Crítica: Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica (Onward)
Há 34 anos, Steve Jobs e John Lassetter fundaram um estúdio de animação conhecido como Pixar. Até 2020, essa magnata do entretenimento fez a primeira animação por computador da história (o tal do “Toy Story”) e produziu incontáveis sucessos de bilheterias e indicados/vencedores do Oscar. O estúdio inaugurou suas produções para a nova década ao lançarem o emocionante Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica, mostrando que sua famosa fórmula continua funcionando.
Em um mundo fantasioso habitado por criaturas como fadas, centauros e unicórnios, o jovem duende Ian Lightfoot (voz original de Tom Holland/Wirley Contaifer na versão brasileira) comemora o seu aniversário ganhando um presente de seu pai, falecido antes de nascer. O que recebeu? Simplesmente um cajado de bruxo com direito a vários feitiços, incluindo um que pode trazê-lo de volta à vida por 24 horas! Humilde, eu diria. Consumidos por tamanha curiosidade, Ian e seu irmão, Barley (Chris Pratt/Raphael Rossatto), saem numa jornada para fazer tal feitiço, passar um tempo precioso com o pai e descobrir mais sobre a mágica que o tempo esqueceu. Essa mini road trip rende boas risadas, momentos de suar pelos olhos e uma discussão sobre temas dificilmente abordados em filmes de família, algo que a Pixar sempre faz muito bem.
Acredito que alguns de vocês devem estar se perguntando: como que a “receita de bolo” da Pixar ainda conquista o povo? O motivo é bem simples: seus roteiros apresentam histórias que atraem públicos de todas as idades, entregando um conteúdo original, divertido, cheio de emoções e esse mais novo capítulo do universo Pixar segue da mesma forma. A abordagem sutil de temas “complexos” pra criançada é um dos melhores e mais poderosos aspectos de suas tramas e a maneira em que tratam sobre a ausência de uma figura paterna, neste caso, por decorrência de morte, é de quebrar o coração, mas linda. E se pararmos para pensar este é apenas o segundo filme do diretor e roteirista Dan Scanlon (responsável por “Universidade Monstros”), ele está construindo uma carreira maravilhosa tanto para si próprio como para o estúdio!
Impossível falar sobre um filme da Pixar e não mencionar o visual. Mais uma vez, a estética está impecável e adorei a inspiração às décadas de 70 e 80, perceptível na van de Barley, Gwiniver. Outro aspecto incrível da produção é a presença de brasileiros no departamento de animação! Há 5 anos, visitei os estúdios Pixar com a minha família e conhecemos vários brasileiros que fizeram parte de muitos filmes que marcaram nossa infância. Na aventura dos irmãos Lightfoot, o animador Guilherme Jacinto marcou presença. Ele e o Cláudio de Oliveira trabalharam juntos em “Toy Story 4”, no qual o Cláudio ficou responsável pelo Garfinho, e “Divertida Mente”, tendo o Guilherme animado o Medo. Adorei vê-lo de novo na primeira animação dos estúdios nos anos 2020!
Finalmente, vamos falar dos personagens. Os quatros principais têm seu momento de brilhar, rendem boas risadas, lágrimas e sensatez. Algo muito especial sobre eles, em especial Ian e Barley, é como seu visual foi claramente baseados em seus intérpretes, Tom Holland e Chris Pratt. Além disso, adorei que botaram seus respectivos dubladores (os excelentes Wirley Contaifer e Raphael Rossatto) na versão brasileira. E por falar em dublagem, uau! Parabéns ao departamento de casting por escolher essas vozes que encaixam perfeitamente com os personagens e Thiago Longo pela direção de dublagem. Já dizia o pato com óculos escuros, “lançaram a braba”. E essas vozes? Foram reconhecidas nos créditos e não podia estar mais orgulhosa! Wirley e Rapha, a química entre vocês é evidente e muito real, além de emocionante. Me identifiquei ainda mais com o Ian e o Barley, já que seu relacionamento lembra muito o que tenho com a Laura, minha irmã, e fui igualzinha a eles em certos pontos da minha vida. Também preciso destacar mais um ótimo trabalho das maravilhosas Mabel Cézar e Alessandra Araújo, emprestando suas vozes à Laurel Lightfoot (Julia Louis-Dreyfus), mãe dos meninos e minha nova mãe favorita da Pixar, e a lendária Mantícora (Octavia Spencer). Preciso de um spin-off delas imediatamente!
É um filme muito especial com qual tenho certeza que vocês vão se identificar também. Por mais melodramática que possa soar, a lição que aprendemos com os irmãos Lightfoot é que devemos aproveitar cada momento com nossa família, independente das circunstâncias. Enquanto começo uma nova fase da minha vida, vou saborear todo instante que passar com meus pais e irmã, as pessoas que fazem dela mágica e encantadora. Recomendo fazerem o mesmo. <3
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