Crítica: Lost Girls: Os Crimes de Long Island (Lost Girls)

As consequências de assassinatos não resolvidos possuem uma gravidade inimaginável e nada consegue preencher o eterno vazio de quem ficou para trás. Durante dezessete anos, um indivíduo não-identificado conhecido como Long Island Serial Killer (às vezes Gilgo Beach Killer) foi responsável pela morte de várias mulheres, a maioria prostitutas. O filme Lost Girls: Os Crimes de Long Island tenta explorar a reação da família de uma das vítimas, mas, infelizmente, o resultado é bem morno.

Baseado em uma história real e no best-seller homônimo de Robert Kolker, essa tentativa de suspense começa com Mari Gilbert (Amy Ryan) e suas filhas, Sherre (Thomasin McKenzie) e Sarra (Oona Laurence), esperando a chegada de sua outra filha, Shannan (Sarah Wisser). Depois de um tempo, Shannan é dada como desaparecida, até que é revelado à mãe que ela está morta. Graças à completa inutilidade da polícia local, Mari dá início à sua própria investigação e conecta a recente morte da filha aos assassinatos de entre 10 e 16 prostitutas. O desenrolar da trama é precário e não prende o expectador o tanto quanto deveria, mas tem méritos dignos de destaque e aclamação.

Mesmo decepcionando minhas expectativas, o longa original da Netflix não merece tamanho desprezo, principalmente devido à fotografia de Igor Martinovic, o extenso uso de imagens verdadeiras do escândalo (ao invés de simulações com o elenco) e as atuações de Amy Ryan e Oona Laurence. Ryan faz uma mulher extremamente vulnerável, com seus próprios defeitos e que faz de tudo para obter justiça graças à incompetência da polícia para investigar o sumiço e consequente assassinato de Shannan, sendo uma versão mais “serena” da personagem de Frances McDormand em “Três Anúncios Para um Crime”. Laurence é um talento em ascensão e arrasa como uma menina precocemente exposta a todo esse horror, provando ser o maior destaque da produção. Enquanto elas entregam performances no mínimo competentes, Thomasin McKenzie e Gabriel Byrne não tiveram a mesma sorte. McKenzie deu um show no excelente “Jojo Rabbit” e o experiente Byrne dispensa maiores comentários. Triste vê-los desperdiçados, mas o problema está no roteiro mal construído de Michael Werwie e a direção fraca de Liz Garbus. Garbus tem muita experiência com documentários e é responsável pelo maravilhoso “What Happened, Miss Simone?”. Talvez, se escolhesse transformar essa história bizarra numa série documental, o resultado seria melhor, mas não podemos voltar atrás e consertar isso. Uma pena.

Mais um caso de produção cheia de potencial desperdiçado por escolhas pouco convenientes. Acredito que, além de ter um desenvolvimento raso, não é justo tanto com as vítimas como suas famílias, e duvido que o resto das Gilbert terão algo positivo para manifestar sobre o filme. Se o caso já tinha furos antes, tem ainda mais agora.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.