As Obras de Pior Avaliação de 2019

Há um lugar especial reservado no inferno para os amantes da sétima arte. Nele, há uma tela gigante passando “Cinderela Baiana” em um loop eterno. No entanto, todo ano os produtores de cinema, de TV e do mundo todo fazem uma competição acirradíssima para convencer o nosso glorioso mochila de criança a trocar o grande e único clássico da Axé Cinema por uma nova obra. E este ano pela primeira vez, segundo minhas fontes satanistas, JJ Abrams chegou muito perto, mas a Rainha Carla Perez segue soberana lá embaixo.

Foi por pouco, JJ!

Nem todo mundo tem por trás de si uma máquina como a Disney e, portanto, nem todos conseguem dar cagadas portentosas, épicas e grandiosas como a produtora que hoje detém um quasi-monopólio nos cinemas. O MetaFictions, contudo, não esquece dos pequenos, dos cineastas do mundo todo que tanto se esforçam para fazer obras absolutamente lamentáveis mesmo sem orçamento, mesmo sem atores, mesmo sem roteiro e muitas vezes até mesmo sem diretores, eles vão lá e fazem por amor ao cinema e para a desgraça do espectador.

Estas são as obras que receberam as piores notas do ano de 2019 aqui no MetaFictions, que se mantém fiel na tarefa de prestar um serviço de utilidade pública ao permitir que vocês poupem o tempo de vocês em vez de assistir a essas bombas. Abram por sua conta e risco e não deixem de conferir nossas listas dos anos anteriores.

Os Filmes de Pior Avaliação de 2017 do MetaFictions
As Obras de Pior Avaliação de 2018


O Manicômio (Heilstätten), dirigido por Michael David Pate, lançado em 2 de janeiro

“Manicômio, portanto, é um daqueles filmes que põem a prova o quanto uma fórmula de nada significa se você não souber aplicá-la. Uma obra de terror que revisita tantos lugares-comuns e erra com convicção na forma com que rege os elementos do gênero. Com uma premissa promissora, o resultado é um tanto quanto patético. Uma pena, parecia ter tanto potencial.”
Por Rene Michel Vettori em crítica publicada em 4 de janeiro

Revenger, dirigido por Seung-Won Lee, lançado em 15 de janeiro

“A única coisa que se salva aqui são efetivamente as lutas, nas meras 5 vezes em que acontecem. Em um filme como este era pra porrada estar estancando incessantemente, até mesmo como contraponto para todo o resto. Mas inexplicavelmente não é isso que acontece, de modo que ficamos na mão com um filme de porrada sem tanta porrada assim e que fracassa retumbantemente ao tentar ser qualquer outra coisa que não isso. E, quando acontece, apesar de termos aí algumas ideias executadas com competência, temos também o expediente de dar aquela apressadinha nas imagens em uns 5 a 10% só para fazer parecer que o sujeito está se movendo mais rápido. Quando feito bem, é ótimo, mas quando não é feito bem fica uma excrescência, sendo que temos aqui os dois casos.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 15 de janeiro


A Ordem (The Order), 1a temporada, criada por Dennis Heaton e Shelley Eriksen, original netflix disponibilizado em 6 de março

“Se Harry Potter contou com uma criação certeira e segura, fazendo-nos mergulhar em um universo de fantasia para esquecermos, por um instante que seja, as mazelas do mundo real; se ‘The Vampire Diaries’, apesar de seus erros grotescos e traições constantes à sua própria mitologia, conseguia criar uma relação do público com seus personagens, que encarnavam conflitos realmente dignos; A Ordem mostra que uma mistura louca de bons ingredientes não necessariamente resulta em uma produção de gosto. Essa realização, portanto, nos faz consentir com uma fala de um dos personagens mais legais da série em discussão: ‘lamento por essa geração’.”
Por Rene Michel Vettori em crítica publicada em 8 de março

Paskal: Missão Resgate (Paskal: The Movie), dirigido por Adrian Teh, original Netflix disponibilizado em 15 de março

“Tudo isso incomoda e torna o filme inassistível, mas o que é mais bizarro mesmo é uma maluquice do caralho daquele velho e vetusto discurso de que o militar está aí para servir a liberdade de sua nação. Enquanto que os soldados americanos estão já há décadas morrendo e matando para garantir os direitos das empresas americanas a contratos bilionários na indústria da construção civil e, principalmente, do petróleo, aqui fica muito claro que essa porra desse Paskal só existe para servir como cão de guarda das grandes petrolíferas mundiais.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 15 de março


Suzzanna: Enterrada Viva (Suzzanna: Bernapas dalam Kubur), dirigido por Rocky Soraya, original Netflix disponibilizado em 1º de abril

https://www.youtube.com/watch?v=uVWNb83zpU4

“Porém, o que estava prometendo ser uma experiência pouco sofrível, se torna uma das maiores torturas audiovisuais pelas quais passei recentemente. O nível de atuação – que era nitidamente direcionado para ser ruim – é tão baixo, tão amador, que parecia aqueles testes para elenco com os piores candidatos possíveis. Além disso, a maquiagem tirou qualquer possibilidade de imersão, sendo tão ruim tanto a Suzzanna em vida, quanto na morte. Eu tive a sensação de estar assistindo um episódio especial do “Chapolin”encontrando o “Zorra Total”, com tudo muito precário e feito nas coxas.”
Por Rene Michel Vettori em crítica publicada em 4 de abril

Cópias – De Volta à Vida (Replicas), dirigido por Jeffrey Nachmanoff, lançado em 19 de abril

