Crítica: Power (Project Power)
Com saudade daquele filme de super-herói blockbuster cheio de explosões, personagens caricatos e roteiro previsível? Sim? Então você está com sorte, caro amigo MetaFictioner. Estreando hoje na Netflix temos Power, longa que atende a todos os requisitos de um verdadeiro guilty pleasure para esquecer desse mundo entrando num estado de entropia social.
A premissa aqui é bem simples. Acompanhamos a distribuição de uma droga que torna qualquer pessoa basicamente num mutante com algum poder. Essa é a melhor explicação que posso dar sem spoilar o filme. Há quem vire o Tocha Humana, a Frozen, o Homem Invisível e por aí vai. Contudo, essa droga te deixa “buffado” por apenas 5 minutos e podem ocorrer sérios efeitos colaterais do seu uso, resultando até na morte. Claro que ninguém pensa em fazer algo altruísta com isso e começa a ocorrer uma série de crimes na cidade praticados por superhumanos. Eis que um policial usuário dessa droga – o que não é permitido – começa a investigar a origem dessa mercadoria para dar um fim ao mal que assola Nova Orleans. Embarcando nessa jornada temos um “aviãozinho” da droga, que a distribui pelo submundo sem qualquer preparo, e, na contra-mão da falta de habilidades, temos um ex-militar em busca de algo muito pessoal.
Como dito lá no início, Power é um típico blockbuster que eu teria pago para ver nos cinemas com total consciência do que esperar. É um filme visualmente lindo e impressionante pelo realismo dentro de sua proposta. Eu até diria que ele não é lá para todas as audiências dada a violência gráfica mostrada com muita criatividade e refino, sendo que apreciadores de “Deadpool“, “Logan” e “Dredd” ficarão mais à vontade. Em especial, parece que Power bebeu um tanto artisticamente do último filme supracitado. Há momentos de slowmotion e coloridos que lembram muito o uso da droga da obra em questão, embora não seja um longa tão bom quanto.
A trama se desenvolve da forma mais formulaica possível dentro do gênero e você pode adivinhar cada etapa se já tiver alguns filminhos do tipo nas costas. Um dos trunfos da obra foi conseguir prender a minha curiosidade quanto à variedade e efeitos dos poderes que surgiam quando cada pessoa diferente ingeria a droga. Fiquei me perguntando – caso tivesse uma capsula de power – qual seria o poder que eu desenvolveria por 5 minutinhos e o quanto eu estaria disposto a pagar para reviver essa sensação. E eis que entram aqui os diversos comentários sociais altamente pertinentes para o mundo de hoje. Alguns são tratados diretamente, como o poder viciante e os efeitos catastróficos de certas substâncias ilegais causam ao corpo, mente e sociedade, e outros temas são apenas resvalados, como a falta de ética de empresas farmacêuticas. Independente da profundidade do discurso, todos se conectam e se validam na forma como o sistema tira proveito e tritura pessoas pobres, pretas e mulheres.
E, vem cá… não sabia que eu sentia tanta falta de ver Jamie Foxx atuando. Ele conduz o longa junto com outra estrelinha, nosso querido Joseph Gordon-Levitt, com atuações competentes sob a tutela da firma direção de dupla Henry Joost e Ariel Schulman, que você talvez conheça pelo filme “Nerve”. A título de curiosidade, nosso compatriota Rodrigo Santoro também dá as caras de forma discreta, mas tão competente quanto o resto do elenco. No mais, Power cumpre seu papel de entreter sem desafiar nosso intelecto e que bom que seja assim.
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