Crítica: Coffee & Kareem

Ao que tudo indica, de tempos em tempos, Hollywood resolve que tá na hora de lançar mais um filme de determinado gênero sem lá muita inspiração artística, somente para cumprir uma cota. Algum iluminado deve pensar “faz um tempo que não lançamos uma comédia romântica com a Sandra Bullock” ou, no caso desse Coffee & Kareem, “uma comédia genérica com algum comediante famoso no gênero buddy cop”. E foi basicamente o que fizeram, com a diferença que, para contracenar com o comediante famoso (Ed Helms, de “Se Beber Não Case” e tantas outras comédias nas quais sempre interpreta um cara meio certinho que perde a linha) não botaram um ator semi-famoso de ação, mas, sim, um moleque desbocado e aparentemente obcecado com botar alguém pra chupar seu pau pré-adolescente.

Mesmo sendo genérico em quase tudo, Coffee & Kareem cumpre o papel que se propõe a cumprir, que é de entreter de forma descerebrada o público com cenas de ação e boas piadas. A fórmula é essa e Coffee & Kareem a segue à risca e consegue um resultado satisfatório com a história em que o policial Coffee (Ed Helms) está namorando a enfermeira Vanessa (Taraji P. Henson), mãe de Kareem (Terrence Little Gardenhigh), o tal moleque que manda gente mamar na rola dele a cada 5 falas que tem. Coffee é o cara mais branco de que se pode ter notícia, enquanto que Kareem é um adolescente negro daqueles que gosta de tirar onda de bandido que tanto vemos na produção cultural americana e, portanto, odeia a polícia. O fato de pegar Coffee e sua mãe em conjunção carnal só vem para contribuir com esse ódio. Esse contraste entre os dois mundos é a principal e mais recorrente piada do filme, ora acertando, ora exagerando.

Temos então dois protagonistas que se odeiam e que se antagonizam a todo momento, mas que, por obra do destino, terão que juntar suas forças para combater um mal maior e comum a ambos. Pode parecer que você já viu esse enredo antes e isso é só porque você já viu mesmo.

De todo modo, a direção de Michael Dowse (do bom e subestimado “O Brutamontes”) e as boas piadas do roteiro de Shane Mack (que faz sua estreia em longas) dão o tom de um filme que é assumidamente genérico (os cartazes são todos inspirados em filmes do gênero), mas que tem ali seu toque pessoal com piadas e personagens engraçados, em especial nas falas escritas para todo o elenco de apoio, que é provavelmente a melhor coisa do filme. Isso fica muito evidente quando, lá pelo meio do filme, um sorriso já me vinha aos lábios assim que aparecia a trinca de bandidos liderada pelo ex-rapper e agora traficante de drogas Orlando (RonReaco Lee).

Enfim, o que temos aqui é um filme que você já viu antes, com um ator conhecido interpretando um papel que você já o viu interpretando antes e com uma narrativa idêntica ao que você já viu antes, porém, se o espectador entender que é só isso que ele vai ver e der uma chance ao filme, a hora e meia de exibição de Coffee & Kareem certamente trará risos e possíveis gargalhadas com suas piadas chulas e fáceis.

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