Crítica: Baki – O Campeão (Baki) – 2a Parte
Esta é a crítica da 2a parte do anime. A crítica da 1a pode ser lida aqui e da 3a aqui.
Meu primeiro contato com Baki – O Campeão foi como Baki – The Grappler e se deu principalmente por memes que invariavelmente retratavam homens impossivelmente gigantescos de forte fazendo alguma merda qualquer. Quando este, que é o segundo arco das aventuras de Baki após o do torneio de artes marciais do 1º, estreou na Netflix, eu fui lá conferir e não me desapontei. Tratava-se, tal como os memes, de uma animação completamente ridícula, rasa e de uma cretinice que vi poucas vezes (ou talvez nunca) em uma obra que se apresenta como adulta. Felizmente, eu também sou um cara ridículo, raso e cretino, de modo que adorei assistir ao desenvolvimento de uma história que, do mais absoluto nada, colocava 5 detentos condenados à morte enfrentando os maiores lutadores do mundo oriundos do torneio de artes marciais vencido por Baki no 1º arco que, infelizmente, não está disponível na Netflix.
Não me odeiem logo de cara, por favor. Este é um anime que, apesar de passar aí um verniz de profundidade com certas lições usando as artes marciais como pano de fundo, não tem muita coisa a dizer. A proposta aqui é tão somente meter um monte de gente forte PARA CARALHO (e aqui o para caralho é empregado com seu verdadeiro significado que tende ao infinito) entrando na porrada brutalmente. Ah, essa segunda parte também tem peitinho e o Baki e sua namoradinha perdendo seus cabacinhos, o que é, ainda que um tanto constrangedor de assistir e potencialmente ilegal, uma coisa meio diferente de ser vista num anime que não um hentai.
Nesta proposta simples e apelativa, Baki satisfaz. Trazendo agora um final ao arco dos detentos que resolvem ir para Tóquio experimentar a derrota e já apresentando o novo arco com um novo torneio a ser explorado em temporadas futuras, a porrada come de formas completamente estapafúrdias e impossíveis, tal como já ocorrera na 1a parte. Desta vez, contudo, como se já não tivesse lutadores com força e habilidades sobre-humanas suficientes na trama, o roteiro ainda resolve introduzir mais gente, como o invulnerável americano Oliva e o irmão de Baki, Jack, também mais uma vez somente para abandoná-los em seguida. Por outro lado, desta vez também finalmente vemos o Baki entrando na porrada direito, enquanto que na 1a parte isso quase não acontecia, e o pai dele, o chamado homem mais forte do mundo, também aparece mais.
É bem difícil tecer qualquer comentário ao roteiro além do que já foi falado. Ele é meramente uma desculpa pro cacete estancar e, nesse quesito, cumpre seu papel de forma satisfatória. Mas, puta que o pariu, custava ser um pouquinho menos merda? Apesar de ter escolhido se calcar na realidade, já que não temos aqui seres mágicos ou vindos direto de alguma ficção científica, as habilidades e forças de absolutamente todo mundo aqui são absurdas em níveis que me levam a crer que o pai do Baki talvez conseguisse dar um pau no Goku (não conseguiria, mas vocês me entenderam). Além disso, não parece haver qualquer consequência para alguém que tem seus membros decepados ou é queimado vivo. No dia seguinte o camarada já tá todo pimpão saindo na mão com outro sujeito que teve seus olhos perfurados também no dia anterior. E, para dar maior dramacidade, o nível de força e habilidades dos duzentos mil personagens varia a todo momento, fazendo com que a já fragilíssima verossimilhança de tudo que ocorre vá para o caralho violentamente.
Outra coisa que varia muito é a animação. Um ponto negativo da 1a parte foi o uso indiscriminado das famigeradas animações em 3D no meio das lutas, causando um desconforto nítido em quem estava assistindo uma arte em 2D para então ver modelos meio toscos em 3D sendo jogados na sua frente. Isto foi praticamente abolido aqui nesta 2a parte, o que é um puta dum ponto positivo. Contudo, as escalas continuam a mesma maluquice de sempre. Vários personagens são descritos e aparecem como gigantescos, mas aí na próxima cena estão do mesmo tamanho que outros personagens de tamanho normal, por exemplo. Isto sem contar a mania de dizer que tal fulano é o maior homem que já se viu e dois minutos depois ele aparecer ao lado de um cara maior que ele. Esta ausência de escala é realmente uma putaria, que fere um pouco a qualidade de uma obra que se arvora quase que exclusivamente no visual.
Ainda assim, Baki é de uma violência linda, que remete até mesmo a coisas bem mais cartunescas como Tom e Jerry. O sujeito que toma um soco na cara tem seu rosto deformado imediatamente, muito embora no dia seguinte já esteja normal e andando por aí distribuindo porrada. As lutas são agradáveis de serem assistidas, ainda que na maior parte das vezes a gente fique com uma sensação escrota porque ninguém morre mesmo com aquele grau de violência que lhes é imposta e os lutadores que são, a priori, bonzinhos, deixam os caras que são assassinos condenados à morte simplesmente andar livres por aí. Um dos caras é à prova de balas, porra!
São muitas coisas que o espectador precisa deixar na porta ao assistir a Baki. É precisa uma suspensão de descrença enorme, uma boa vontade cristã e uma sede por violência bem grande para que a experiência de se assistir a este anime seja positiva. É possível também assisti-lo pelo potencial cômico de certas cenas completamente estapafúrdias. Eu tive a sorte de assistir pelos dois prismas, sem levar a série nada a sério e simplesmente me deixando carregar por sua brutalidade. É por isso que digo sem medo que esta segunda parte se apresentou satisfatória e com uma sensível melhora em relação à 1ª.
Se você só quer passar 13 episódios de 20 e poucos minutos vendo muita porrada e sem se importar com praticamente mais nada, então Baki é perfeito, mesmo que o protagonista seja um grappler, que luta com shorts que parecem de Muay Thai, morando no Japão, tem 17 anos com músculos de quem toma bomba há 10, faça biquinho de gatinho e tenha uma pintinha de piranha francesa do século retrasado e que não se importa com mais nada que não em torar a namoradinha.
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