Garimpo Netflix #47: Proteger e Servir vol. 2
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Quando da publicação de nosso Garimpo: Proteger e Servir, o qual tinha como fio condutor entre as três indicações o abuso de autoridade por parte da polícia, um leitor nosso cobrou algo que eu já havia projetado desde a construção daquele Garimpo: um novo conjunto de títulos que enaltecessem o trabalho dos homens da lei.
Pois bem. Após procurar entre o vasto material disponibilizado pela Netflix, hoje conseguimos concluir o quadro, contendo três filmes que assumem a grande importância daqueles que, dia após dia, saem para trabalhar com suas vidas por um fio. Se antes posso ter sido etiquetado como esquerdista, só por indicar filmes que mostravam o lado ruim da polícia, hoje ganharei a alcunha de “fascista” apenas por declarar o óbvio. Quando se vive em uma cidade (ou país) em que a ideia de polícia e ladrão já atravessou muitos limites a ponto de se tornar uma aberta guerra civil, a figura do policial truculento não surge como uma opção, mas como única saída de sobrevivência. Ou é isso, ou não se vive.
Assim sendo, as três produções americanas de hoje trazem cenários completamente diferentes entre si, nos quais há sempre alguém (com distintivo ou não) pronto para proteger e servir a sociedade.
– Dia de Treinamento (Training Day), de 2001, dirigido por Antoine Fuqua
Dia de Treinamento nos conta o primeiro dia de trabalho de um policial novato nas ruas, enquanto é treinado para ser detetive. Ocorre que seu parceiro e tutor é um policial badass escroto demais. Trata-se de Alonzo Harris (em uma inacreditável atuação de Denzel Washington, que lhe rendeu o tão esperado Oscar de melhor ator principal), um sujeito que parece não ter ética alguma e tenta, a cada instante, corromper a “alma pura” de quem entendeu o real significado de ser policial.
Durante essas horas de trabalho, entre a manhã e a noite, Jake (em grande trabalho de Ethan Hawke), o policial novato, deverá lutar contra todas as forças possíveis e imagináveis para se manter fiel ao seu juramento. Funcionando como a imagem do diabo e do santo que batalham entre si para influenciar um terceiro, assim são as encarnações dos dois personagens, em um embate envolvente e extremamente tenso acerca das escolhas e dos caminhos que decidimos fazer.
Leia a resenha completa aqui.
– Caça aos Gângsteres (Gangster Squad), de 2013, dirigido por Ruben Fleischer
No limiar entre as décadas de 1940 e 1950, a cidade de Los Angeles é regulada por gângsteres, dentre os quais a liderança aparentemente invencível de Mickey Cohen (Sean Penn) se faz onipresente. Para que o controle permaneça em suas mãos, o chefe engloba os principais setores da cidade, fazendo-a mergulhar em uma atmosfera de corrupção e vícios.
A típica história de polícia e ladrão ganha seus contornos perfeitamente confortáveis ao colocar o policial John O’Mara (Josh Brolin) como líder de uma equipe de policiais, entre os quais Jerry Wooters (Ryan Gosling), sedento por vingança, prontos a diminuir o lendário Mickey Cohen a nada mais do que um simples homem assustado. Com grande estética (talvez mais do que narrativa propriamente dita) e ambientação, Ruben Fleischer conduz este conto policial, um velho conhecido nosso em estrutura.
– Corpo Fechado (Unbreakable), de 2000, dirigido por M. Night Shyamalan
Corpo Fechado é o exemplo daquela história sobre alguém que tem ética e compaixão de sobra e usa os recursos próprios para proteger e servir inocentes, independente de carregar um distintivo ou apenas ter um casaco de segurança. Pessimamente vendido à época de seu lançamento, vindo no encalço de seu antecessor “O Sexto Sentido“, o trailer nos dava a entender se tratar de um filme sobre espíritos ou espiritualidade. Um único sobrevivente de um absurdo acidente de trem faria com que David Dunn (Bruce Willis), o dito cujo, repensasse pontos de sua vida, enquanto respirava aliviado a “nova vida” que ganhara.
Porém, ao longo da narrativa sempre bem dosada e marcada de M. Night Shyamalan, vamos percebendo que Dunn fora encontrado por alguém que o procurava por toda sua vida: seu oposto, seu lado espelhado, um homem tão frágil que se quebrava como vidro. “Elas me chamam de Mr. Glass (Senhor Vidro)”, conta Elijah Price (Samuel L. Jackson), seu antagonista. Como herói e vilão que necessariamente se complementam, assim se relacionam Dunn e Price, em um conto extremamente humano acerca de homens que utilizam sua força para proteger ou para destruir.
Primeira parte de uma trilogia, que continuou com “Fragmentado” e “Vidro“.
Leia a resenha completa aqui.
Leave a Comment