Garimpo Netflix #62: Thriller vol. 2

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


O presente garimpo podia muito bem ser uma reedição de um anterior bem visitado: Garimpo Netflix: Subestimados, no qual – é óbvio – listei três boas produções, em geral subestimadas pelo público. Ou poderia ser o “Garimpo Netflix: Títulos Bisonhos”, pois a tradução de cada ficou “uó”. No entanto, preferi reeditar o tema “thriller“, visto que todos os três partilham do mesmo gênero, muito embora também amarguem péssimas notas no IMDb, não condizentes com suas realizações.

Inclusive, na minha opinião, o mais interessante dos três é aquele que foi premiado com a menor das notas (um sonoro 4,4). Ou o povo tem sido bem pouco simpático a esses filmes ou, de fato, eu sou deveras problemático. Se bem que uma coisa não anula a outra e eu, de fato, sou deveras problemático. Mas até aqui achava que não em relação a filmes. Será que eu estava errado?

Bom, ao invés de discorrer sobre minha condição mental, jogo para você o veredito. Seriam mesmo essas obras do suspense realmente subestimadas ou eu que estou sendo muito condescendente para com elas? É fato que eu gosto dos filmes simplesmente pelo fato deles existirem. Mas eu não seria cruel com você.


– O Afogamento (The Drowning), de 2016, dirigido por Bette Gordon

Um dos pontos mais altos, na minha opinião, em filmes de suspense é o teor psicológico pelo qual a obra pode enveredar. Tendo material para isso e uma direção que foque mais neste aspecto, o resultado pode ser bem mais agoniante do que perseguições desenfreadas e uma luta mais imediata pela sobrevivência. O destaque em O Afogamento é exatamente esse, principalmente pelo fato de nosso personagem principal ser um psiquiatra.

Tom Seymour (Josh Charles), ao se deparar com uma tentativa de auto-afogamento, prontamente salva o indivíduo. O psiquiatra tem por instinto defender a vida. No entanto, pouco tempo depois descobre que a pessoa pessimamente intencionada é Danny Miller (Avan Jogia), ex-prisioneiro liberado há pouco e que fora tratado por Tom durante o julgamento que o condenara anos atrás. Um jogo de manipulações mentais pelo astuto Danny começa e ele se infiltra cada vez mais na vida pessoal de Seymour. O embate psicológico vai levando os personagens ao limite, enquanto a pergunta permanece na mente de ambos: se Tom soubesse que era Danny, será que ele o teria salvado?

– O Intruso (No Good Deed), de 2014, dirigido por Sam Miller

Esta obra que também atende pelo bisonho nome de “O Intruso Suspeito” é aquele roteiro padrão de suspense de sobrevivência. Mas conta com alguns detalhes que a tornam mais sedutora – e a escolha da palavra não poderia ter sido melhor.

Colin (Idris Elba) é um prisioneiro que está prestes a receber a condicional. Na reunião de consideração para sua liberação, ele coloca o quanto mudou, o quanto agora é um homem reformado para adentrar uma vez mais na sociedade. No entanto, por seus crimes e comportamento extremamente brutais de outrora, ele é impedido. Na viagem de volta à prisão, ele consegue subjugar o guarda e o motorista e se ver livre.

Em seus primeiros passos, Colin volta a ser o que era, ou simplesmente continua a ser quem sempre fora. E não demora para que ele se infiltre na casa de uma mulher e sua filha na ausência do marido. A figura sedutora que ele aparenta ter encontra combustível em uma mulher não mais interessante ao próprio cônjuge e aquilo que poderia ser um flerte sexual se torna uma luta de ambas as partes por sobrevivência.

– Perigo na Escuridão (Inside), de 2016, dirigido por Miguel Ángel Vivas

O campeão do título tosco tem a oportunidade agora de obter a atenção que deveria. É bem possível que você, ao se deparar com esse nome de filme, desista e continue em sua busca repetitiva e infinita na Netflix, que às vezes demora mais do que a própria exibição em si (isso se você insiste em não nos acompanhar, é claro).

Sarah Clark (Rachel Nichols) é uma viúva, grávida, com problemas de audição, que vive sozinha em sua casa. Tendo que se recuperar dos recentes escombros emocionais a que fora reduzida, ela faz de tudo para tentar manter uma vida normal. No entanto, sua rotina é chacoalhada uma vez mais quando uma intrusa (ainda bem que o filme não se chama “A Intrusa Suspeita” – aliás, o Garimpo também poderia ter sido chamado de “Garimpo dos Penetras”, hein) se faz presente em sua casa para roubar seu bebê prestes a nascer.

A luta pela sobrevivência aqui se dá de duas formas: a instintiva luta por se proteger e a incondicional luta por proteger a cria. Seguindo rumos semelhantes a outros filmes, a tensão aqui provém mais das limitações da protagonista do que da situação imposta por um algoz que resolve aparecer.

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