Crítica: Sem Conexão (W lesie dzis nie zasnie nikt)
A Netflix costuma diversificar muito suas produções, apostando fortemente em uma gama ampla de países em todos os gêneros e formatos possíveis. Contudo, se existe um filão dos bons a ser explorado e que costumeiramente dá um bom retorno, é o do terror. Eis que nossa plataforma de streaming favorita nos brinda com Sem Conexão, longa polonês de horror teen que estreou no meio da semana sem muito alarde. Será que o filme promete ser um pérola como o belo e violento “O Diabo de Cada Dia“?
E a resposta é um inequívoco e sonoro “NÃO”! Começando por um cenário batido. Estamos em um acampamento na floresta de desintoxicação de tecnologia/mídias sociais, com os adolescentes tendo que entregar seus smartphones e tablets aos monitores, que também são responsáveis por levá-los em pequenos grupos de 5 ou 6 para ter experiências reais de contato humano e sobrevivência no meio selvagem. Obviamente que a região não é das mais amistosas, com um ser cachorro-louco que foge do cativeiro e fica solto no mato, fazendo vítimas das formas menos inventivas possíveis. E com apenas 5 minutos de filme já podemos saber o que esperar de todo seu percurso. Sabe aquela montanha-russa que você já andou 50x? As coisas que te fazem ficar assustado estão ali, mas você já sabe como e quando elas acontecerão, tirando todo o tesão do passeio. Isso talvez fosse mitigado se a obra fosse bem executada, mas não é o caso aqui.
E um dos grandes culpados para ausência de personalidade da obra é a ausência de definição do seu tom. Desde o início eu fiquei em dúvida se o filme era um terror tentando se levar a sério ou se era uma galhofa proposital. Alguns diálogos, atuações e situações eram tão esdrúxulas que desafiaram o bom senso e as leis da física, enquanto em outros momentos havia ali uma boa condução que criava certa tensão. A cada minuto eu girava uma chave na cabeça para um modo de encarar o filme, me afastando da imersão necessária. Isso sem contar o foco do acampamento e questões relacionadas ao vício em tecnologia que ficaram essencialmente ausentes, servindo apenas para os adolescentes não terem como chamar as autoridades competentes. E, vem cá, terror e luz do Sol não é algo fácil de combinar e 80% da película se passa de dia, tirando ainda mais qualquer possibilidade de me fazer entrar no clima.
Sem Conexão é caricato? Sim. Mega formulaico? Também. É basicamente adolescente fazendo merda, com peitinhos de fora, cenas de sexo, baldes de sangue, mortes exageradas, seres nojentos e horripilantes e com plot twist meia boca tirado da bunda? Certamente. Até temos uma resvalada de uma tentativa de tapa na cara no extremo nacionalismo e movimentos neonazistas que têm muita força na Polônia e leste europeu nos dias de hoje, mas que fica na superficialidade mesmo. Bem… pelo menos posso falar que vi meu filme polonês desse ano.
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