Garimpo Netflix #70
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
É, meus caros cinéfilos. Vivemos tempos bem difíceis. E, como sempre, muito mais difíceis para alguns do que para outros. Se você tem a sorte de poder ficar em casa, desfrutando de um pacote de internet satisfatório que lhe dá acesso a uma plataforma de streaming rica como a Netflix, você há de reconhecer que é um enorme privilegiado. Ainda mais tendo à disposição esse verdadeiro serviço de utilidade pública que trazemos a você toda semana.
Fique com a indicação de mais 3 boas obras de 3 países diferentes, garimpadas para você degustar e nos dizer se gostou, odiou, ou muito pelo contrário.
De nada!
– Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake), de 2016, dirigido por Ken Loach
Tenho um apreço especial por esse filme, afinal ele foi rodado na minha querida Newcastle upon Tyne, cidade localizada no nordeste da Inglaterra onde já morei. Mas meu afeto não é o motivo principal dessa indicação, definitivamente. Eu, Daniel Blake é daqueles filmes que tiram você dos eixos e mexem com algumas de suas convicções mais arraigadas, como a de que o capitalismo como conhecemos é super humano em alguns lugares do planeta.
Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro viúvo que precisa da ajuda dos benefícios do Estado Britânico após um ataque cardíaco deixá-lo incapacitado. Apesar do diagnóstico, a estúpida burocracia lhe nega os benefícios e obriga-o a voltar ao trabalho. Enquanto Daniel passa por um processo de recursos humilhante e agonizante, ele começa a desenvolver um forte vínculo com uma mãe solteira e desamparada (Hayley Squires) que está lutando para cuidar de seus dois filhos.
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes e constante do nosso Top 10 de Melhores Filmes de 2017, esse belíssimo filme teve quase nenhuma ressonância por essas terras. Mas agora ele esta aí à sua disposição no catálogo da Netflix. Aproveite!
Confira a crítica completa aqui.
– Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar, de 2019, dirigido por Marcelo Gomes
Este belo documentário é uma verdadeira viagem do diretor Marcelo Gomes (do excepcional Cinema, Aspirinas e Urubus, já indicado aqui) às memórias de sua infância no agreste pernambucano. Através dele, temos contato com a minúscula Toritama, cidade de pouco mais de 40 mil habitantes que é, supostamente, responsável por cerca de 20% da produção nacional de jeans.
Obviamente, essa produção em massa dará significado contundente à rotina de virtualmente todos os moradores da pequena cidade, e a lógica fabril estará entranhada até a alma em pessoas que ganham cerca de 10 centavos por peça de roupa produzida ou customizada – e que você comprará daquela marca bacanérrima no seu shopping preferido por 2 mil vezes esse valor. E a Toritama das memórias infantis do diretor já não mais existirá.
Estou Me Guardando… é uma bela oportunidade de entrarmos em contato com um Brasil profundo, que um habitante médio metropolitano simplesmente ignora. É o meu caso. Talvez seja o seu. Não deixe de assistir.
– Durante a Tormenta (Durante la Tormenta), de 2018, dirigido por Oriol Paulo
Um dos grades baratos da Netflix é a variedade de produções de lugares fora do grande circuito de cinema disponível em seu catálogo. E nós aqui do MetaFictions valorizamos essa diversidade. Portanto, indicamos esse filme catalão que tem uma trama instigante e muito bem amarradinha.
No histórico dia da queda do muro de Berlim, um garoto descobre acidentalmente um crime na vizinhança, o que o leva a ser atropelado e morto. Nos dias atuais, Vera (Adriana Ugarte) se muda para a casa onde o menino morava e consegue se comunicar com ele através de equipamentos antigos deixados na casa. Sabendo do destino trágico do menino, Vera toma a decisão de alertá-lo, mas isso desencadeará uma série de eventos que afetará sua própria vida.
Durante a Tormenta retoma com uma das várias concepções de linha do tempo e causalidade já usadas nos mais diversos clássicos do cinema sobre o tema. E o faz de forma bastante competente. Vale sua atenção!
Confira a crítica completa aqui.
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