Crítica: Dark - 2a Temporada

Se alguma vez na sua vida de criança você se perguntou “quem veio primeiro – o ovo ou a galinha?” certamente já esteve familiarizado com a dor de cabeça que um paradoxo temporal é capaz de criar. É justamente nesse mar de teorias sobre viagem no tempo que a série Dark navega de maneira bem sucedida e interessante desde sua primeira temporada em 2017, fornecendo agora em 2019 uma segunda tão cheia de suspense, elementos enigmáticos e grandes plot twists quanto a primeira.

Continuamos a seguir os passos dos personagens principais exatamente de onde paramos: após o suicídio de Michael (Sebastian Rudolph) e o sumiço de Mikkel (Daan Lennard Liebrenz) – ambos a mesma pessoa – a vida dos habitantes da cidade de Winden muda drasticamente com a série de desdobramentos causados por esses eventos, incluindo o desaparecimento de outros dois personagens que se dispõem a investigar tais eventos – Jonas (Louis Hofmann), filho de Michael, e Ulrich (Oliver Masucci) pai de Mikkel. Encontramos os adolescentes e colegas de Jonas aflitos com o desaparecimento do colega e do policial e cada vez mais intrigados com os segredos guardados por seus pais, motivadores principais de suas ações na segunda temporada.

Por se tratar de um enredo complexo, cada detalhe revelado sobre a vida dos personagens acaba fazendo uma enorme diferença no todo da narrativa. Por conta disso, até meados do 4o episódio, o ritmo é bem arrastado e cheio de voltas, necessárias ao mesmo tempo para fechar alguns ciclos, lançados na primeira temporada, como também para colocar em cena novas peças do grande quebra-cabeça. Novos enigmas surgem para os personagens seguirem e várias linhas temporais são exploradas simultaneamente e amarradas numa única história que nos deixa com dor de cabeça pra tentar entender.

Aliás, é o foco desta temporada estabelecer uma certa noção de que não se pode fugir do tempo ou escapar de sua linearidade, fazendo enorme jus a uma das referências científicas principais da série: o Paradoxo de Bootstrap, usado não apenas para interligar os personagens mas também para construir a mesma sensação das antigas profecias dos oráculos – não se pode escapar ao destino. Assim, ao tentar impedir um determinado evento no passado, os personagens, na verdade, acabam criando as circunstâncias que irão permitir que esse evento aconteça no futuro, na melhor versão tragédia grega possível.

Como essa é uma crítica sem spoilers, apenas o que posso garantir ao leitor é que a 2a temporada de Dark está repleta de reviravoltas dignas de um roteiro bem escrito e capaz de prender a atenção e suscitar a curiosidade do início ao fim, já nos fazendo aguardar ansiosamente pela 3a e última temporada. Além das referências filosóficas, o soundtrack e os efeitos visuais se mantêm excelentes, assim como a caracterização de época, perfeita em cada detalhe estético e histórico.

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