“Por fim, declaro minha decepção absurda com esse filme, que eu até acreditei que poderia se salvar como entretenimento barato, mas que certamente nem pra isso serve.”
Por Jessicka Silva em crítica publicada em 21 de abril


Fúria Feminina (Huai Phuong), dirigido por Le Van Kiet, original Netflix disponibilizado em 21 de maio

https://www.youtube.com/watch?v=g_epI5WK_rQ

“Sem nenhum sucesso ao procurar as autoridades, Hai Phuong segue sua jornada e cruza com diversos grupos que geram conflito e, mais uma vez, cenas de combate ocupam a tela. Não há mais muito o que se falar de Fúria Feminina. No fim das contas, não é possível anexá-lo como uma tentativa de empoderamento ou qualquer coisa assim, a não ser adotando uma perspectiva rasa que confunde representatividade com lugar de fala. Não basta enfiar uma mulher num filme e bum, a mágica acontece. Tampouco acho que seria necessário ter o discurso de empoderamento para o filme ser de boa qualidade. Falta tempero numa produção de um cinema ainda embrionário, que precisa crescer para além de clichês e adentrar de maneira mais selvagem em suas narrativas; um derivativo barato da produção comercial de ação mundial não pode ser a única representação de um país tão complexo como Vietnã.”
Por Larissa Moreno em crítica publicada em 23 de maio

Seis Vezes Confusão (Sextuplets), dirigido por Michael Tiddes, original Netflix disponibilizado em 17 de agosto

“O mais novo filme da família Wayans, Seis Vezes Confusão, tem Marlon Wayans – indiscutivelmente o mais famoso e talentoso dos irmãos Wayans, capaz de papéis muito mais densos como o de “Réquiem para um Sonho” – interpretando diversas pessoas como Eddie Murphy e segue a mesma linha das obras anteriores da família Wayans, com a diferença de que NÃO HÁ ABSOLUTAMENTE NADA DE ENGRAÇADO AQUI. É sério. Não há sequer uma cena que se salve e nenhum dos personagens que Wayans interpreta é minimamente memorável. Trata-se de um filme abominável, que não consegue cumprir absolutamente nada do que se propõe.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 17 de agosto


The I-Land, 1ª temporada, criada por Anthony Salter, original Netflix disponibilizado em 12 de setembro

https://www.youtube.com/watch?v=TB_hRI1L2ys

“A série só não é um desastre completo porque tem momentos que são cômicos tamanha a tosqueira deles, além também de ter uma premissa que é até interessante. Mas até uma Ferrari deixa de ser interessante se ela tiver batido num caminhão de esterco e ficado coberta dele. É preciso muito trabalho para limpar e polir aquilo tudo pra que se reconheça isso e eu confesso a vocês que não sei de onde me saiu a boa vontade suficiente para ter enxergado isso e dado meia claquete a mais do que seria a nossa nota mínima.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 14 de setembro

Os 3 Infernais (3 From Hell), dirigido por Rob Zombie, lançado em 23 de outubro

“Caro leitor, devo me desculpar, antes da conclusão, por estar publicando, possivelmente, aquela que se apresenta como a pior crítica que já produzi aqui no site. Mas quando o filme não é nada inspirador, e que é tão ruim a ponto de sequer te inspirar a escrever com vigor todas as coisas que te incomodaram nele, não há como se traduzir em uma resenha palavras bem colocadas à procura de um lapidação tão mais rebuscada. O fato é, eu poderia resumir os cinco parágrafos em apenas uma frase e isso já estaria de bom tamanho: ‘Os 3 Infernais não tem nada a dizer para ninguém, não tem razão de ser, não produz qualquer efeito em seu espectador’.”
Por Rene Michel Vettori em crítica publicada em 25 de outubro


Amor em Jogo (Kicking Out Shoshana), dirigido por Shay Kanot, lançado em 1º de novembro

“Por falar em mocinha, a performance de Gal Gadot está longe das maravilhas. É constrangedora. Realmente constrangedora. É como se ela estivesse fazendo um zumbi em “The Walking Dead” versão hebraica. Catatônica. A Siri, assistente virtual do Iphone, consegue ser mais expressiva. Principalmente quando a Siri faz beat box, maravilha que você pode conferir aqui e é muito mais legal que o filme. Amor em Jogo é um jogo de erros. No futebol, ele seria lembrando como um gol contra. No cinema, ele só será esquecido.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 8 de setembro

Paradise Beach, dirigido por Xavier Durringer, original Netflix disponibilizado em 8 de novembro

“O único lado bom desse filme ter sido lançado aqui é porque, como eu já falei em outras críticas de filmes franceses (“A Mansão“, “Crazy Trips – Budapeste” e “Alerta Lobo“), ele ajuda a desmistificar aquela impressão que temos em terras tupiniquins de que a França só produz filmes altamente intelectualizados, com pessoas sempre fazendo biquinho e ruminando sobre a obra de Sartre e Foucault (Alô, Larissia!). Lá – como aqui, como nos EUA e como no resto do mundo – há uma produção enorme de filmes genéricos, bestas, que nada agregam a porra nenhuma e Paradise Beach é mais um deles.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 8 de setembro


Cats, dirigido por Tom Hooper, lançado em 28 de dezembro

“Com isso, aprendemos que nem todo material funciona bem se adaptado para outra plataforma, seja ele um livro, HQ, musical, peça e até videogame. É triste ver 2019 encerrando com essa atrocidade nos cinemas, desrespeitando o legado de um maiores musicais da Broadway, apesar de não ser meu favorito. Pior filme do ano? Com certeza. Da década? Talvez.”
Por Valentina Schmidt em crítica publicada em 29 de dezembro

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