Crítica: Cascavel (Rattlesnake)
Aproveitando que estamos em clima de Halloween e o dia dos mortos está chegando, Cascavel estreou ontem para dar uma gás na sua maratona de filmes de terror. Ou não. Começo esse post salientando um ponto positivo do filme, ele é bastante objetivo e gira em torno de apenas um fato: uma mãe que precisa salvar a vida de sua filha. É claro que essa temática poderia dar mais pano pra manga, porém, o diretor australiano Zac Hilditch não quis cansar ou gerar muitas expectativas no espectador, ele não explorou muitas camadas de suspense e foi direto ao ponto em seu segundo projeto realizado em parceria com a Netflix.
Katrina (Carmen Ejogo) pega a estrada com sua filha, Clara, com quem tem uma relação de cuidado muito bonita, em busca de uma nova vida, ao que parece. O filme não dá muitas explicações sobre seu passado, mas temos a sensação de que a protagonista está deixando pra trás alguém ou algo que a fez muito mal e o momento é de recomeço. Obviamente que essa viagem não seria nada tranquila e, sem firulas, nos primeiros minutos Cascavel mostra para o que veio. Já de cara o pneu do carro fura no meio do deserto onde o celular não tem sinal e, pra piorar, Clara é picada por uma cascavel. Aquele dia onde tudo dá errado, quem nunca?
Eis que ela encontra um trailer onde consegue ajuda de uma mulher misteriosa para curar sua filha enquanto troca o pneu do carro. Ao retornar ao trailer e ver que a mulher desapareceu assim como a picada da cobra na perna da pequena, Katrina fica um tanto desnorteada, mas pega sua filha “curada” e a leva para o hospital. A partir daí a narrativa é clara, essa ajuda teve um preço altíssimo e vai custar a vida de alguém, só não sabemos quem.
A fotografia do filme é escandalosa e brilhantemente explorada durante toda a trama, inclusive nos momentos de mais angústia. Traz o clima perfeito e necessário para a tensão da história. No caso, uma cidade com poucos habitantes situada na parte sul dos Estados Unidos, que conta com diversos cenários isolados ou abandonados, aumentando as chances de acontecimentos sinistros e, tudo isso é compensado com o mais lindo pôr-do-sol.
Em meio ao dilema moral de Katrina, ela começa a ver ex-moradores da cidade mortos e todos enviam a mesma mensagem: “seu tempo está acabando”. A atuação de Carmen é boa, mas não a ponto de fazer com que nos envolvamos tanto com seu conflito. Há empatia, mas não há catarse. O questionamento “do que você seria capaz pra proteger quem você ama?” é real, mas a protagonista se questiona e hesita tanto que faz com que a dramaticidade fique comprometida e peque no quesito convencimento.
Cascavel tem seus bons momentos, é um filme simples que não tem um final clichê. O diretor optou por um roteiro que valoriza a imaginação do espectador, ou seja, o final fica aberto para nossa livre interpretação. Além disso, caso você não curta tanto o longa, são apenas 80 minutos, então, ainda haverá fôlego pra emendar outros em seguida e seguir a vibe scrary movies.
Leave a Comment