Crítica: Distrito 9 (The 9th Precinct)
Caso você, meu ilustre leitor, tenha caído aqui ao jogar no Google “Distrito 9” esperando encontrar o ótimo longa de Neill Blomkamp (presente em nosso Top 10 Filmes de Aliens), lamento decepcioná-lo. Estamos aqui para celebrar o outro Distrito 9, esse dirigido por Wang Ding-Lin e estreante na Netflix. Mesmo não falando de alienígenas em uma bela alegoria sobre refugiados na África e o Apartheid na África do Sul, ainda assim não abandonamos uma temática que foge ao mundo real e concreto que temos. Em Distrito 9 made in Taiwan) mergulhamos no mundo da espiritualidade e fantasmas de uma das culturas mais antigas do globo.
Em resumo, acompanhamos um caso policial que é uma mistureba muito louca de clássicos do cinema. Pegue aquele departamento secreto de “MIB“, com a repartição pós-vida de “Os Fantasmas se Divertem” e os poderes paranormais de Cole em “O Sexto Sentido” (confira nosso Top 10 Filmes de Terror), e teremos um departamento da polícia – o Distrito 9 – que cuida de casos paranormais de uma forma bem peculiar. Aqui os casos fantasmagóricos são resolvidos somente para atender as necessidades dos mortos, sem qualquer envolvimento ou desdobramento com o mundo dos vivos. Um fantasma de criança apareceu e descobriu-se que ela foi assassinada por envenenamento? Ok, caso resolvido. Procurar pelo o assassino, talvez? Não. O importante aqui é descobrir os motivos das aparições ou entender o porquê desses fantasmas não terem ido de vez para outro plano astral, sem mais.
E aí que começa o conflito do longa com os nossos personagens entrando em rota de colisão. Mr. Chang (Chia-Chia Peng), chefe do departamento, e Chen Chia-Hao (Roy Chiu), recém-arecrutado, são médiuns com visões distintas do que é o papel deles como policiais. Chen, que o filme se dedica a construir no seu terço inicial, acha que é dever deles trazer justiça para os perpetradores de atos que levaram ao óbito os fantasmas com quem eles interagem, enquanto seu chefe, Mr. Chang, joga com o manual debaixo do braço, com a política de não misturar os assuntos dos dois mundos. Eis que um caso de assassino em série se apresenta e inicia-se um conflito que carregará a obra até seus momentos finais.
Vamos aproveitar para tirar logo do caminho algo que fica evidente em 5 minutos de filme. Os efeitos visuais são uma bosta, tanto os gerados por computador quanto os práticos, com as maquiagens piores que as do Taxi do Gugu (que Deus o tenha). Além disso, enfraquecendo a narrativa, temos uma indefinição do roteiro, que não sabe muito bem se quer ser uma obra de comédia ou de drama, causando várias quebras no ritmo do longa que só te cansam e tiram a imersão em momentos importantes e com carga emocional. Contudo, nada é tão grave quanto o plot final, que é tirado do cu e não tem pé nem cabeça. É uma forçada de barra tão grande que coloca a perder um filme que tinha uma premissa interessante, mas que não amarra nada em seu final.
Em suma, Distrito 9 não é a pérola mais chamativa do cinema oriental, mas cumpre a função de te entreter pelos seus 95 minutos.
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