As Obras Mais Bem Avaliadas de 2019

Mais um ano se vai de grandes lançamentos no audiovisual, com a consolidação definitiva da Netflix como uma das principais figuras no mercado cinematográfico e televisivo e com a promessa de que esse modelo de negócio se consolide cada vez mais em terras tupiniquins, o que já começa a ocorrer com a Amazon Prime investindo no mercado nacional e outros gigantes, como a Disney +, prestes a se instalarem por aqui.

Foram 16 as obras que receberam cinco claquetes, a nota máxima do site, e uma somente que recebeu a mítica claquete de ouro, reservada às verdadeiras obras-primas, sendo esta tão somente a segunda vez na história do site em que agraciamos uma produção com a claquete de ouro. “Mãe!” foi a primeira e agora não mais a única.

Que sacanagem, bicho.

Estamos contabilizando os votos de todos os colaboradores do site para lançarmos o nosso Top 10 de 2019, mas, enquanto isso, fiquem abaixo com as obras mais bem avaliadas do MetaFictions em 2019! Não deixem de comentar, cornetar, esculhambar e de também conferir as listas passadas!

Os Filmes Mais Bem Avaliados de 2017 do MetaFictions
As Obras Mais Bem Avaliadas de 2018


A Esposa (The Wife), dirigido por Björn Runge, lançado em 10 de janeiro de 2019

“Por fim, certamente faz questionar os ditos certos e errados em relacionamentos, a validade de agir de certa forma e o que é lealdade, fidelidade e companheirismo. Uma inesquecível imersão à reflexões como a de Beauvoir só que no audiovisual; e só tenho que agradecer a honra que é ter tais tipos de devaneios em uma sala de cinema.”
Por Larissa Moreno em crítica publicada em 10 de janeiro

Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse), dirigido por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, lançado em 10 de janeiro de 2019

“Acredito que Lee e Ditko ficariam orgulhosos do resultado final. Um pacote completo: história de origem repaginada, mensagem foda, uma animação muito boa, visualmente e em questões de entretenimento, e filme de super-herói que faz outros do gênero chorarem, inclusive os considerados ‘bons’. Ao meu ver, é o melhor longa do herói e o que merece levar o homenzinho dourado mês que vem. Vencendo ou não, ganhou um lugar especial no coração dessa Marvete.”
Por Valentina Schmidt em crítica publicada em 11 de janeiro


A Favorita (The Favourite), dirigido por Yorgos Lanthimos, lançado em 24 de janeiro de 2019

“Meus leitores Metafictions sabem que histórias da monarquia inglesa despertam a nobreza deste crítico (a ponto de pensar que teria que usar subterfúgios pouco nobres caso um de meus colegas quisesse usurpar a crítica deste filme de mim). E, de cara, Lanthimos marcou um golaço de placa (esse esporte bretão que se deu bem aqui): seu longa não se parece com nenhuma outra produção sobre o tema. Soar totalmente novo em uma seara tão visitada pela sétima arte é uma qualidade muito, muito especial. Todos os riscos corridos nessa ousadia valeram muito a pena, porque o filme é uma beleza.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 24 de janeiroAfter Life – Vocês Vão Ter de Me Engolir (After Life), 1ª temporada, criada, escrita e dirigida por Ricky Gervais, original Netflix disponibilizado em 8 de março de 2019

“Uma verdadeira, e falo isso aqui sem medo nenhum, obra-prima de Ricky Gervais, sua melhor e mais bela criação dentre tantas boas e belas criações, contando ainda com uma trilha sonora maravilhosa e um subtítulo lamentável na tradução para o português, mas que em nada mancha a obra e esta joia de roteiro para o qual eu já não tenho mais palavras. Uma série simples, sem grandes floreios de cinematografia ou roteiro e que encontra nessa simplicidade um abrigo inabalável formado pelas palavras de Gervais.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 9 de março


Nós (Us), dirigido por Jordan Peele, lançado em 21 de março

“Quem são esses na tela, que carregam corpos e mentes iguais aos personagens mas existem como uma cópia? Quem são esses, capazes de atrocidades, enquanto eu não, eu nunca? Quem são esses Outros, essas anomalias sociais que aparecem de tempos em tempos, essas exceções brutais? Somos nós. Nós. Potenciais perversos, sim, vindos de nós. Condescendências diante do absurdo, sim, adotadas por nós. Dominações em nome da pátria, sim, feitas por nós. Maquinários mantendo desigualdades, maquiados pelo progresso de uns, glamour de outros, às custas de silêncios, desde que cheirem bem pra nós, sim, esses somos nós. Esta é a América, disse Gambino; e com ela, e por causa dela, esses somos nós.”
Por Larissa Moreno em crítica publicada em 23 de março
Rocketman, dirigido por Dexter Fletcher, lançado em 30 de maio

