esperança (Cinderella Man), de 2005, dirigido por Ron Howard
Começamos com a indicação de um dos melhores e mais subestimados filmes de boxe de todos os tempos. A Luta Pela Esperança coloca o grande Russel Crowe na pele do boxeador James Braddock, um daqueles pugilistas do início do século que eram uma espécie de heróis do povo. Depois de uma lesão, ele começa a perder, cai no esquecimento e agora se vê obrigado a trabalhar como estivador para tentar dar algum sustento pra sua família na época da Grande Depressão americana. Por circunstâncias que prefiro deixar pra que vocês vejam por vocês mesmos, Braddock começa a voltar a ganhar e aí recebe a oferta de uma luta contra o campeão Max Baer (em interpretação assustadora de Craig Bierko), um lutador famoso pela sua violência e que já havia matado gente no ringue.
Esta é uma daquelas histórias clássicas de superação, contando com um elenco estelar – com destaque absoluto para Paul Giamatti, em interpretação indicada ao Oscar – e a direção sempre corretíssima de Ron Howard, que nos brinda com uma cena brilhante envolvendo Giamatti e Crowe que deveria ser estudada em qualquer escola de cinema. Trata-se de um dos melhores filmes atualmente disponíveis na Netflix, que entretém na mesma medida que nos ensina mais sobre a determinação humana e até onde um homem está disposto a ir por sua família.
– O Experimento de Milgram (Experimenters), de 2015, dirigido por Michael Almereyda
Mais um filme que está entre os mais originais, inteligentes e provocadores constantes do catálogo da Netflix. O Experimento de Milgram (que também tem o nome “Experimentos” quando lançado em DVD aqui) é praticamente uma peça de teatro baseada na vida e obra do famosíssimo psicólogo Stanley Milgram (interpretado com gosto por Peter Sarsgaard), o homem responsável por provar, cientificamente, a teoria filosófica da banalidade do mal de Hannah Arendt. Milgram fez um experimento sobre obediência cujos resultados são impactantes e reveladores até hoje, mais de 50 anos após.
Contando com uma linguagem cinematográfica bem diferente daquilo a que estamos acostumados a ver, o diretor Michael Almereyda também se valeu de um elenco com participações, ainda que breves, de nomes bem conhecidos para fazer um apanhado da carreira de Milgram e, no processo, nos ensinar (ou seria alertar?) sobre a natureza humana e a nossa capacidade inerente para o mal, em especial em situações institucionais como, por exemplo, no holocausto judeu da 2a Guerra Mundial, desfazendo a falácia da máxima “estava só fazendo meu trabalho”. Absolutamente correto em todos os seus aspectos dentro daquilo que se propõe, não tenho medo nenhum de dizer que trata-se de um filme obrigatório a todos que querem entender mais sobre si mesmos e sobre essa raça da qual todos fazemos parte.
– O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas), de 2010, dirigido por Laurent Tirard
Hoje nosso Garimpo está demais. Se antes apresentei dois dos melhores filmes adultos disponíveis no catálogo da Netflix, agora eu vos apresento O Pequeno Nicolau, certamente entre os melhores e mais bonitos filmes infantis que se pode assistir por lá. É daqueles filmes leves e deliciosos que podem ser assistidos pela família toda sem problema algum e que funciona para todas as idades, fazendo rir e chorar de forma tão natural que eu até tenho vergonha de admitir aqui pra vocês.
Nele, Nicolau (Maxime Godart) vive aquela vida maravilhosa do moleque de seus 9 anos na Paris dos anos 60. Ele tem pais amorosos, passa o dia brincando com os amigos e se diverte o tempo todo. Isso até acontecer a pior coisa na vida de uma criança como Nicolau: sua mãe está grávida! Nicolau, antes o centro de todo aquele universo, sente que seu reinado está ameaçado e daqui em diante temos um daqueles filmes divertidíssimos com um monte de criança fazendo merda e aprendendo uma grande lição no final, tudo entremeado com diálogos hilários entre o excelente elenco infantil.
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