Crítica: Jumanji: Próxima Fase (Jumanji: The Next Level)

Se na resenha de “Jumanji: Bem-Vindo à Selva“, eu havia dito que se tratava de uma continuação e não de um remake (e é exatamente isso) e que a produção conseguira ser bem divertida apesar de cenas e desenvolvimentos de trama já esperados a um filme do gênero, ao escolher escrever sobre o novo episódio, Jumanji: Próxima Fase, fiquei com o pé atrás de quem esperava ver um pouco mais do mesmo, já que pouco se tinha a trabalhar em mais outro tipo de narrativa que envolveria situações semelhantes e personagens idênticos. Se naquela parte o foco principal, entre outros, era como as inseguranças de indivíduos se mantinham claras mesmo em carcaças completamente opostas às suas personalidades (isto é, os “avatares” escolhidos dentro do jogo), sobre o que deveriam investir nessa “próxima fase” do game/filme? O mesmo diretor do anterior, Jake Kasdan, no entanto, conseguiu fazer um pouco mais do mesmo, sem necessariamente perder a qualidade de seu predecessor.

Os mesmos quatro estudantes que, por obra do acaso, se envolveram lá atrás no jogo Jumanji (para quem não viu os anteriores, basicamente este jogo traga seu jogador para dentro de si, fazendo-o se tornar os avatares do game e valendo a vida real dentro do cenário desenvolvido naquele mundo virtual), se tornaram amigos e resolvem se reencontrar, agora que cada um foi para uma faculdade e, para alguns, cidades diferentes. Spencer (Alex Wolff), o nerd inseguro, havia se tornado namorado de Martha (Morgan Turner), a outra nerd, mas o romance não deu lá muito certo. Fridge (Ser’Darius Blain), o popular jogador de basquete, se manteve como tal, agora na universidade; e Bethany (Madison Iseman), a popular-blondie-girl, parece ter evoluído um pouco em sua maturidade nessa nova fase da vida. Porém, se alguns amadurecem, outros continuam com seus traumas interiores e Spencer faz de tudo para evitar o reencontro com os amigos e, em especial, a ex-namorada. Para isso, ele, por escolha própria e consciente, resolve entrar sozinho em Jumanji, uma vez mais; talvez para experienciar, de novo, algo que não é, algo que não consegue ser, por mais que tente. Se lá dentro ele era o colossal Dwayne Johnson, por mais perigoso que seja, a vontade de sê-lo outra vez é atraente, em muito por ainda se sentir frágil diante de seus fracassos enquanto garoto. E lá se vai ele, deixando os amigos sem respostas, desaparecendo no mundo misterioso de Jumanji. Mas amigos sempre procuram amigos e os três vão atrás de Spencer, para dentro do videogame.

Os 4 grandes juntos de novo.

O diferencial agora é que o jogo, arbitrariamente, envolve Eddie, o avô de Spencer, e seu amigo Milo (respectivamente em hilárias atuações de Danny DeVito e Danny Glover), que estavam na casa no momento em que os rapazes se aventuram no game. Mais do que isso, os participantes não puderam selecionar seus “avatares”, sendo escolhidos pelo próprio universo. Dessa forma, os quatro principais de dentro de Jumanji, atuados por Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart e a linda Karen Gillan, mudam suas personalidades de acordo com os novos jogadores que estão por trás deles. Mais do que isso, ainda, dentro das aventuras, os avatares mudam de jogador, fazendo novamente os atores supracitados trabalharem ainda mais em suas representações. E isso é um dos pontos mais divertidos da nova obra de Jake Kasdan: ver o gigante Dwayne Johnson atuar no estilo fanfarrão do miúdo Danny DeVito é memorável. Ou Jack Black, que passeia por um forte jogador de basquete, por uma mulher, entre outras situações. Além disso, dois “velhos” dentro da lógica de um videogame, mostrando um conflito de gerações em relação à tecnologia, também marca algumas das gags mais certas do filme.

Em termos de enredo, é o que já esperamos no anterior e o que se repetirá neste. Com novas situações, evidentemente, recheadas de tensão, de ação, com muito humor e diversão, basicamente a estrutura e a composição das cenas se repetem (não só entre os Jumanji em si, mas em relação a toda e qualquer obra que se pretenda algo semelhante). A profundidade, que não era para ter aqui, e que continua sem se fazer presente, dá brevemente as caras em momentos de ternura sobre amizade, sobre o amor e sobre as inseguranças que levam as pessoas a se afastarem sem ouvirem as outras. Mas certamente que esse não é o foco principal da realização de Jake e nem era para ser. Ainda que ele passe brevemente por esse caminho de algum conteúdo, a ideia de Jumanji: Próxima Fase é entreter e divertir seu espectador. E isso ele consegue bem. E muito bem uma vez mais.

Jack Black só precisa ser Jack Black.

Se no anterior eu tive a impressão de que os próprios atores do universo de Jumanji se divertiram fazendo a obra, dessa vez a minha impressão acerca disso foi ainda maior. A brincadeira de fazê-los imitarem os personagens do “mundo real”, com seus trejeitos de se portar, de falar e de olhar, em muito são a maior parte da graça do filme. E isso, mais do que tudo, é devido às figuras extremamente carismáticas selecionadas para alcançar esse objetivo. Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart, Karen Gillan e os dois “Dannys” só precisavam de um roteiro redondinho e uma direção segura para fazerem o que fazem de melhor: tirar da galera algumas boas risadas e proporcionar alguns momentos de relaxamento e tranquilidade. Se Spencer tenta fugir do mundo real nas aventuras do game Jumanji, não é uma ideia ruim, para nós, dar uma escapada desse enfadonho mundo real nas aventuras do filme Jumanji.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.