Crítica: The Eddy

O jazz é um gênero musical movimentado pela seguinte dinâmica: ou você gosta ou não gosta. Além disso, está presente em vários filmes, como em uma das canções mais famosas de “Chicago”, o meme de “Bee Movie” e é uma das marcas registradas dos trabalhos de Damien Chazelle. O diretor, que nos trouxe obras-primas como “La La Land” e “Whiplash“, tenta repetir a mesma magia na minissérie The Eddy, mas falha por questões técnicas que poderiam ter sido facilmente evitadas.

Ao longo de oito episódios, acompanhamos a vida turbulenta de Elliot Udo (André Holland), um dos donos do bar que dá origem ao título da série tanto na gestão do bar quanto com a filha, Julie (Amandla Stenberg), e os membros da banda local, principalmente a cantora, Maja (Joanna Kulig). Tensão, drama, escândalos e ótimas atuações ajudam a sustentar esse projeto original da Netflix, mas pequenos aspectos impedem que a minissérie seja tão cativante quanto o trailer prometia. Felizmente, existem pontos altos que valem a pena serem ressaltados e elogiados.

Comecemos eliminando os pontos negativos. Pode parecer completamente banal, mas a duração dos episódios foi o que mais me incomodou. Variando entre 50 e 70 minutos, o ritmo é bastante arrastado, dando ao público informação demais para processar, o que foi o menor dos problemas para mim. Se tivessem produzido mais episódios com 15-20 minutos a menos, talvez teria sido melhor. Mas graças à equipe da minissérie, os erros não ofuscam o que a produção tem de bom a oferecer, como a fotografia interessantíssima, as músicas de Glen Ballard e Randy Kerber, o roteiro bem construído de Jack Thorne e personagens com várias dimensões.

Tais figuras ganham vida pelo ótimo elenco e destaco as atuações de André Holland, Amandla Stenberg, Joanna Kulig (conhecida pelo filme polonês “Guerra Fria“, onde também canta muito bem) e Leïla Bekhti, que interpreta Amira, a personagem mais real do conjunto e esposa de Farid (Tahar Rahim), o outro dono do The Eddy e grande amigo de Elliot. Por último, o aspecto que mais me satisfez foi a enorme diversidade encontrada no elenco e bastidores, especialmente saber que metade dos episódios foram dirigidos por mulheres, sendo elas Houda Benyamina e Laïla Marrakchi. Como estudante de cinema, fico muito feliz com essa representatividade e toda a equipe está de parabéns.

É de qualidade? Sim, claro, mas inferior em comparação ao currículo deste excelente diretor. Apesar disso, assim como outros projetos, este tem uma direção de arte bastante ambiciosa, quase tanto quanto a de “La La Land”. Caso seja muito fã de jazz, Chazelle ou de ambos, assista já. Se não, pense se gostaria de assistir, pois não é uma opção boa para maratonar.

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