Crítica: Control Z - 1a Temporada

Não é preciso ser nenhum gênio da informática pra saber o que acontece com seu documento do Word se você apertar as teclas Control e Z ao mesmo tempo. Isso, somado à sinopse da série, nos instiga a mergulhar fundo na trama porque, afinal de contas, quem não gosta de sentar na platéia da vida alheia pra ver uns “podres” serem revelados, não é mesmo? Pois bem, num dia comum de aula no ensino médio (não da minha época nem, muito provavelmente, da sua, que isso fique bem claro), um hacker resolve divulgar os segredos dos alunos para toda a escola. Obviamente não estamos falando de segredinhos leves como matar aula ou colar na prova. Apesar de palpável e natural, não seria enredo suficiente pra te fazer maratonar. Essa galera é hard core e já no 1º episódio vemos que, depois de 3 temporadas de “Elite”, Control Z aterrissou nas casas de milhões de assinantes da Netflix para ratificar o que está longe de ser novidade: o espírito inconsequente e a sensação de imortalidade dos adolescentes. Sim, com a diferença que desta vez o colégio não tem só alunos ricos e a cota dos bolsistas, na verdade isso fica confuso, o ambiente escolar engloba tanto poder aquisitivo alto quanto baixo e ouso dizer que, apesar da série abordar muitas temáticas que poderiam ser interessantes, como bullying, depressão e gênero trans, nada se aprofunda de fato, o que é uma pena porque 8 episódios dariam pano pra manga, além de todas, eu disse todas, as questões levantadas ficarem em aberto na esperança de uma próxima temporada da série mexicana.

Sofia (Ana Valeria Becerril) não é nada popular, por opção, mas não perde uma oportunidade de se posicionar a fim de defender o que acredita ou quem gosta. Extremamente observadora, nenhum detalhe passa batido aos olhos da menina, logo, essa característica a coloca em vantagem em relação aos colegas de turma quando as ameaças do hacker surgem, uma vez que sua percepção aguçada de tudo e todos ao seu redor também a faz ter ciência de alguns segredos. Decidida a descobrir a identidade do justiceiro virtual, a protagonista incorpora o Sherlock Holmes e vai à luta.

No meio do “processo investigativo”, o rumo dos fatos começa a ficar muito forçado, com algumas situações como agressões extremas, venda de drogas e abuso de poder se instauram com a maior naturalidade tanto no ambiente escolar quanto nos lares desses jovens e a cada episódio o buraco vai ficando mais fundo. Nesse ambiente caótico, a figura do diretor Quintanilla (Rodrigo Cachero) – personagem que, a título de curiosidade, tem o mesmo nome do autor série -, que supostamente proporcionaria segurança e tranquilizaria os estudantes, se mostra completamente omissa e incapaz de administrar a crise, porque, quem diria, ele e alguns professores também têm o rabo preso e estão na mão do hacker. Ou seja, o desespero geral reina e as maiores bizarrices começam a acontecer.

Além da temática repetitiva, o casting definitivamente também não ajudou. A atuação do elenco principal é, sem eufemismos, robótica e os coadjuvantes não têm muitas oportunidade de evolução de seus respectivos personagens. Em suma, o espectador fica perdido com a avalanche de informações e, apesar dos episódios serem curtos, a quantidade de perguntas que fica sem resposta e de conflitos que permanecem no raso gerando absoluta incoerência não permite que a narrativa se sustente, tampouco seja digna de continuação.

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