Crítica: Sonic: O Filme (Sonic the Hedgehog)
Sega e Nintendo são duas titãs da indústria gamer e a concorrência entre elas foi tão grande quanto seu sucesso. As duas companhias tiveram seus personagens mais icônicos adaptados para as telonas, mas todos nós lembramos da catástrofe que houve com os irmãos encanadores (eu nem era nascida e lembro). 27 anos depois, o ouriço azul tem sua grande estreia no cinema e contraria TODAS as expectativas de “bomba” em Sonic: O Filme.
Na pacata cidade de Green Hills, Montana (quem conhece esse universo tá ligado no nome), o amado personagem titular (Ben Schwartz) está acostumado com sua vidinha fora de seu mundo natal, até que a solidão bate e ele se mete numa encrenca. Enquanto tenta fugir de sua situação complicada, Sonic se encontra na casa do policial Tom Wachowski (James Marsden) e inevitavelmente o envolve em seus problemas. Tem como piorar? Sim, e o responsável é o Dr. Ivo Robotnik (Jim Carrey), um cientista maluco com QI de 300. O desenrolar é surpreendentemente divertido e rende bons momentos para todos, além de provar que a voz do público é poderosíssima.

Quando o primeiro teaser saiu, a reação de todo mundo foi a mesma: “MAS QUE PORRA FIZERAM COM O SONIC?!” e um terror generalizado. Graças ao tumulto ocasionado pelo visual antropomórfico digno de pesadelos, a equipe do longa o repaginou por inteiro e fez ele voltar à estética que todos conhecemos e amamos, mostrando que, às vezes, a opção mais realista é não ser realista, algo que “Detetive Pikachu” também fez muito bem. Os dois são exemplos de pouquíssimas adaptações de videogame que arrancaram críticas positivas até do Rotten Tomatoes e fizeram sucesso nas bilheterias, quebrando o tabu de que “todo filme baseado em game é horrível”.

Ao contrário das apostas de que seria um fiasco, a produção tem seus ponto altos e o primeiro a ser abordado é o elenco. Dando sua voz ao tal ouriço, Ben Schwartz entrega um Sonic em processo de construção, mantendo a atitude e carisma presentes nos jogos e adicionando a inocência de alguém que ainda está descobrindo o mundo louco ao seu redor. Não sei se esse aspecto foi uma escolha do próprio Schwartz ou se já estava subentendido no roteiro, mas, de qualquer forma, gostei e contribuiu para a boa química entre seu personagem e Tom Wachowski, interpretado por James Marsden no terceiro capítulo de sua saga com animais falantes e tendo seu maior sucesso em anos. Na pele do pirado Dr. Robotnik, Jim Carrey volta ao humor que lançou sua carreira e parece se divertir como não se diverte há tempos e, considerando sua depressão e projetos pós-“Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”, é muito bom vê-lo feliz.
Claro que não é grande coisa, mas o roteiro foi mais que competente ao provocar nostalgia colocar vários easter eggs que os fãs reconheceriam de primeira, desde referências ao jogo “Smash Bros” à própria Green Hill Zone. Indiscutivelmente, a melhor parte de toda a produção é o carinho que a equipe teve com o material original e a interação com o público. Além de terem feito o dever de casa necessário, o simples fato de terem escutado a opinião pública e mudarem o filme inteiro por sua influência é lindo e merece respeito.

Acredito que fará um sucesso com as famílias e conquistará um espaço nos corações dos fãs, sejam eles recém-introduzidos ou de longa data. Peço que fiquem até o final dos créditos, porque as surpresas que apresentam são cheias de nostalgia e vão deixar todos satisfeitos.
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