Garimpo Netflix #25: Western

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.

Sabe como você talvez esteja começando a ficar de saco cheio de filme de super-herói? Pois então, foi exatamente isso que aconteceu com os westerns no início da década de 80. Depois de algumas décadas de sucesso estrondoso em todas as suas vertentes, o gênero começou a perder força e hoje em dia é raro que vejamos uma produção com esta temática. O bom disso é que hoje não temos mais faroestes genéricos aos borbotões, mas uma produção de nicho e/ou autoral que em geral vai muito bem em sua proposta.

Recentemente tivemos o excelente “Estrada Sem Lei” da própria netflix e um dos filmes que inaugurou o nosso Garimpo Netflix é outra pequena joia, “Rastros da Maldade“, que permanece disponível na plataforma até hoje. Não são muitos os filmes do gênero na plataforma, mas conseguimos aqui garimpar três pequenas pérolas para vocês.

Sem maiores delongas, vamos aos filmes da semana!

– Oeste Sem Lei (Slow West), de 2015, dirigido por John Maclean

Um moleque escocês filho de lordes se vê enamorado por uma plebeia e a segue aos confins do oeste americano quando ela se vai do seu país natal com o pai interpretado por Rory McCann, o Cão de Game of Thrones. No caminho, o rapaz (Kodi Smit-Mcphee) encontra Silas (Michael Fassbender), uma figura dessas do homem rústico da fronteira que tanto estamos acostumados a ver em filmes, que o ajuda em sua busca em troca de pagamento. Mas será que é só isso mesmo?

Essa é a trama que posso revelar de Oeste Sem Lei, um conto que se vale de um pano de fundo de Western para analisar a condição humana, ao mesmo tempo que aproveita as paisagens deslumbrantes e desoladoras da região para pintar várias tomadas de beleza ímpar, tudo entremeado por mais uma atuação sólida do sempre excelente Fassbender.

– A Qualquer Custo (Hell of High Water), de 2017, dirigido por David Mackenzie

Indicado a 4 Oscars e dirigido pelo excelente David Mackenzie (que também dirige o bom original Netflix “Legítimo Rei“), A Qualquer Custo é um western moderno, desses que não se valem de gente andando em cavalo, cidades desertas ou revólveres de seis tiros, ainda que ele se passe em cenários tão depauperados quanto. Nesse que é sem dúvida um dos melhores títulos disponíveis na Netflix, dois irmãos, vividos por Chris Pine e Ben Foster em excelentes atuações, resolvem começar a cometer assaltos de modo a salvar o rancho da família que está para ser reintegrado pelo banco no Texas. Na cola deles, temos o policial metido a xerifão vivido por um espetacular Jeff Bridges, querendo uma última glória antes da aposentadoria.

O que temos aqui então é mais um filme que se vale da temática, estética e dos lugares comuns do gênero e traz todos para os dias atuais. É um filme que trata da alma perdida americana, do fracasso do american way of life e entrega excelentes cenas de sujeitos absolutamente cientes de que aquele pode ser seu último suspiro, mas que não esmorecem jamais.

– O Duelo (The Duel), de 2016, dirigido por Kieran Darcy-Smith

Eu tenho uma regra muito simples. Se o Woody Harrelson está no filme, eu vou assistir. E este aqui é um destes casos. David, um texas ranger vivido por Liam Hemsworth, é enviado para investigar uma série de mortes em uma cidade chamada Helena na qual Abraham (Woody Harrelson) é prefeito e líder espiritual. Chegando à cidade, David e sua esposa vivida por Alice Braga são acolhidos pela comunidade e por Abraham em especial, que a usa para manter domínio sobre um aparentemente indomável David, tudo numa trama que vai escalar até o inevitável confronto entre os dois.

Com um roteiro maluco e um final alucinante, O Duelo é Woody Harrelson sendo Woody Harrelson, o que por si só é quase que suficiente para valer assistir ao filme. Mas ele entrega muito mais, com foco na dicotomia entre o civilizado e o selvagem e nos perigos da fé cega.