Crítica: Amor em Jogo (Kicking Out Shoshana)

Todd Phillips, o diretor do megassucesso “Coringa“, deu uma pisada na bola em entrevista recente. Mente por trás de comédias como “Se Beber Não Case”, ele culpou o politicamente correto pela sua decisão de abandonar o gênero. Para ele, a militância estaria destruindo o humor porque os “caras engraçados” não podem mais trabalhar sem que isso ofenda alguém e cause uma briga no Twitter. Talvez ele não tenha percebido que o mundo mudou. Assim, é inevitável que o humor também tenha mudado. E se os caras engraçados não conseguem fazer rir nos novos tempos, talvez eles é que não sejam tão engraçados assim.

O que me fez retomar a entrevista de Phillips foi a estreia de Amor em Jogo, de Shay Kanot. Chegando bem atrasado ao Brasil, afinal o longa israelense foi lançado em 2014, a produção é um bom exemplo do humor velho que não se aclimatou bem aos dias de hoje.

Ami (Oshri Cohen) é um jogador de futebol adorado pelos torcedores. Na conservadora Jerusalém, as coisas ficam feias quando ele resolve se engraçar para a bela Mirit (Gal Gadot, também conhecida como Mulher-Maravilha). Só que a moça é namorada do chefão da máfia israelense, que resolve punir o jogador exigindo que ele finja ser gay e, assim, seja publicamente humilhado. Execrado pela torcida e por seus colegas de time, o rapaz passa a ser o novo ídolo da comunidade LGBTQI+ de Israel e motivo dos suspiros de Mirit.

Então, vamos encarar a realidade sem muitas delongas. Ao assistir ao longa, a sensação que fica é a de que ele poderia ter continuado a não estrear no Brasil que ninguém se importaria. Tirando o carisma de Oshri Cohen, que segura sozinho esse trem desgovernado, e a possibilidade de ouvir o som do hebraico, todo o resto é uma bobagem.

Primeiro, a produção parece uma Sessão da Tarde bem ruim. Uma coleção de clichês, sem a menor noção de ritmo, o roteiro tenta ser “libertário”, mas só consegue reproduzir preconceitos e caricaturas. A tela é invadida por um pastelão que oscila entre o ofensivo e o açucarado. Assim, todos os gays do filme são estereótipos e a mocinha está ali mais para cumprir tempo de tela exibindo a beleza do que qualquer outra coisa.

Por falar em mocinha, a performance de Gal Gadot está longe das maravilhas. É constrangedora. Realmente constrangedora. É como se ela estivesse fazendo um zumbi em “The Walking Dead” versão hebraica. Catatônica. A Siri, assistente virtual do Iphone, consegue ser mais expressiva. Principalmente quando a Siri faz beat box, maravilha que você pode conferir aqui e é muito mais legal que o filme.

Amor em Jogo é um jogo de erros. No futebol, ele seria lembrando como um gol contra. No cinema, ele só será esquecido.

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