Garimpo Netflix #71

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Poderia eu aqui fazer mais uma piadinha sobre a quarentena, o isolamento social ou sobre o BBB Brasília, mas, francamente, isso já tá rolando há tanto tempo que eu não me julgo mais capaz de conseguir fazer isso. Diante desse cenário desolador, eu venho, na contramão dos garimpos densos e dramáticos anteriores, trazer aos senhores o melhor do mais puro, vazio e absurdo entretenimento disponível na Netflix.

Fiquem com 3 obras, de 3 países diferentes, da mais pura e despudorada ação. Como sempre, a corneta é livre, assim como os comentários elogiosos de quem só vê o filme da capa pra falar que é foda e nem se dá ao trabalho de ler isso aqui.


– O Gosto da Vingança (Dalkomhan insaeng), de 2005, dirigido por Kim Jee-woon

Dirigido por um dos mais populares cineastas da Coreia, responsável por grandes blockbusters regionais como “Os Invencíveis” e “Eu Vi o Diabo”, esse O Gosto da Vingança foi talvez o filme que catapultou o nome de Kim Jee-won como um dos grandes nomes do cinema asiático. Ajuda também o fato de contar com um dos maiores astros coreanos, o bonitão Lee Byung-hun, rosto conhecido no Ocidente também por já ter participado de vários filmes grandes de Hollywood.

Na trama, Lee interpreta o capanga de confiança do chefão da máfia local a quem é incumbido uma tarefa simples: descobrir se a namoradinha do patrão tá botando chifre nele. O que vai acontecer é meio óbvio em seu começo, mas toma dimensões inimagináveis na repaginação coreana de uma história simples de vingança que tanto vemos por aqui no cinema de ação do Ocidente.

Misturando excelentes cenas de ação com atuações premiadas e uma fotografia de respeito, O Gosto da Vingança é dos melhores filmes do gênero no catálogo da Netflix.

Batman Ninja (Ninja Battoman), de 2018, dirigido por Junpei Mizusaki

Aos nossos leitores que gostam de uma boa história calcada na realidade, com uma preocupação com a verossimilhança e coerência, eu conclamo desde já: fiquem longe de Batman Ninja! Este é um anime escrito por um malandro conhecido por vários seriados Tokusatsu da série Kamen. Pra galera da minha idade, Black Kamen Rider talvez seja algo de que vocês se lembrem. Enfim, pegaram um maluco que escreve seriados a la Jaspion e mandaram fazer um longa com o Batman sendo um ninja no período do Japão feudal. E a maluquice tá muito longe de parar por aí, sendo esta a obra mais inacreditável que se possa imaginar. A cada minuto uma nova coisa absolutamente fora da realidade acontece e você, menino juvenil com quem falei ali em cima, vai querer dar um tiro no próprio cu de tão absurdo que tudo é.

Feita essa ressalva e já preparando a expectativa da galera de que verá uma obra completamente estapafúrdia na sua proposta de argumento, Batman Ninja é divertidíssimo não só porque traz o morcegão que todo mundo ama, mas também porque o coloca entrando na porrada com boa parte dos seus mais famosos vilões em cenários inimagináveis, tudo rolando com 4 estilos distintos de animação, cada um pensado e executado de forma bem condizente com a narrativa, além de todos serem de um nível de beleza poucas vezes visto em uma obra do gênero.

Basicamente, Batman Ninja é um banquete para os olhos em todos os seus curtíssimos 85 minutos, ainda que exija do espectador uma dose cavalar de suspensão de descrença, como já descrevi mais detalhadamente na crítica que pode ser lida aqui.

– Atômica (Atomic Blonde), de 2017, dirigido por David Leitch

À galerinha do mi-mi-mi que gosta de reclamar que filmes como o remake de “As Panteras” e de “Caça-Fantasmas” não foram bem porque são protagonizados por mulheres e, portanto, boicotados pelo público masculino, eu vos apresento Charlize Theron, que provou em “Mad Max” o quanto isso é uma puta duma balela e corroborou isso com esse excelente Atômica, dois filmes de ação protagonizados por mulher e que foram sucessos de crítica e de público.

Em Atômica, Charlize é a agente britânica Lorraine Broughton, enviada pelo MI-6 para a Berlim durante a queda do Muro com o intuito de conseguir uma lista de nomes de agentes secretos do mundo todo, que põe em risco toda a comunidade mundial de inteligência, além de desmascarar um agente duplo (possivelmente triplo) que vem trabalhando na região. Para tanto, ela vai contar com a ajuda do encarregado de Berlim do MI-6, o putanheiro David Percival (James McAvoy).

A direção segura do ex-dublê David Leitch é extremamente auxiliada pelo roteiro bem amarrada, por uma direção de arte impecavelmente bela (figurinos, ambientação anos 80 pós-punk de Berlim e cenários fantásticos), uma trilha sonora animal e uma cinematografia sob medida para toda a ação brutal que ocorre no filme todo. Destaque para uma cena em plano sequência de uns 15 minutos em que Lorraine tenta fugir de Berlim mais para o final do filme. Um puta filme de ação e que merece sua atenção.

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