Crítica: Stranger Things - 3a Temporada

Há alguns anos uma amiga me introduziu a um lançamento da Netflix que ela dizia ser “a minha cara”. Acontece que a novidade era Stranger Things, provavelmente o maior fenômeno de 2016 e um dos mais impactantes da década. Após 2 anos longos e árduos, a terceira temporada chegou e, apesar de levemente inferior a suas antecessoras, entrega uma trama divertida, mais dramática, bem focada no contexto sociopolítico da época e surpreendentemente assustadora.

Um ano e meio depois dos eventos ocorridos na segunda temporada, a turma formada por Mike, Will, Dustin e Lucas (Finn Wolfhard, Noah Schnapp, Caleb McLaughlin e Gaten Matarazzo) agora conta com a presença de Max e Eleven (Sadie Sink e Millie Bobby Brown), pelos motivos que todos nós imaginamos ou sabemos. A eterna e querida pirralhada de Hawkins está no início da adolescência e os hormônios cada vez mais à flor da pele, mas isso não é um mar de rosas para certas pessoas. Impossível dizer que tudo parecia normal e calmo, porque, como visto nos trailers, a cidade está fortemente sob influência e pressão do capitalismo. Ora, estamos no auge da hegemonia americana durante a Guerra Fria! Esse contexto assume um papel fundamental para o novo perigo que o grupo há de enfrentar e sim, os monstros que amamos temer estão de volta e de uma maneira mais inusitada que antes.

Confesso que, por mais que a temporada tenha terminado muito bem, ela só me conquistou no quinto episódio. Estive muito cética em relação a escolhas dos personagens e suas ações, em especial as de Eleven, Hopper (David Harbour) e Joyce (Winona Ryder). Com exceção da última, “pai” e “filha” tomaram decisões, no mínimo, questionáveis e foram capazes de desenvolver uma relação de amor e ódio comigo, mas no final, foi só love. Além disso, o envolvimento dos russos parecia extremamente raso e mal desenvolvido, porém, tudo fez sentido no final.

Vamo falar de coisa boa? Bora. A qualidade técnica continua excelente e as cenas envolvendo monstros e qualquer coisa sobrenatural estão muito bem feitas. E o que falar desse elenco maravilhoso? Todo membro escalado merece fazer parte dessa equipe e estão todos perfeitos em seus respectivos papéis. O elenco principal dispensa comentários em relação às suas performances e peço desculpas às fãs da jovem telecinética, mas as donas da porra toda nessa temporada foram Max e Nancy (Natalia Dyer). A dinâmica entre Steve (Joe Keery) e Dustin continua hilária e aumenta seu humor quando na presença de Erica (Priah Ferguson), irmã de Lucas, e Robin (Maya Hawke), os destaques da temporada.

Finalmente, temos a incrível ambientação, seja pela cidade em si ou os figurinos. Nessa fase, vemos Hawkins e seus cidadãos completamente influenciados pelo poder do capitalismo americano e sua dominância na corrida armamentista, fator implicitamente referenciado. Além de continuarem homenageando clássicos de aventura da década de 80 no estilo Steven Spielberg/Richard Donner, sinto que a série ganhou uma carga dramática ainda maior e uma atmosfera bem parecida com histórias de terror do célebre Stephen King. Tudo isso fez com que a série não perdesse sua essência e retomou minha fé no potencial para novas temporadas, sem falar no clímax e naquele cliffhanger bizarro…

Se você era um mero pré-adolescente ou tinha, em média, 14-15 anos de idade quando a série estreou, irá sentir fortes emoções. Eu estava na nona série quando esse aglomerado de nerds, telecinese e demogorgons entrou em minha vida. Agora, estou terminando o ensino médio, enquanto a turma ingressa nesses três anos brabos. A cada ano, a nostalgia aumenta e espero que continue, se os irmãos Duffer decidirem dar continuação a este épico de ficção científica e aventura. O gostinho de “quero mais” está forte e minhas papilas gustativas necessitam nostalgia.

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