“Mesmo que você não conheça a história de Elton John ou conheça e seja daqueles caras que não gostam de fazer concessão quanto a ordem dos acontecimentos, Rocketman é tão vislumbrante e magnético que vai capturar sua atenção de tal forma que você sairá do cinema cantarolando as músicas e enxugando as lágrimas. Esse é de fato um dos melhores – senão o melhor – musicais que vi e me comoveu de tal maneira que há anos não ocorria. Ser um filme sobre um artista que eu admiro muito contribuiu para a experiência? Com certeza e isso tem um forte peso para a apreciação. A minha admiração pela sua música interferiu na minha avaliação? Bem… talvez. Mas o que temos aqui é uma das melhores obras de 2019 até o momento e que já tem um cantinho cativo no meu coração.”
Por Ryan Fields em crítica publicada em 29 de maio


Olhos que Condenam (When They See Us), dirigida por Ava Duvernay, original Netflix disponibilizado em 31 de maio

https://www.youtube.com/watch?v=InMokMK3ji4

“O “passeio” pelas mentes dos cinco meninos é o ápice da produção, que esfrega na nossa cara o que não estava tão claro (por seletividade, é claro) à época: aqueles cinco são seres humanos, e não uma “matilha”, “animais”, como a mídia e até o atual presidente Trump (que se pronunciou à época sobre o caso, clamando pela retomada da pena de morte em NY) insistiam em pintar. Quanto mais afastado for o traço humano dos indivíduos de uma sociedade, e neste caso indo além do veredito de culpado ou inocente, mais inalcançáveis serão as reabilitações e até mesmo prevenções na segurança de um Estado. Olhos Que Condenam é um protesto contra a arbitrariedade de um sistema que justifica injustiças por meio de racismo e xenofobia e que está disposto a continuar capitalizando o medo e ansiedade da população em relação a esses grupos para se manter firme.”
Por Larissa Moreno em crítica publicada em 2 de junho

Relatos do Front, dirigido por Renato Martins, lançado em 15 de junho

“E é esse o aspecto mais importante do olhar de Renato Martins ao nos mostrar que no fim das contas, no saldo de mortos e vidas destruídas, não existe vencedor: perdem todos. Perde o “gado” humano militarizado, mal treinado e mal pago, construído pelo discurso do ódio ao inimigo do morro, que sobe a comunidade pensando que é “matar ou morrer”, perdem os “meninos”, pobres, negros em sua maioria, corrompidos pelo sistema que lhes nega escola de qualidade mas lhe proporciona a arma e o “status” de donos do morro, perdem os moradores das favelas, englobados no território de “marginais”, cuja vida importa menos na geografia da desigualdade social carioca, que elege a favela como zona franca da matança e brutalidade. Perdem as famílias dos assassinados, em ambos os lados, e perdemos todos nós, reféns do medo diário da violência.”
Por Jessicka Silva em crítica publicada em 16 de junho


Toy Story 4, dirigido por Josh Cooley, lançado em 20 de junho

“A espera de nove anos valeu muito à pena e aquela sensação de missão cumprida é linda. Minha gratidão à Pixar é eterna e a jornada até esse glorioso final é gratificante. Aprenderam com “Vingadores: Ultimato” como fazer um quarto/último filme épico! Vou sentir muitas saudades dessa gangue incrível, e essa saudade vai durar ao infinito e além, parceiros.”
Por Valentina Schmidt em crítica publicada em 16 de junho


Bacurau, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles, lançado em 29 de agosto

“Bacurau é ponto alto de um cinema que atingiu, há tempos, sua maturidade. É diversão das grossas também. É lindo. É necessário. É desconcertante. É, também, como lembrado nos créditos finais, uma produção cuja ‘realização e distribuição (…) geraram mais de 800 empregos diretos e indiretos, além de ser a identidade de um país. A cultura é indústria.’ Alguém mande isso para o whatsapp do presidente. Bacurau  é uma obra-prima. E seria o Brasil se o Brasil conhecesse o Brasil.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 1º de setembro

