Garimpo Netflix #60

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Essa semana o garimpo está um pouco despirocado, com dois filmes que tratam sobre a forma moderna de se travar guerra e um que é uma das coisas mais fofas, doces e antológicas já realizadas para o cinema. Vindos dos EUA, Inglaterra e Japão, as três produções indicadas hoje têm em comum tão somente a excelente qualidade de suas realizações.

Sem maiores delongas, fiquem com as indicações da semana do Garimpo Netflix.


– Decisão de Risco (Eye in the Sky), de 2015, dirigido por Gavin Hood

Após dirigir o excelente “Infância Roubada” e os lamentáveis “X-Men Origens: Wolverine” e “Ender’s Game”, o diretor sul-africano Gavin Hood recebeu de mão beijada o nada menos do que espetacular roteiro de Guy Hibbert para filmar e, desta vez, conseguiu um resultado nada menos do que espetacular, em um dos filmes mais tensos e bem realizados disponíveis na Netflix.

Aqui Hood se vale de um elenco de qualidade excepcional, ainda que não tão badalado (Helen Mirren, Alan Rickman, Aaron Paul…), para contar a história de uma operação de rotina entre as forças armadas americana e britânica para a captura de uma cidadã britânica radicalizada no Quênia. Tudo vai bem até que se descobre que o local da operação está sendo usado também para preparar homens-bomba que sairão em breve para fazer um ataque, potencialmente matando dezenas de pessoas. Rapidamente, o que era uma operação de captura se torna uma ordem para a destruição daquele local, mas algo acontece (e eu sugiro que você não veja o trailer antes de ver o filme) que muda completamente a situação, fazendo-nos observar e questionar a nova maneira gamificada de se fazer guerra hoje em dia.

Contado a partir da perspectiva de 4 cenários diferentes, com muita politicagem e burocracia, Decisão de Risco é um filme que vai te manter tenso praticamente o tempo inteiro, além de convidar a uma reflexão sobre a guerra e a política de gente que se importa mais com as aparências e reputação do que com fazer o certo.

– Soldado Anônimo (Jarhead), de 2005, dirigido por Sam Mendes

Soldado Anônimo é dirigido por Sam Mendes, o mesmo cara que fez história ao ganhar o Oscar por “Beleza Americana” e recentemente foi esnobado pela Academia por “1917“. Aqui em Soldado Anônimo, Mendes acompanha a história do soldado Anthony Swofford, autor do livro que deu origem ao filme e aqui interpretado pelo sempre excelente Jake Gyllenhaal. Anthony é mais um dos muitos americanos que se alista para servir a pátria em nome da liberdade, mas chegando para lutar na Guerra do Golfo, ele encontra uma realidade muito diferente daquilo que imaginara.

O filme acompanha o dia-a-dia e o verdadeiro tédio que toma conta dos soldados em uma guerra que praticamente não foi travada, de uma força absolutamente superior a outra, que empregou soldados que viram pouca ou nenhuma ação ao longo das operações Tempestade no Deserto e Escudo no Deserto. Trata-se de um estudo psicológico poderosíssimo, contado por um diretor dos mais competentes da atualidade e com um elenco que ainda conta com gente graúda como os oscarizados Chris Cooper e Jamie Foxx.


– Meu Amigo Totoro (Tonari no Totoro), de 1988, dirigido por Hayao Miyazaki

https://www.youtube.com/watch?v=pU8BRWhj9_o

Talvez o filme que tenha começado a popularizar o magnífico Studio Ghibli japonês no ocidente, Meu Amigo Totoro é um dos grandes clássicos da animação mundial e mais um dos muitos testamentos à genialidade do já mitológico Hayao Miyazaki. A Netflix recentemente marcou o seu mais belo gol ao disponibilizar praticamente todo o catálogo do Studio Ghibli, uma espécie de Disney nipônica, em seu catálogo. Então, antes de falar de Meu Amigo Totoro, já deixo claro a todos que colocar Studio Ghibli na busca e assistir qualquer coisa que aparecer é a dica mais preciosa que eu estou dando nesse garimpo de hoje.

Em uma história tão lúdica quanto se é possível ser, Meu Amigo Totoro conta a história das irmãs Satsuki e Mei, que se mudam junto com o pai para uma casa numa zona rural perto de Tóquio para que possam ficar mais perto da mãe internada em um hospital nas cercanias. Em meio a muita brincadeira de uma infância que se ainda existe eu não sei onde fica, Satsuki e Mei conhecem Totoro, o gordo e bonachão troll da floresta, que vai ajudá-las de formas surpreendentes a lidar com o medo da perda da mãe e o peso das responsabilidades.

É realmente uma obra fantástica, belíssima e que agrada todas as idades. Totalmente imperdível.

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