Crítica: DanMachi: A Flecha de Orion (DanMachi: Is It Wrong That I Want to Meet You in a Dungeon - Arrow of the Orion)
Há tempos eu não assisto aquele filme de Sessão da Tarde que dá um levante no seu espírito e que serve para mostrar que o bem sempre triunfa sobre o mal. Meu caro leitor, não veja essa referência de forma pejorativa. Tente lembrar, caso você tenha mais de 30 anos, de clássicos como o “Rapto do Menino Dourado”, “A Lenda“, “Fúria de Titãs” e “Os Aventureiros do Bairro Proibido“, dentre tantos outros, todos longas que figuram em nossas memórias sempre acompanhados por um sentimento saudosista de uma época sem grandes preocupações, além, claro, de serem obras divertidíssimas e toscas. Eis que DanMachi: A Flecha de Orion estreia na Netflix e sou arrebatado por essas lembranças e nostalgia.
Com uma premissa simples, somos introduzidos a um universo onde os deuses descem para o mundo inferior para ter as experiências dos mortais, abdicando de seus poderes, mas ainda reconhecidos como divindades em uma sociedade que os venera. Neste pacato universo, conhecemos Bell Cranel, nosso carismático protagonista que é recrutado para deter Antares, aquela típica força do mal que espalha destruição e ameaça um mundo pacífico.
De resto, seguimos o script do gênero ao pé da letra. Temos uma trupe formada por seres místicos, no caso deuses, e humanos combatentes com perfis definidos, como o brutamontes, o mago e o ladrão/arqueiro. Eles passam por desafios em sua jornada que progressivamente aumentam em nível de dificuldade, até que chegamos ao embate final que parece impossível de ser vencido. E, claro, não pode faltar aquele romance fajuto.
Embora estejamos aí perfeitamente dentro da fórmula, um ponto que pesou negativamente – e que as obras citadas lá em cima têm de sobra – foi a falta de desenvolvimento dos personagens a ponto me fazer importar com eles, algo que 30 minutos a mais daria conta. Isso sem mencionar – mesmo sendo simples, direto e agradável – certa complexidade que fica como pano de fundo sem qualquer desenvolvimento. Existe uma variedade de deuses tão grande numa salada de mitologias e lendas diferentes (com predomínio da grega), que fica difícil entender a dinâmica entre eles e os seres mortais, que aqui englobam diversas raças que também não são exploradas.
No mais, temos uma execução muito acima da média para um anime de aventura. A trilha sonora é soberba, me envolvendo em atmosferas distintas dependendo das circunstâncias, o uso do 3D é comedido e bem encaixado, temos uma luta final épica e nudez para todos os gostos. Posso dizer tranquilamente que DanMachi: A Flecha de Orion encarna o verdadeiro espírito de aventura oitentista e te levará numa jornada contra forças das trevas numa terra exótica, mas familiar.
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