Crítica: Baki – O Campeão (Baki) – 3a Parte

Esta é a crítica da 3a parte do anime. A crítica da 1a pode ser lida aqui e a da 2a aqui.


Sabe quando você pede aquela pizza barata, mal feita, que é óleo puro, cheia de ingredientes de 3a categoria, lotada de tudo de pior para o seu organismo, mas que cumpre a função perfeitamente para aquele momento singular que você está vivendo, que, no caso, seria comer um podrão sem limites até não aguentar mais? Baki é essa pizza dos animes. Tem tudo de errado nele, mas, ainda assim, ele funciona de forma específica: te fazer esquecer da entropia do mundo e te “maravilhar” com as maiores loucuras marciais que o ser humano já criou.

Vamos lá. Já que essa é a parte 3, suponho eu, então, se você está aqui, é porque assistiu as outras duas partes (cujas resenhas estão com o link no começo do artigo) e já sentiu o gosto do que te aguarda. Essencialmente, nada mudou no modo de preparo, mas os ingredientes deram uma melhorada. Continuamos exatamente no ponto onde paramos, com o recrutamento para o torneio Raikai na China. Excepcionalmente para esse torneio, além dos kaiohs – na sua maioria chineses que representam um local/estilo de luta sagrado na China – estrangeiros também são convidados a participar. É aqui que o pai de Baki, o homem mais forte do mundo, o próprio Baki em estágio terminal do envenenamento sofrido na 2a temporada, e alguns personagens japoneses e americanos mais marcantes das outras duas temporadas se juntam, somando 16 lutadores, para iniciar a porradaria.

Se há algo pelo qual Baki se destaca, é o exagero. Contudo, desta vez ele cai alguns níveis e chega ao ponto apenas do inacreditável. Não tem mais gente levando tiro e saindo ileso ou granada explodindo na boca de gente que não morre, mas continuamos com seres humanos de 3m e pesando 300kg, com proporções corporais impossíveis, pessoas levando socos que as fazem voar e quebrar paredes com o impacto e, inclusive, temos o homem mais velho do mundo lutando, com mais de 140 anos. Aliás, o mais impressionante aqui é que o filho de 20 anos dele também luta… que porra de libido é essa? Mas, tirando esse centenário e os personagens mais antigos chineses, todos os outros são rasos e esquecíveis, sem qualquer aprofundamento ou até mesmo falas. Inclusive, cagando regra aqui, esse é um dos principais fatores que separa “Kengan Ashura de Baki, a total falta de desenvolvimento dos personagens. O próprio Baki, que dá nome à série, praticamente não luta nas 3 temporadas.

Mas há aqui algumas melhoras. A mais evidente é na animação que não utiliza mais aquele 3D horroroso que machucava os olhos de tão destoante que era em comparação a já ruim animação tradicional. E, obviamente, dadas as circunstâncias sociais da nossa realidade pandêmica, não há dublagem, não que isso seja um deal breaker, mas afasta os menos versados na arte de apreciar animes, embora a dublagem japonesa seja muito boa. O outro ponto interessante é a retórica sobre a função de uma arte marcial, que talvez venha a diferir daquela mais difundida e que eu, reles leigo na arte de detonar corpos com os punhos, acreditava.

Não há basicamente história, além do torneio, por 2/3 do anime, que dá um enfoque especial nas artes marciais chinesas em seus 4 mil anos de história de chutação de bundas. Até que começa o terço final e você mal acredita no que tá vendo. Há uma reciclagem de personagens de forma tão desnecessária que chega a ser pior do que o “Dragon Ball” com o Freeza, com uma série de “updates” corporais tão inacreditáveis quanto uma granada explodindo na boca de alguém sem resultar em óbito (eu realmente fiquei marcado por isso).

E aqui chegamos. Depois do fim dessa temporada você fica igual quando detona toda aquela pizza merda do seu sábado a noite: largado no sofá, arrependido, com vergonha, mas satisfeito.

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