Crítica: Entre Tempos (Ricordi?)

Não sou muito fã do gênero “romance”. Vejo tais filmes como padronizados e fantasiosos, dramaticamente exagerados. Por esta razão, nunca me atraíram. De fato, é um preconceito contra o qual devo lutar. Neste filme, tentei encontrar algo a mais para começar a quebrar meu preconceito. Entre Tempos é um bom filme. E só. A história gira em torno de um complexo amor entre um homem (Luca Martinelli) e uma mulher (Linda Caridi), ambos tentando fazer este relacionamento funcionar.

O roteiro do filme, aliado com a edição, escolhe uma maneira única de contar sua história.  Presente e passado se alternam durante todo o filme, fornecendo informações sobre o relacionamento do casal. Apesar da originalidade da narrativa, o processo chega a ser um pouco cansativo, deixando o espectador um pouco desorientado na linha de construção e desenvolvimento, apesar de ser possível compreender as questões colocadas pelo roteiro e os pontos positivos e negativos dos protagonistas.

A alternância das cenas acaba sendo um fator prejudicial ao investimento do espectador no filme. Toda a atenção  e concentração em uma cena é brutalmente interrompida por cortes, que nos direciona para outra situação, exigindo um novo investimento. Esse lá e cá não foi tão bem feito a ponto de permitir o envolvimento emocional nas cenas.

Apesar do ritmo conturbado, os dois protagonistas conseguem brilhar. Linda Caridi entrega uma performance mais “alegre”, pois é o que o roteiro pede. É uma pessoa doce e feliz, contrastando com o personagem de Luca Martinelli, que é mais frio, mais melancólico e poucas vezes abre um sorriso. Os dois funcionam, pois compreendem seus personagens e, por causa de suas características opostas, se completam, criando uma dinâmica agradável.

A fotografia e o design de produção são bem feitos, com uma coleção de cores frias dominando boa parte da película. Fica tudo bonito, construindo um ambiente que se coaduna com a situação. 

Entre Tempos é um longa agradável que tenta se inovar com um conceito diferente na forma de contar sua narrativa, apesar de cansativa. Entretanto, o casal protagonista de atores vale o ingresso. Ainda não foi este o filme que me fez mudar de ideia acerca do gênero “romance”. Há ainda de chegar o dia em que serei capaz de enxergar o gênero com olhos mais condescendentes. Continuarei procurando.

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