Crítica: Forest of Piano (Piano no Mori) - 2a Temporada

Finalmente voltamos a acompanhar nossos queridos pianistas de Forest of Piano após uma primeira temporada que foi uma ode à música e se fez em cima da relação entre nossos 2 protagonistas, Kai Ichinose e Shuuhei Amamiya. Vale lembrar que toda a condução dos 12 primeiros episódios foi calcada na evolução musical de ambos por caminhos completamente diferentes impostos pelos meandros da vida. É fundamental que você veja esses episódios e leia a crítica, pois começamos aqui na 2a temporada no exato instante que a 1a temporada é interrompida, com o fim da 1a fase do Concurso Chopin de Varsóvia.

Com a aprovação deles para a 2a fase do concurso, depois da peneira que deixou somente a nata, inicia-se um processo mais complexo de seleção e outro estágio de rivalidade entre Kai e Shuuhei. Contudo, Shuuhei ainda continua movido pela vontade de superar o talento nato de seu amigo, deixando nítida a sua inveja em ter que lutar muito por algo que outros têm de graça e que não envolve seu poder aquisitivo. É de longe o personagem mais interessante de acompanhar, mesmo que do meio para o final ocorra um evento que tira um tanto o seu peso na história. Já a evolução de Kai como pianista de coração é, ao mesmo tempo, a que mais emociona e a que menos se desenvolve, tornando suas performances o ápice indiscutível do anime.

Acompanhamos também outros pianistas com histórias dramáticas, encontrando na música um escape para sua dor, como o chinês Wei Pang, que teve um drama até bem trabalhado e encaixado na sua música, ou Lech, o pianista da casa, altamente favorecido e que não é tão ético assim. Esses novos personagens deram um frescor à obra e ajudaram na edificação das diferentes abordagens da música erudita. O próprio Wei Pang, que compartilha certas circunstâncias de berço com Kai, encarna em sua música elementos do seu pianista favorito que o ajudaram a encontrar propósito em vida e, para deixar a competição ainda mais interessante, essa inspiração advém da música do mentor de Kai, Ajino.

Falando na importância dos instrutores/professores/mestres/mentores (escolha um termo, já que a série não conseguiu) e a rivalidade de gerações mais antigas, com músicos consagrados (ou não) presentes no evento, seja como jurado ou instrutor, esta se manifesta em seus pupilos das mais diversas formas, arrastando jovens talentos por caminhos penosos e angustiantes, como nos já citados Shuuhei e Wei Pang. Muita politicagem e trocas de favores, valorização de atributos clássicos e eruditos em detrimento da espontaneidade e do talento bruto, vão moldando as relações do núcleo adulto que carregam os bastidores montando um cenário de rota de colisão entre os participantes do concurso.

Caro leitor, se você gostou da 1a temporada, saiba a 2a é tão boa quanto no que tange ao poder da música em uma narrativa. Contudo, saímos um pouco da relação entre Kai e Shuuhei para focar em algo tipo um torneio de artes marciais a que estamos tão acostumados, com pessoas sendo eliminadas, com vidas e carreiras em risco, grandes oponentes e desafios que parecem intransponíveis. Para piorar, isso é dividido em 2 partes, com a 2a peneira e a final. Aliás, sendo um tanto anti-climático, essa final deixou a desejar quanto a seus competidores, embora tenha ficado grandiosa com os presentes. Tudo isso embalado por uma animação simples e que, felizmente, abandonou o uso massivo do 3D como na 1a temporada.

Mesmo funcionando melhor para apaixonados por música, em especial a clássica, esse anime celebra a arte como um todo e merece ser visto em sua íntegra. Esperando uma 3a temporada? Talvez.

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