Crítica: Decisão (La Partita)

Iron Maiden, Cinema, Itália e Futebol. Estas seriam as coisas sobre as quais eu mais falo, mais gosto e que se tornam uma referência para mim a todo momento. Especialmente, colocando alguns dentro de outros, como por exemplo: a Nazionale (seleção italiana de futebol) ou a Roma (meu time), assim teríamos uma associação direta de Itália e futebol. Acontece que o novo lançamento da Netflix, Decisão, é um filme (Cinema), italiano (Italia) cujo fio condutor é o futebol. Nesse caso aqui, só faltou o Iron Maiden. Mas aí, amigo, a obra não seria assinada por Francesco Carnesecchi, mas por mim.

Sporting Roma é um time da periferia da Capital (do Universo, devemos dizer) que nunca ganhou nada em suas três décadas de existência. Com uma torcida apaixonada de meia-dúzia de gato pingado, todos familiares dos jogadores, o clube é uma possível forma de os meninos se tornarem, algum dia, profissionais. O jogo decisivo do dia, portanto, pode ser um divisor de águas para eles. Antonio (Gabriele Fiore) é o capitão e promessa desse time que jamais venceu coisa alguma. No entanto, muitos problemas separarão o sonhador rapaz do seu caneco.

É necessário vencer.

A narrativa nos traz três momentos diferentes, porém apresentados de forma concomitante: o antes do jogo e muito tempo depois dele, tudo isso amarrado pela própria partida em si. E é bom deixar claro que o futebol aqui não é pano de fundo, mas um dos personagens principais da obra. Já os protagonistas são muitos, bem como seus conflitos: além do principal Antonio, há sua família, o técnico e sua família, o presidente do clube e seu filho. Há muita coisa ali. E isso, talvez, tenha sido o pecado de um título que tinha muito mais a oferecer do que, de fato, deu ao espectador.

As situações de conflito dos personagens, talvez por serem em demasiado, não são aprofundadas, bem como suas personalidades. Ou seja, tudo o que sabemos sobre cada qual é muito momentâneo, não nos dando grande material para relações imediatas de empatia (a não ser pelo principal, Antonio, até mesmo pela sua busca sacrificante pelo título da várzea). Resulta que o desenvolvimento das cenas que dizem respeito isoladamente sobre seus protagonistas mais se parecem com esquetes do que com um minucioso trabalho de construção de suas personas. E o que sobra disso? Muito pouco. Ou, na verdade, só o futebol.

Atravessar os limites.

Havia uma história elaborada e muito bem demarcada ali: um pai que pede ao filho, Antonio, para não jogar bem (mesmo ele sendo o talento do time), pois o pai havia apostado na derrota. Um dono do clube que está na mão de agiotas e traficantes de droga. Um técnico que nunca ganhou nada e que é pressionado pelo proprietário para vencer, caso contrário o clube será passado para outros. E, diante disso tudo, o sonho de ser um jogador de futebol, por parte de um garoto, que é obrigado a lidar com todo esse caos.

A conclusão do filme é realmente muito bonita, pois fala diretamente aos desejos de menino do garoto Antonio. No entanto, as muitas situações, conflitos demais e pouco desenvolvimento de cada um faz a magia do Cinema, junto à mágica do futebol, não aparecer tão maravilhosamente quanto deveria. Fosse focado nos conflitos do rapaz, talvez tivéssemos aqui uma obra realmente impactante. Mas ainda que tenha as suas falhas, é impossível que Itália, futebol e Cinema não causem paixão a qualquer ser humano que seja.

Seria tudo isso tão fútil?

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