Crítica Meu Amor por Grace (Running for Grace)

Meu Amor por Grace marca o retorno do diretor David L. Cunningham, após uma década do lançamento de seu último filme, que curiosidade à parte, foi um tanto polêmico por retratar a ocorrência de infanticídio em comunidades tribais no Brasil, a obra se chama “Hakani” e foi proibida no nosso país. No entanto, o longa metragem sobre o qual vamos falar se trata de uma história que, apesar de bonita, não soa muito verossímil. O romance se passa em 1920 em um vilarejo no Havaí, onde a maioria do povoado vive das plantações de café. No meio desse contexto não muito convidativo, por ser uma época onde a segregação racial tem força, dois jovens de realidades completamente diferentes se apaixonam e precisam enfrentar tudo e todos a fim de ficarem juntos, mas é claro que as diferenças sócio-econômicas tornam esse amor ainda mais proibido. Um tanto clichê, não é mesmo?

Tudo corre tranqüilo, sem muitos acontecimentos relevantes na cidade, até que, em um belo dia ensolarado, Doc (Matt Dillon) chega à cidade a negócios e se encanta por Jo (Ryan Potter), um menino bastardo e órfão, figura determinante para a sua decisão de ficar por tempo indeterminado na cidadezinha prestando seus serviços de médico local no intuito de ajudar os imigrantes japoneses. Ele fica rapidamente conhecido por todos e Jo se torna seu assistente e mais tarde filho adotivo. A relação de pai e filho é explorada de uma forma muito genuína e talvez seja o ponto mais alto do filme, por mostrar o processo de amadurecimento, formação de caráter do garoto e principalmente sua disposição de aprender e crescer em um cenário nada favorável a ele.

O mini aprendiz de médico vai vencendo os preconceitos contra ele e ganha a fama de ser veloz como o vento, uma espécie de Usain Bolt da época, o que auxilia no salvamento de vidas. O corredor se apaixona por Grace (Olivia Ritchie), a garota mais bela da cidade, filha de um rico, arrogante e preconceituoso dono de plantação. A menina de coração bom também o observa e admira de longe, mas, além de viver em uma sociedade e lar machistas, raramente ter voz e estar às sombras da constante manipulação da megera sua avó, é também proibida de ter contato com o rapaz. Em uma elipse de tempo, vemos os dois já jovens tentando se aproximar, mas logo os planos dos pombinhos são interrompidos pela chegada de um novo médico no vilarejo, doutor Reyes (Jim Caviezel), cuja atuação é extremamente caricata, vale ressaltar. Um alcoólatra charlatão que apresenta métodos da medicina moderna. A história vai aos poucos nos sugerindo em algumas cenas fatos que podem ser relevantes na vida dos personagens, mas fato que é que os conflitos são muito rasos e a falta de profundidade dos eventos faz com que o espectador se mantenha distante. Mesmo com a bela fotografia apresentada, não há conexão suficiente que sustente o interesse no romance “impossível”. A sensação que se tem é de que já sabemos o que vai acontecer sempre.

Meu Amor por Grace não estrutura profundidade na construção da história dos personagens e não nos presenteia com boas atuações, podendo ser comparado a uma novela brasileira de curta duração, mas é um filme que tem seu valor em dias de leveza e final feliz.

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