Garimpo Netflix #77: Amor

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Erra todo aquele que quiser evitar o presente Garimpo pela título: “Amor”. Não se tratam de indicações de comédia romântica ou de filmes fofinhos e clichês, que andam de mãos dadas e parecem eternos remakes sem nada a acrescentar ao espectador. Erra todo aquele que acha que assistirá por aqui obras melosas e que agradariam tão somente os apaixonados de carteirinha.

O que temos para hoje no atrasado Garimpo Netflix Amor são três obras americanas que tratam sobre o amor de formas diferentes, apesar de todas terem um pouco de drama, comédia e muito sobre reflexão. Uma fala do amor inesperado entre adultos; a outra sobre o amor que modifica ao longo dos anos de um relacionamento de ex-adolescentes que se tornam adultos; e a terceira acerca da descoberta do amor na juventude.

Boas realizações que vão além de um mero rótulo de gênero e que merecem um olhar um tanto mais sensível de seus espectadores.


A Mala e os Errantes (Tramps), de 2016, dirigido por Adam Leon

Garimpado pela minha amada mulher Leilane, A Mala e os Errantes é um filme despretensioso, mas com muito a oferecer. Tendo como maestro da narrativa o excelente e para lá de carismático Callum Turner encarnando o polonês Danny (fiquei fã do garoto), a realização já ganha em muito.

Devido a um contratempo de seu irmão, metido em atividades pouco convencionais, o tímido Danny tem que participar de um desses trabalhos, a pedido do familiar: ele só precisa trocar uma mala específica, em uma estação de trem, e voltar ao carro dirigido por Ellie (pela boa Grace Van Patten), quem conhecera no dia e que os levará ao destino combinado. Sem qualquer experiência no ofício, Danny vai à “labuta” da forma mais atrapalhada possível. Eis que o garotão pega a mala errada: o resultado é que ele e Ellie passarão o dia procurando desesperadamente o novo endereço do objeto. Durante essa jornada louca, sentimentos vão sendo aflorados e uma inesperada relação entre os dois vai sendo construída.

Um filme firme, caloroso e que toca com suas reflexões a partir de dois personagens que nos afagam em suas expressões, falas e olhares.

6 Anos (6 Years), de 2015, dirigido por Hannah Fidell

Mel e Dan (Taissa Farmiga e Ben Rosenfield) são um casal que namora há 6 anos, isto é, desde adolescentes. No entanto, agora enfrentam a transição para o mundo adulto, tendo que se formar e encontrar trabalho, de forma que possam consolidar uma visão de futuro tão imaginada por ambos durante esses longos anos de relacionamento. Mas tudo muda quando o lado profissional de Dan começa a falar mais alto e o encaminhar para longe dela. Além disso, seus desejos carnais mais pessoais gritam à medida em que ele percebe que sua única experiência amorosa até aqui fora Mel. Por outro lado, os sentimentos da menina permanecem firmes, muito embora sugiram um quê de egoísmo diante dos dilemas do companheiro.

Extremamente envolvente e com uma tendência minimalista em sua realização, 6 Anos não precisa de uma eloquência enorme para tratar dos dramas, conflitos e sentimentos mais comuns a cada um de nós.

Oh, Ramona!, de 2019, dirigido por Cristina Jacob

O mais comédia entre os aqui listados, Oh, Ramona! é um filme que tocará muito os adolescentes mais tímidos e até mesmo aqueles adultos ainda tímidos ou que foram adolescentes desse tipo. O bloqueio de se chegar na mulher que gosta, idealizar um romance que jamais poderá se tornar real (devido à diferença na composição da personalidade dos envolvidos) e a mudança de atitude para a conquista de seus objetivos são os temais centrais dessa obra, no tocante ao amor.

O nerdaço Andrei (em grande atuação de Bogdan Iancu) é um adolescente completamente travado e apaixonado pela super popular, sexy e decidida Ramona (muito bem por Aggy K. Adams). Apesar de tudo poder ser contra um romance entre eles, ela opta por dar uma noite ao rapaz, que recusa, porque para ele é necessário que exista amor na relação tão idealizada para os dois. Portanto, sem grande futuro, nosso amigo falha ainda que seja por um dia. Porém, se apaixona, em uma viagem, por Anemona (em belíssimo trabalho de Holly Horne), esquecendo-se de Ramona (…ou não).

No meio desse triângulo amoroso, Andrei vai se transformando em uma pessoa que nunca fora: interessante, decidida e forte. Mas mantendo dentro de si as fraquezas de jovem, sendo abalado constantemente em seus sentimentos que permanecem desde a juventude.

Um obra leve, engraçada e que apresenta, em uma narrativa super inteligente e divertida, os sabores e dissabores dos relacionamentos e as evolução dos sentimentos, à medida em que vamos mudando (…ou não) com o tempo.

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