Crítica: Violet Evergarden Gaiden - Eternidade e a Boneca de Automemória (Vaioretto Evâgâden Gaiden: Eien to Jidou Shuki Ningyou)

Chegando ao ocidente pela Netflix, o longa da série Violet Evergarden finalmente deu o ar de sua graça. Aguardado com certa ansiedade dado os prêmios (na sua maioria técnicos) que conquistou em 2018 – inclusive por esse motivo indicado em nosso Garimpo Netflix Especial: Corona Vírus – temos aqui uma obra que acerta em muitos aspectos e que estabelece um padrão alto de produção, ao mesmo tempo que remove um dos principais problemas da sua 1a temporada. E respondendo logo a pergunta óbvia: não. Você não precisa ter visto a 1a temporada para apreciar a obra. Contudo, caso tenha assistido (leia a crítica), você perceberá que o filme troca seis por meia dúzia.

Em Eternidade e a Boneca de Automemória, acompanhamos Violet servindo por 3 meses como tutora de Isabella, filha de um aristocrata, para ensinar a debutante a arte de ser uma dama refinada da alta sociedade em um internato feminino. Isabella é rebelde, relutante, sem qualquer refino e totalmente alienígena ao seu meio. Também acompanhamos a história de Taylor, uma menina pequena que sai de um orfanato e aparece na agência que escreve e entrega cartas na qual Violet trabalha. As duas estão ligadas por um passado um tanto recente, mas que marcaram profundamente suas vidas. Embora não possa discorrer diretamente sobre esse passado – que é o ponto central da história e que explica todo o comportamento de Isabella – sob pena de estragar o longa, há aqui algumas considerações a serem feitas.

Violet ainda é um anime tecnicamente lindo, bem animado, com design fantástico, mas continua chato. E aqui esse chato se faz com maestria. O roteiro da 1a temporada focava em uma psicopata tentando entender e transmitir sentimentos por escrito em cartas. Infelizmente, a obra não é contagiante e você não se importa muito com os personagens. Aqui isso é completamente jogado de lado. Diferente da série, o foco não é a Violet, mas, sim, a relação entre essas duas meninas dentro de um contexto burguês em seus aspectos mais enfadonhos e não os instigantes, como os políticos. A obra até resvala em questões sociais, mas numa abordagem emocional, sem preocupação com a relação de luta de classes. A trama também é um pouco mal explicada, contudo compreensível, uma vez que você preenche as lacunas abertas assumindo que ricos são ricos e não se misturam com pobres. Além disso, por ser desvinculado da série, poderia ser um anime original. Ao se utilizar de personagens estabelecidos, deu a impressão que foi uma forma covarde de atrair um público que esperava mais de Violet e a sua saga, explorando seu passado, seus colegas de trabalho e o resultado político do fim da guerra.

Vale investir seu tempo? Diria que sim, como já disse, é um vislumbre visual do início ao fim e conta com uma dublagem e localização no Brasil bem honestas. Sabe quando você aprecia mais a embalagem de um presente do que curte o conteúdo? É essencialmente isso. Espero que o final faça mais sentido com a construção do filme para você do que pra mim, que só conseguia pensar “ué… dinheiro não compra tudo?”

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