Crítica: Os 3 Infernais (3 from Hell)

No ano de 2005, Rob Zombie lançava seu segundo longa-metragem, permanecendo na esfera do terror splatter, com o título “Rejeitados pelo Diabo”. Essa tendência conduziria basicamente toda a sua filmografia, fazendo-o refilmar o clássico “Halloween” em duas partes, investindo nas suas largas doses de sadismo e perturbação. Sua mais nova produção, Os 3 Infernais, é uma continuação daquele “Rejeitados pelo Diabo”, reutilizando os interessantes personagens que construíra há cerca de 15 anos. Naquela ocasião, a história narrara a perseguição policial a três psicopatas em série, que promoviam o terror nas comunidades por onde passavam. A nova obra, porém, inicia com eles presos (um tendo sido executado) e seu processo de soltura, quando passam a ser reintegrados na sociedade.

Esse processo de soltura, porém, é forçada; e a tal reintegração é mera ironia de minha parte. Otis (em grande caracterização de Bill Moseley) é uma espécie de Charles Manson igualmente já bem velho, que consegue escapar da prisão ao lado de um novo ajudante, Winslow Coltrane (em boa atuação por Richard Brake), ocupando o lugar daquele parceiro de outrora, agora executado. A ação dos novos fugitivos é conseguir libertar a irmã de Otis, Baby (em grande atuação de Sheri Moon Zombie), ainda presa sob vigilância de uma forte equipe do presídio. A nova dupla fará de tudo, então, para conseguir reunir o grupo e colocá-lo, mais uma vez, de volta na estrada.

Baby e mais um maluco no caminho.

As sequências que se seguirão, até a solução da questão com Baby, tanto por parte dos dois amigos, quanto por parte dela própria dentro do confinamento, é um compilado de sadismo splatter sem qualquer conteúdo, utilizando-se de uma forma já identitária do diretor, mas não querendo dar uma passo além de um exercício meramente visual de pura carnificina. De modo algum as minhas palavras aqui são orientadas por uma forma de rejeição moral a filmes desse estilo. É muito mais uma orientação consciente de rejeição intelectual a filmes desse estilo: nada a dizer, nada a acrescentar e nada a se tirar dali. A sensação que Os 3 Infernais deixa ao seu espectador é de puro vazio.

Até mesmo as sequências pós-libertação de Baby (e isso não é spoiler, evidentemente) sofrem uma pesada mão direta do roteirista (também Rob Zombie) para ligar os acontecimentos à trama apresentada no início da narrativa. Quando de sua fuga, Otis havia detonado um presidiário e esta ação levou o filho da vítima a querer vingança. Os fugitivos – olha que beleza! – vão para o México e se hospedam em uma terra de ninguém, na qual o mandachuva conhece o rapaz sedento por um acerto de contas. Ou seja, uma patacoada que se forma a partir de um vazio narrativo, de um vazio de expressão e de um vazio de discurso. Parece-nos que a expressão única a ser relatada ao espectador é o sadismo pelo sadismo. Em determinado momento, enche as bolas sobremaneira!

Os 3 infernais.

Caro leitor, devo me desculpar, antes da conclusão, por estar publicando, possivelmente, aquela que se apresenta como a pior crítica que já produzi aqui no site. Mas quando o filme não é nada inspirador, e que é tão ruim a ponto de sequer te inspirar a escrever com vigor todas as coisas que te incomodaram nele, não há como se traduzir em uma resenha palavras bem colocadas à procura de um lapidação tão mais rebuscada. O fato é, eu poderia resumir os cinco parágrafos em apenas uma frase e isso já estaria de bom tamanho: “Os 3 Infernais não tem nada a dizer para ninguém, não tem razão de ser, não produz qualquer efeito em seu espectador”.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.