Garimpo Netflix #69
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Eu adoro um “drama”. Não só o gênero cinematográfico, mas criar um “drama”. Não só em termos de escrever sobre, mas promover um “drama”. Narrativas que envolvem os conflitos mais introspectivos do ser humano costumam desvendar os lados mais sutis e fracos das pessoas, o que as deixam ainda mais próximas umas das outras.
Seja herói, seja vilão, quando o olhar vai para o íntimo de cada, as barreiras diminuem e todos são reduzidos a um mesmo indivíduo, perdidos diante dos conflitos que os abala. “Seja pedra, seja grão de areia, ambos afundam no oceano”, diz Oh-Dae Su no inacreditável e melhor filme do século XXI, “Oldboy”.
Hoje, trazemos três obras de estilos completamente distintos, mas que têm forte carga dramática em seus núcleos narrativos: um filme de grande produção americana; outro filme americano, mas de menor orçamento; e uma série espanhola.
– O Voo (Flight), de 2012, dirigido por Robert Zemeckis
O maravilhoso Denzel Washington, extremamente versátil e um dos melhores atores do Cinema, encarna Whip Whitaker, um homem comum, cujo trabalho é pilotar aviões. Seus dramas pessoais, grandes ou não, fazem com que Whip tenha um “apego” significativo à bebida alcoólica e mulheres. Amigo, se bebida não combina com direção, imagina com um avião em pleno voo. Ocorre que aqui esse não necessariamente é o grande vilão.
Em pleno ar, o levemente alcoolizado piloto Whitaker tem problemas mecânicos e uma catástrofe que certamente levará todos os passageiros à destruição se esboça. No entanto, o cara é tão absurdo que ele consegue salvar todas as pessoas. No entanto, uma investigação – comum a todo caso do tipo – é instaurada e isso começa a desvendar o grande problema, que, a priori, nada tinha a ver: Whip estava pilotando sob influência de álcool.
O fato que não teve qualquer interferência com o quase acidente catastrófico vai virar contra o até então herói. Do Céu ao inferno, de herói nacional a um irresponsável, Whip viajará revisitando seu íntimo e buscando redenção em relação à pessoa que tinha se tornado.
– Em Busca de Zoe (Saving Zoë), de 2019, dirigido por Jeffrey G. Hunt
A jovem Echo (em belíssimo trabalho de Laura Marano) precisa se recuperar da perda de sua irmã Zoë (Vanessa Marano), adolescente que se envolvera com homens barra pesada (caçadores de teen, fazendo-as entrar no mundo das drogas e mais). Mais nova, ela está sozinha em uma casa destruída psicológica e emocionalmente: a mãe sequer se levanta da cama ou do sofá e o pai busca refúgio no trabalho, tentando ao máximo evitar encarar as consequências da perda da filha mais velha.
Ousada, Echo, então, tenta juntar as peças do caso pouco investigado de sua irmã. Ao encontrar o diário dela no carro de um ex-namorado, a garota vai com tudo em busca do que realmente aconteceu com Zoë. Aparentemente frágil, a protagonista vai enfrentar o mundo obscuro adentrado pela irmã para tentar descobrir a realidade por trás de seu trauma que se mantém vivo a cada dia.
Longe de ser uma narrativa teen ou um thriller que não engata, Em Busca de Zoe consegue passear pelos dramas de uma garota que tenta ser mais forte do que as porradas que encontra a cada esquina.
– Toy Boy (Toy Boy), de 2019, série criada por César Benítez, Juan Carlos Cueto & Rocío Martínez Llano
A série Toy Boy tem muito de drama, um pouco de suspense, um pouco de romance, um pouco de crime e erotismo também. É uma espécie de Magic Mike mais recheado. Um ex gogo boy (strip dancer) está preso por um crime que alega não ter cometido. Hugo Beltrán (Jesús Mosquera) passa, então, a ter ajuda da jovem advogada Triana Marín (pela linda María Pedraza), já que seu escritório resolve defender o rapaz. Logo ambos não só vão experimentar uma atração bem clara um com o outro, mas vão perceber que há uma rede bizarra de intrigas e conspiração que tentaram incriminar o jovem stripper.
Apesar de uma forçada aqui ou outra ali (nada que nos tire da narrativa, porém), a série vai nos envolvendo à medida em que vamos descobrindo tudo o que está por trás das investigações e do primeiro julgamento de Hugo. Sem focar a história tão somente nele, mas também em seu grupo de strippers, a série consegue preencher suas horas com os dramas de cada um dos personagens apresentados, de maneira delicada e sensível.
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