Coringa (Joker), dirigido por Todd Phillips, lançado em 3 de outubro de 2019

“Coringa me fez tremer, me assustou e me incomodou. No final das contas, acho que esse era o propósito. Fazer com que nós, os espectadores, pensemos sobre até onde uma pessoa tão quebrada e tão mal-tratada pode chegar e o que pode fazer. No final do filme, uma citação me veio à mente: ‘Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!’. E eu contemplei… E a cidade de Gotham se desesperou.”
Por Gabriel Eskenazi em crítica publicada em 3 de outubro


American Son, dirigido por Kenny Leon, original Netflix disponibilizado em 1º de novembro

“American Son é uma porrada, é um grito, é dilacerante. É também um espelho de todos nós, em certa medida. E fala profundamente a uma sociedade desgraçadamente racista como a nossa. Com realidades e História diferentes, Brasil e EUA estão, contudo, inegavelmente conectados quando o assunto é tragédia racial oriunda da diáspora africana. Tanto que se você é brasileiro ou brasileira e não consegue se enxergar nos discursos e dores de algum daqueles 4 personagens, você não está entendendo absolutamente nada.”
Por Rodrigo Cirne em crítica publicada em 4 de novembro

Parasita (Gisaengchung), dirigido por Joon-Ho Bong, lançado em 7 de novembro de 2019 – CLAQUETE DE OURO

“Parasita destrincha com marcante perfeição as ações humanas, lapidando suas alegorias microcósmicas ao narrar um conto com suas 2 horas e 12 minutos, que gritam a cada frame o eterno comportamento cruel presente no macrocosmos gerenciado por uma raça que destrói a si mesma, dia após dia, ao longo da existência. Uma daquelas raras peças que são para além de uma simples ‘nota máxima’, de escalas limitantes; uma obra que merece ser guardada em uma ilusória Arca de Noé pós-moderna.”
Por Rene Michel Vettori em crítica publicada em 7 de novembro


O Irlandês (The Irishman), dirigido por Martin Scorsese, original Netflix disponibilizado em 27 de novembro 

“Baseado no livro de Charles Brandt “I Heard You Paint Houses” (Ouvi que você pinta casas – frase de uma fina ironia, veja o filme e descubra a sutileza), escrito a partir de relatos do próprio Frank Sheeran, O Irlandês já recebeu a consagração da crítica antes mesmo de chegar ao público. Um ou outro crítico dos mais respeitados títulos norte-americanos lhe retiraram uma ou outra estrelinha das cinco estrelas máximas. Contraditoriamente, uns alegam lentidão e outros nem percebem a passagem das três horas e meia de duração, considerando o filme rápido demais, diante da trama épica da máfia e das corporações sindicais sujas e violentas. Nada de novo para quem conhece Scorsese. Ele sempre faz a velocidade baixa de seus filmes parecer um thriller às avessas, onde a adrenalina corre em marcha lenta, mas não desgruda o espectador da poltrona ou do sofá de casa.”
Por Jose Guilherme Vereza em crítica publicada em 16 de novembro

A Vida Invisível, dirigido por Karim Aïnouz, lançado em 21 de novembro

“Mas é na entrega de suas atrizes principais que a vida se torna mais que visível. Carol Duarte e Julia Stockler são duas atrizes completamente lançadas no poço profundo de suas personagens. Duas atuações grandiosas, adjetivo que se espraia em vários aspectos de seus trabalhos, poderosas. Duarte traz para Eurídice uma força que se instala nos olhos. Suas cenas tocando piano, nas quais a música atua como resistência catártica aos abusos de mais variadas formas, hão de entrar na memória do cinema nacional. A Guida de Stockler constrói um olhar que, ao longo dos anos e dores, vai cedendo o espaço do fogo apaixonado do início para uma força triste de quem é, acima de tudo, uma sobrevivente. Aliás, o trabalho das duas torna acertada a escolha da produção em substituir o título original do romance e pelo qual o filme chegou a ser referido por um tempo, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, pelo nome pelo qual ele é atualmente chamado.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 24 de novembro


História de um Casamento (Marriage Story), dirigido por Noah Baumbach, original Netflix disponibilizado em 6 de dezembro

“Ao fim de História de um Casamento o que fica é a certeza de que vimos uma obra-prima e uma tristezinha doída e gostosa que machuca o nosso coração, mas que também consola por mostrar como os nossos afetos e, acima de tudo, os nossos amores nos engrandecem.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 8 de dezembro

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