Garimpo Amazon Prime Video #9

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


O Garimpo de hoje vai à Amazon Prime outra vez para buscar três bons títulos de menor expressão.

Todos em língua inglesa e com uma pegada um pouco mais para o suspense, mas flertando muito intimamente com o drama (em alguns casos mais específicos), dois deles tiveram uma passagem rápida pelos cinemas e o outro eu só esbarrei mesmo no streaming (não lembrando de tê-lo notado nas salas da cidade). No entanto, isso em nada impacta o quanto os filmes são bons.

Um drama sobre as fraquezas de uma adolescente que busca se tornar outra pessoa, com tons de suspense e terror; um mais voltado para o medo e susto de pai e filho durante sua rotineira, mas bizarra jornada de trabalho; e um que trata sobre os desejos mais íntimos, com uma roupagem comum aos gêneros supracitados, são os escolhidos da vez.


Não Olhe (Look Away), de 2018, dirigido por Assaf Bernstein

Maria (em belíssima atuação de India Eisley) é uma menina de aparência frágil, sem apetite, sem relações e sem amor próprio. O único contato que tem no ambiente escolar é a colega Lily (Penelope Mitchell), muito mais por ser amiga de infância do que por ter qualquer apreço pelos atuais dilemas e conflitos da jovem companheira. Os pais de Maria surgem como oposição ao que a filha representa: são por demais ligados pela estética, a ponto de impor suas prioridades à filha indefesa. Para somar a este contexto de frustração, o sempre presente bully está lá, nos longos corredores gelados de uma instituição sem cor, a zombar da chorosa menina, locupletando-se da angústia dela.

É nesse momento que ela decide se tornar outra pessoa, deixando-se levar pela sua mente que busca libertação, poder, vontade de potência. Sendo assim, ela troca de lugar com o seu oposto, isto é, seu reflexo no espelho. Eis que, portanto, a menina frágil, largada à sorte daqueles que não consideram seus desejos, tem uma nova criação a partir do seu oposto refletido: força e controle passam a ser seus ideais. Maria, agora como Airam (seu contrário), dá vazão a tudo o que sempre retraíra.

Estamos de frente para a construção e emersão de um psicopata.

Leia a crítica completa aqui.

A Autópsia (The Autopsy of Jane Doe), de 2016, dirigido por André Øvredal

Muito mais voltado para o terror, este filme traz algumas reflexões bem interessantes, conseguindo ir muito além do comum em obras desse gênero.

Tommy (Brian Cox) e o filho Austin (Emile Hirsch) trabalham juntos dissecando corpos, enquanto lidam com tranquilidade em relação a essa rotina bizarra: assim como eu vou dar aula todos os dias e você vai para o seu trabalho fazer algo que, a princípio, é comum, eles abrem pessoas sem vida para saber as causas que resultaram nisso.

No entanto, quando um corpo misterioso é levado a eles, acontecimentos sobrenaturais se tornam os atores principais daquela medonha rotina por natureza. Pai e filho terão que lutar para se manterem vivos em um ambiente no qual há ausência de vida em todos os lugares para onde se olha.

Muito mais interessante do que uma simples sinopse pode sugerir, esta obra consegue assustar, amedrontar e promover algo muito além de um mero entretenimento bizarro.

Leia a crítica completa aqui.

– A Sala (The Room), de 2019, dirigido por Christian Volckman

Imagine que você tivesse um cômodo em sua casa que te desse, inexplicavelmente, tudo aquilo que você pedisse dentro dele. Tudo é tudo mesmo!

Com este mote, A Sala (que também atende pelo nome traduzido de O Quarto dos Desejos) inicia com a velha fórmula de filmes de suspense: um casal jovem e sem dinheiro gasta tudo na compra de uma casa de preço abaixo do mercado, muito embora seu potencial sugerisse um valor muito maior. Mas aquilo que, no comum do gênero, se tornaria uma história de assombração na nova residência vira algo bem diferente e interessante.

Kate (Olga Kurylenko) e Matt (Kevin Janssens) logo descobrem que há um quarto na casa que atende a qualquer desejo feito ali dentro. E, assim, o jovial casal vai sendo tragado, dia após dia, pelos seus desejos cada vez mais exóticos e obscuros, mas nada vem sem consequências.

Com toques de drama e uma roupagem de suspense, o filme consegue andar por muitos caminhos tratando sobre o que de mais simples, mas mais urgente, qualquer ser vivo tem: os desejos.

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