Crítica: Origens Secretas (Orígenes Secretos)

Caso alguém virasse pra você e fale “dracarys” e saísse desfilando com cara de esnobe, como você reagiria? Só existem duas respostas possíveis aqui. Ou você mandaria a pessoa se fuder ou você ficaria olhando sem entender porra nenhuma. Caso a sua resposta tenha sido essa última, pode parar de ler aqui e nem se dê ao trabalho de assistir ao longa espanhol estreante na Netflix. Caso a sua resposta tenha sido a primeira opção, só me resta dizer: “valar morghulis“.

Origens Secretas inspira-se na obra homônima que conta as origens dos super-heróis clássicos da época de ouro e prata dos quadrinhos, pegando um gancho que insere nossos protagonistas no encalço de um serial killer que se inspira nessas HQs clássicas. Começa aqui uma relação que carregará a maior parte da obra nas costas, a do nosso clássico detetive sério e seu consultor especializado em cultura geek (leia-se um gordinho nerd dono de loja de HQs mais caricato possível).

Levando à mesa a ascensão ao mainstream do conhecimento geek/nerd e os seus arautos, vemos pessoas relegadas ao isolamento durante sua adolescência durante os anos 90 ocupando cargos de relevância dentro da sociedade atual. Caso você não seja um completo alienado – e como você chegou até aqui, acredito que você não seja – os últimos 20 anos a cultura pop audiovisual foi total e completamente dominada pela cultura do super-herói, com algumas poucas obras abordando como a vida sofrida dos nerds dos anos 90 possibilitou que nos tornássemos populares (incluindo 2/3 dos escritores do site).

E embora Origens Secretas tente chafurdar na temática, ele o faz recheado de estereótipos. O roteiro é o mais formulaico possível, as atuações são muito caricatas, as reviravoltas previsíveis e, talvez o pior, ele é muito inacessível. São piadas e trocadilhos que jogam com obras que, mesmo agregando uma população mais leiga no assunto, precisa de fato mergulhar para conseguir extrair alguma graça.

Contudo, é possível sair dessa experiência de 1h30 satisfeito e sem a sensação de tempo perdido. Há ali uma retórica interessante, embora mal explorada. Dito isso, só posso dizer uma coisa: “valar dohaeris”.

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