Crítica: Aladdin
A empresa do rato mais famoso desse sistema solar continua dominando uma boa parte do entretenimento, e quando o assunto é remakes, ela é dona da porra toda. Da nobreza Disney, tivemos um subestimadíssimo (“Cinderela”), outro que poderia ter sido muito melhor (“A Bela e a Fera”), um decepcionante (“Dumbo“) e, agora, fomos presenteados com a releitura mais próxima da obra original e meu novo favorito. Bem-vindo de volta, Aladdin.
Para os poucos que não assistiram ao clássico de 92, voltamos à cidade de Agrabah, onde o ladrão de rua mais querido do cinema, Aladdin (Mena Massoud), rouba comida e o que for necessário para sobreviver. Cumpria a rotina de sempre, até que o braço-direito do sultão o vê como a pessoa certa para roubar aquela lâmpada. Ocorrem as mesmas confusões de sempre, com novos detalhes na história, e, nas palavras do narrador da “Sessão da Tarde”, a diversão é garantida.

É válido lembrar que a animação foi feita em tempos pré-globalização, então não foi difícil para a produção escapar de referências e piadas xenofóbicas tanto no enredo quanto em letras de músicas, como no prólogo “Arabian Nights”. Felizmente, os tempos mudaram e esses fatores, que hoje seriam controversos, foram removidos e trocados. Mesmo assim, a história não perde o charme que conquistou o público há 27 anos e, graças a essas mudanças, deixa a história até melhor para gerações mais novas. Minha única decepção foi o que fizeram com Jafar (Marwan Kenzari). Apesar de estar menos assustador e até um pouco mais cínico, ele perde sua presença ameaçadora e seu relacionamento com a princesa Jasmine (Naomi Scott) deixa de ser tão tóxico. Tirando isso, fiquei mais que satisfeita com o resultado final.
Quando deram início à produção, em 2017, já precisaram adiar porque não encontravam a dupla certa para dar vida a Aladdin e Jasmine. Ainda bem que demoraram, pois não sei o que seria desse filme sem Mena Massoud e Naomi Scott. Escolhas perfeitas. Além de ser a reencarnação total do personagem titular, Massoud irradia carisma, charme, tem um sorriso e voz capazes de derreter e faz algo novo com a personalidade do moço, sem perder sua essência. Nasceu para interpretá-lo! Quanto a Scott, a conheço desde “Lemonade Mouth” (no qual também canta) e tinha confiança de que seria incrível. Não só tem um vozeirão como transforma uma princesa objetificada e unidimensional numa mulher cujo desejo e sensação de empoderamento crescem à medida que ganha mais confiança sobre o que procura. Ambos fizeram um trabalho incrível e tudo fica evidenciado em sua bela química.

Impossível não falar sobre o Gênio (Will Smith) e as músicas. A figura responsável pela maior parte do humor às vezes cartunesco do filme não poderia estar sob melhor zelo. Quando saíram as primeiras imagens de um Will Smith azul e flutuante, a internet pirou no pior sentido. As inúmeras reclamações não fizeram efeito em mim. O Gênio continua engraçado? Claro, mas Smith traz uma vulnerabilidade que o torna mais humano e real. Sua interpretação e dinâmica com todos foram excelentes. Fechando tudo isso com chave de ouro, temos a trilha sonora icônica de Alan Menken, que continuou praticamente intacta e contou com uma nova música (maravilhosa) composta por Benj Pasek e Justin Paul, os mesmos gênios por trás das músicas de “La La Land”. Menken reproduz a magia e emoção de suas músicas e conseguiu me arrepiar mais uma vez em todas. Sair do cinema cantando e dançando é inevitável.

Quase 100% fiel e justo, muito bem-feito, divertidíssimo e nostálgico sem “forçação de barra”. Superou todas as minhas expectativas e espero que o mesmo aconteça com quem estiver lendo isso. Obrigada a Guy Ritchie e envolvidos pelo cuidado com nossa infância e por nos entregarem uma releitura ideal. Já vou gastar um dos três desejos ao desejar que os remakes a seguir sejam igualmente satisfatórios.
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