Garimpo Netflix #41
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Essa semana no Garimpo vamos indicar a vocês três obras cujas temáticas não dialogam em absolutamente nada, mas que têm em comum, além da óbvia qualidade, o fato de serem autorais, independentes e, principalmente, excelentes. A Netflix tem um histórico bem salutar de investir no cinema independente do mundo todo e hoje vamos apresentar obras desse tipo espalhadas pelo globo, mais precisamente pelas Américas.
Não deixem de nos dizer o que vocês acharam dos filmes nos comentários!
– La Vingança, de 2016, dirigido por Fernando Fraiha
Pouco antes de se tornar universalmente famoso como o já mítico – e extremamente pertinente em seus comentários e nas informações cruciais que nos traz sobre o show business – Renan da Towner Azul-Bebê do fenômeno Choque de Cultura, Daniel Furlan estrelava este La Vingança como Vadão, o elemento que eu mesmo chamei de a melhor coisa do filme na crítica quando do lançamento da película. Trata-se de um road movie brasileiro, que se vale da eterna rivalidae galvãobuenozística entre Brasil e Argentina. Nele, Caco (Felipe Rocha) pega um argentino passando o chorizo na sua namorada. Ao contar isso pro melhor amigo, Vadão (Daniel Furlan), que é um putanheiro daqueles de almanaque, a decisão é a mais sensata possível: vingar-se dos argentinos em uma viagem de carro a Buenos Aires cujo principal objetivo é, nas palavras dos protagonistas, comer todas as argentinas que puderem. Faz todo o sentido, não?
Enfim, por mais que seja um mote que convide a piadas chulas e sexistas, La Vingança resiste a essa tentação e apresenta uma excelente comédia nacional que passa ao largo do que estamos acostumado a assistir nesse gênero, divertindo demais na hora e meia de exibição.
Confira a crítica do filme na íntegra aqui.
– Mais Uma Chance (Private Life), de 2018, dirigido por Tamara Jenkins
Indicada ao Oscar pelo roteiro de “A Família Savage”, Tamara Jenkins, que também dirigiu, assim como este Mais Uma Chance, Tamara Jenkins é uma cineasta conhecida por fazer filmes delicados ao mesmo tempo que brutais em seu retrato das formas como nós nos relacionamos nos dias de hoje. Desta vez, suas lentes se voltam a um casal, vivido pelos sempre excelentes Kathryn Hahn e Paul Giamatti, que busca engravidar sem sucesso há algum tempo, mostrando todo o suplício que essa missão pode e costuma ter na vida de qualquer casal.
É certamente um dos melhores filmes disponíveis no catálogo da Netflix, contando com uma discussão atualíssima, uma reflexão sobre um movimento feminista que pode ser brutal às mães e diálogos que vêm pra comprovar que somos todos apenas humanos, demasiadamente humanos.
– Tempo Compartilhado (Tiempo Compartido), de 2018, dirigido por Sebastián Hoffman
Vou dizer logo de cara. Como pode ser visto na minha votação pra lista do nosso Top 10 – Melhores Filmes de 2018, Tempo Compartilhado foi um dos melhores filmes do ano de 2018 e a razão para tanto está escancarada na minha crítica que pode ser conferida aqui. Trata-se de um filme inventivo, criativo e sufocante, valendo-se de analogias e signos construídos de forma não menos que brilhante, transformando o que começa como uma aparente comediazinha qualquer em um tratado sobre a condição humana, com tons distópicos e opressivos. E tudo isso a partir de uma semana de férias de uma típica família da classe média mexicana.
Aqui o diretor Sebastián Hoffman se vale do sistema de time-share como ponto de partida pra traçar uma crítica social violentíssima, passando como um tratar por cima dos mais comezinhos sentimentos humanos, em especial a nossa necessidade de pertencer, de fazer parte da manada e de segui-la a todo custo. É nada menos que um dos 5 melhores filmes que já tive o prazer de resenhar pra esse site e, ao meu ver, uma pérola autoral e independente do cinema mexicano que precisa ser vista.
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