Crítica: The Politician - 1a Temporada
Os últimos três/quatro anos foram períodos conturbados para a política como um todo. Muitos fatores contribuíram para nos encontrarmos no cenário político atual e nos deram, pro bem ou pro mal, figuras, no mínimo, memoráveis. Explorando todos esses aspectos de forma criativa e dinâmica, Ryan Murphy nos entrega uma das séries mais aguardadas do ano e não decepciona: a comédia The Politician.
Desde criança, Payton Hobart (Ben Platt) sabia que o seu destino era ser eleito presidente dos Estados Unidos, um cargo que não deveria estar entre os mais cobiçados atualmente. O jovem é um político nato, com direito a staff próprio, e transborda seus dons na corrida eleitoral para presidente do Grêmio Estudantil do colégio Saint Sebastian, mas terá de percorrer (e superar) obstáculos durante a jornada. Misture isso com um elenco sensacional e a genialidade de Ryan Murphy e descobrimos porque a sátira era tão aguardada pelo público e seria um enorme sucesso.

O elenco faz um ótimo trabalho, dando vida a personagens que, a princípio, parecem ser superficiais e típicos estereótipos de toda produção situada no high school, e de repente, flau! Eles são bem desenvolvidos e com humor majoritariamente ácido, o que eleva o charme provocado pela série. No geral, as atuações são ótimas e é claro que tiveram certas performances que se destacaram, mas antes de revelar meus favoritos, gostaria de fazer uma menção honrosa à Gwyneth Paltrow. Apesar de um ranço que tenho por ela, Paltrow entregou uma das pouquíssimas figuras com verdadeira sensatez e fez isso muito bem como a mãe de Payton, Georgina.
Partiu, Top 3! Como fã devota da Broadway, fico muito feliz de ver o povo lá fazendo sucesso nas telas, então, não poderia estar mais orgulhosa de ver o Ben Platt finalmente estrelando um projeto grande. Além de ter a voz de um anjo e participações pequenas em filmes como “A Escolha Perfeita”, Platt expressa todo o seu talento e interpreta um jovem diferente de qualquer outro que já interpretou, cheio de ambição, determinação e uma imagem a manter, características básicas de um político. Em seguida, a lindíssima Lucy Boynton como Astrid Sloan, rival de Payton e a candidata menos agressiva. A britânica mais conhecida por “Bohemian Rhapsody” e “Sing Street” assume o papel da principal competição do protagonista e, acredite se quiser, você vai simpatizar com ela. Por fim, na pele da insana Dusty Jackson, Jessica Lange! A vencedora do Oscar e participante frequente dos trabalhos de Murphy dá vida à uma velhinha cuja personalidade fica explícita no trailer e, se pegarmos papéis anteriores da atriz (digamos, em “Tootsie”), veremos que este é totalmente diferente. Que camaleoa e que performance!

Acharam que não iria comentar sobre a parte técnica da série! ACHARAM ERRADO!! O ritmo da série é bastante dinâmico e, ao meu ver, dinamismo é uma das marcas registradas do gênio Ryan Murphy, porque à medida que você termina um episódio, o gostinho de “quero mais” fica cada vez mais forte e é inevitável a vontade de maratonar. A equipe de roteiristas faz um trabalho mais que competente em transformar o ambiente escolar numa acirrada corrida presidencial, transformando, também, todos os envolvidos em figuras incrivelmente similares às que vemos em todo período de eleição. Os diálogos não são perfeitos (apesar de envolventes), mas a ambientação compensa. Além disso, a paleta de cores ao longo dos oito episódios é muito interessante. Como se pegasse as cores fortes de “La La Land” e as juntasse aos tons pastéis de filmes do Wes Anderson, resultando numa delícia.

Admito que a pegada satírica e acelerada pode não conquistar muita gente, mas já dizia Aristóteles: quem não arrisca, não petisca. Isso vale também para quem conhece e/ou é fã de algum aspecto da produção, de membros do elenco ao povo detrás das câmeras. Mas pense bem, caro leitor, assim como nas eleições, o que você tem a perder ao fazer essa escolha?
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