Crítica: (Des)encanto - 2ª Temporada (Disenchantment)

Chega o momento de lançamento da segunda temporada de (Des)encanto e, desta vez, eu quem resenho a série animada. Caso queiram dar uma olhadinha no que nós do Metafictions achamos da primeira temporada, cliquem aqui. Pessoalmente posso dizer que a estréia da série em muito me agradou, em especial pelo apelo histórico de ser inserida em um cenário medieval fictício, mas que bica cá e lá de referências e contextualizações de época e de agora. Acredito que esse é, inclusive, um dos pontos altos da série – piadinhas envolvendo a vassalagem, peste negra e monarquia feudal em contraste com uma – intencionalmente – forçada modernização, que inclui uma princesa beberrona, feministona e que anda de calças por aí.

Se na primeira temporada somos bem apresentados à terra natal de Bean, o Reino de Dreamland, na segunda a narrativa nos conduz em um passeio por outros territórios, ao lado de sua mãe recém-ressuscitada, a rainha Dagmar. Levada pelo amor e falta que a mãe fez por todos esses anos, Bean é incapaz de sacar as reais intenções maléficas da mãe ou ao menos desconfiar que aquela rainha não cheira nada bem – acredito que literalmente também. Ambas saem rumo à terra natal de Dagmar, Maru – uma espécie de Constantinopla -, distante de Dreamland e meio caindo aos pedaços.

Rainha Dagmar e Bean.

Diferentemente da primeira temporada, essa continuação não carrega histórias que segurem a atenção do leitor por muito tempo. Acredito que por cruzar a linha tênue entre “criativo” e “sem noção”, os rumos da narrativas não entretêm e até mesmo ficam tediosos, pelo cansaço que toma conta quando assistindo a série. Vale lembrar que, tratando-se de uma série animada de comédia, isso é um efeito mais que horroroso e pesa em muito, diminuindo consideravelmente sua qualidade.

As piadinhas de época têm menos espaço e piadinhas relacionadas às situações, já mal-vindas como dito, são ditas pelos personagens. Elas são ruins e no máximo geram uma risadinha monossilábica. Os personagens no geral se desenvolvem de maneira fraca e o que (continua) salvando é Luci, o diabinho camarada da menina Bean – mas que é engraçado simplesmente por ser um demônio agindo como humano, muitas vezes. Nada elaborado.

Bean e Luci

Alguns furos da série são explicados nessa continuação, mas muitas pontas são ainda deixadas soltas e novos furos inseridos. Ficção não é bagunça não, viu? Não é só por que a história toda se passa num lugar inventado, em uma época reinventada e que tem mágica pra caralho envolvida que o roteirista pode cagar o script e dizer que tá bom. Nessa segunda temporada a impressão de fazer de qualquer jeito a parada fluir me fica muito clara; mais uma vez, reafirmo o quão dificultoso isso torna para o espectador ficar minimamente disposto a continuar assistindo a série até o fim.

Por fim, de maneira decepcionante, (Des)encanto retorna à Netflix, temperada com piadas fracas, reviravoltas previsíveis, histórias mal-explicadas e sem graça e por aí vai. Uma pena, posto que a expectativa era enorme por conta de seus criadores, Matt Groening e Josh Weinstein, os caras que criaram “The Simpsons” (datada, às vezes boba, mas de maneira geral uma boa série) e Futurama. Resta saber se a continuação (por que, sim, haverá uma) compensará a inconsistência que essa segunda temporada mostrou.

Bean, Luci e Elfo(sim, ele volta e a gente já sabia né?)

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